domingo, 27 de setembro de 2015

Carregar (n)a cruz


Ainda (voluntaria e profissionalmente) comedido, importuno o leitor com um pedido datado: a 4 de Outubro, vote!

Creio que poucas vezes a escolha de um caminho (creio que ainda falta a proposta de uma um destino, na política portuguesa) foi tão crucial, mormente a partir dos anos 80.

De facto, com a democracia e outras bases do Portugal contemporâneo consolidadas - designadamente, o “cartão de sócio” da União Europeia (cada dia mais um clube de negócios, e menos uma “casa” de debate) – não é comum poder decidir entre duas propostas eleitorais tão claramente distintas. Note-se, ademais, que falo em duas opções porque, em virtude do que já vai escrito e salvo o devido respeito, também em rara ocasiões valeu tão pouco a pena queimar cartuchos com os festivais de Outono da nossa política (Joanas, Marinhos e companhia), ou sequer com as orquestras do “vira o disco e toca o mesmo” (o nosso respeitável PCP e o seu atrelado esverdeado).

Assim, de um lado, a coligação de PSD e CDS-PP que propõe a manutenção de políticas disciplinadoras e causadoras de alguma contracção no modus vivendi colectivo, com ligeiro perfume a lembrar calvinismo, recuando o Estado e ganhando protagonismo o aspecto individual. Do outro lado, contudo, os resultados positivos e certificados: aumento das exportações, crescimento do PIB, diminuição do desemprego, saída de um programa de assistência draconiano (e em certos aspectos ridículo e acintoso, como a questão dos feriados). Importa perceber a partir de que ponto o aumento de riqueza pode reverter para os cidadãos e para quantos cidadãos, tido por adquirido que se assegurará um patamar mínimo de dignidade social abaixo do qual ninguém deve cair.

Do outro lado um PS, aparentemente sem poder coligativo (a avaliar pela mise-en-scène da extrema-esquerda; a do costume…) que propõe um caminho quase sem pedras, mas, alegadamente, com uma via que não ruirá: recuperação mais veloz de alguns dos privilégios perdidos, manutenção do lado assistencial da República sem cortes e com sustentabilidade, um sector público muito presente e com papel dinâmico. Se as ideias parecem agradáveis, o senão da bela surge com o panorama globalizado do mundo actual que parece contrariar as soluções mais garantísticas.
Seria importante ver ainda os pergaminhos de uns e de outros, mas eis precisamente o terreno minado que a diplomacia desaconselha…

A minha escolha não será para muitos a quarta parte do Segredo de Fátima; contudo, não deixo de repetir uma ideia que ouso converter em apelo: vote. São alguns momentos que vão decidir o modo como vai viver vários anos da sua vida.

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