domingo, 2 de maio de 2010

Polémica à antiga portuguesa (sem comentários)

"Que imensa tristeza nos provoca a leitura das Quase Memórias do Dr. António de Almeida Santos (Volumes I-II, Lisboa, 2006), onde se critica a II República por não ter aceite o processo das independências coloniais. Um advogado de superior craveira põe-se a historiar o passado sem atributos para o fazer, e o resultado fica bem à vista. São lugares-comuns e juízos sem prova, até com o desplante de rebaixar um mestre da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, ousando revelar conversas privadas e o «diz-se» de versões deturpadas. Como é fraco o talento histórico de um abalizado causídico que, em vez de se quedar para sempre em Moçambique, onde lhe estaria reservada a presidência da nova República, voltou à metrópole com os proventos amealhados numa conspiração consentida. E que hoje recolhe as frustrações de quem não soube fazer uma carreira política nesta metrópole onde praticamente ninguém deu pelo seu regresso."


Serrão, Joaquim Veríssimo, in "História de Portugal ", vol. XVIII ["A Governação de Salazar: Grandeza e Declínio (1960 - 1968)"], pág. 9, Lisboa, Babel (Verbo), 2010. Itálicos no original.

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