segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Os Cavaleiros do Apocalipse


A vida desfila vertiginosamente através dos acontecimentos que balizam o dia a dia, num mundo que segue uma trajectória preocupante.

E como o mundo se torna cada vez mais exíguo graças às tecnologias da comunicação e aos meios de transporte subsónicos, verifica-se instantaneamente que lá, como cá, as coisas evoluem da mesma maneira, nem melhor nem pior ! O mundo transformou-se numa aldeia planetária !

Os profetas demoníacos começaram a apregoar, que uma guerrazinha poderia salvar o mundo do caos económico que alastra por toda a parte. Não analisam as causas nem as soluções para este caos, e preferem considerar,  já , que não tem concerto! São os profetas do infortúnio! São os Cavaleiros do Apocalipse.

A angustia e a esperança, as cicatrizes e os beijos, o exílio e o reino, o passado e o presente, o antigo e o novo mundo, eles ignoram-nos..

Saborear cada momento do presente como se fosse o melhor e o único, sem o comparar, sem o medir, eles não sabem fazer. 

Embora as causas da situação que vivemos sejam bem conhecidas, eles não querem adoptar as soluções que se impõem. E tudo isso por causa duma doutrina !

A doutrina na qual eles se inspiram, herdada dos séculos XVIII e XIX  era baseada no individualismo e no utilitarismo. Afim de combater os aristocratas do antigo regime e a moral rígida da Igreja, os Liberais lutaram primeiro, indistintamente, para melhorar a sociedade e estender as liberdades e a democracia política.
Nessa época, esta conotação “liberal” até era bem vista nos Estados Unidos, onde os Negros e os Trabalhadores eram privados de muitas liberdades.

Na década de 1970-80,  eles viraram neo-liberais. O programa que impuseram ao mundo , em nome da  luta contra a inflação, contra os défices públicos, contra a função publica, contra as subvenções do Estado, contra os direitos alfandegários, etc., e , duma maneira geral,  a lei do Mercado e a Finança,  prioritárias sobre a produção, puseram o mundo ao avesso.

Mais uma aceleração de Reagan e Thatcher na década de 80, e o resultado foi o Ultra Liberalismo ! Isto é,  a solução do Capital contra o Trabalho, o Indivíduo sobre o Colectivo .

Os Direitos do Homem , que tinham uma significação no após guerra de 1945, de sinónimos de Direito ao Alojamento, à Educação, à Saúde, à Segurança, à Paz , à Justiça Social, esvaziam-se pouco a pouco de toda a essência.

E isto porque, nos anos 80, todos os cintos de segurança que impediam o capitalismo de descarrilar, foram desmantelados!

Maastricht , o dogma da economia de mercado , auto-regulàvel e auto –controlável, ( grande magia falaciosa ! ) , a não intervenção do Estado, a livre concorrência, transformaram tudo e todos em mercadorias! Mesmo a Saúde e a Educação !

A cavalgada final foi na década de 90. A civilização do após guerra foi destruída : privatizações, desemprego, deslocações de empresas, com o descalabro social que isso significa,  substituíram o papel desempenhado até então pelo Estado, que era a locomotiva da economia, que abria ou fechava a torneira do crédito, controlava o valor da moeda, os preços e os salários.

Hoje, não somente assistimos à carga avassaladora do ultra-liberalismo conquistador, mas descobrimos que a social democracia se revela incapaz de opor uma resistência qualquer ao processo de globalização económica e aos seus efeitos perversos.

Quando o Estado for realmente incapaz de corrigir todos os desequilíbrios criados , podemos recear que um dia ou outro se acendam violências das quais ninguém é capaz de prever a amplitude.

O mundo assiste à queda inexorável  do berço natal da Democracia. Quem será o próximo ?

Sem dúvida, o futuro, antes, era melhor que hoje.


J. de Freitas Pereira

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