sábado, 20 de abril de 2013

OS VALORES


Isto vem a propósito dos "valores" , tema muito vasto, do "post" precedente do Sr.Gonçalo Capitao.

A Repúblicas exemplares que nos prometem os candidatos à presidência cada vez que há eleições nos diversos países europeus, deixam a desejar ao fim de alguns meses de governação.
Os escândalos financeiros e" les affaires" de corrupção que metem em causa membros dos governos respectivos em várias nações tendem a perpetuar-se, juntando-se assim aos empresários e banqueiros  apanhados em flagrante delito de fraude e evasão de capitais.

E num momento em que se exige da população sacrifícios cada vez mais pesados, cada vez mais insuportáveis, no momento em que os desempregados e os precários se contam em milhões, os representantes da burguesia, eles, permitem-se esconder os seus "tesouros" mal adquiridos , nos paraísos fiscais, servindo-se abundantemente nas caixas do Estado e gozam de inumeráveis privilégios.

Os vários exemplos recentes em França e noutros países, não são mais que alguns exemplos que não devem esconder o caracter recorrente e estrutural da corrupção que reina um pouco por todo o lado.
Porque os escândalos financeiros, corrupção, privilégios, e outras "negociatas", são intimamente ligados ao funcionamento mesmo do sistema capitalista que os produz e reproduz de maneira permanente.

O governo moderno não é mais que um comitê  que gera os negócios comuns da classe burguesa inteira.

O Estado, não está ao serviço de todos, mas serve somente os interesses privados de alguns .A polícia, a justiça, os deputados, os ministros etc. não são os representantes de toda a sociedade. O presidente não é o presidente de todos os cidadãos. O presidente gera o Estado contra o interesse geral em proveito do interesse particular, o da classe dominante. E serve os interesses da burguesia, pois que ele se afasta das classes populares.

A corrupção, ela também, substitui o interesse público pelo interesse privado. Ela afasta as fronteiras entre os dinheiros públicos e as rendas privadas. Os homens e as mulheres políticas sem escrúpulos podem assim servir-se, com um sentimento de impunidade, nas caixas do Estado como se tratasse do seu próprio patrimônio. Certos altos salários administrativos e pensões adquiridas quinze e vinte anos mais cedo que um trabalhador, e o nível indecente destas pensões, prova-o.  

A corrupção nega e despreza o princípio de transparência e permite a uma única e mesma classe social, através do Estado, de aceder de uma maneira oculta e ilegal aos recursos públicos.

Encontramo-nos assim perante uma república corrompida e uma democracia inteiramente abandonada ao capital e aos parasitas especuladores sem fé nem lei. Estamos longe da república irrepreensível prometida pelos candidatos à presidência.

Não se trata aqui duma questão de moral, mas o produto dum sistema econômico no qual os interesses das classes constituem o seu fundamento material. A moral não tem existência própria. Ela depende das condições materiais que a produzem. Ela é a emanação das atividades econômicas, dos comportamentos materiais dos homens.

O grande desafio da social democracia será de provar que é capaz de moralizar a vida publica, de lutar contra as derivas do dinheiro, a cupidez e a finança oculta, de lutar pela transparência da vida publica, contra a grande delinqüência econômica e financeira.

A classe trabalhadora, que não pede nada mais que trabalhar para sobreviver, descobre que aqueles que lhe impõem sempre mais sacrifícios usufruem de regalias sem conta. O que é escandaloso.

Mas o verdadeiro escândalo atual é sem duvida nenhuma o capitalismo financeiro selvagem que perverte as nações.

Freitas Pereira

Sem comentários: