O processo eleitoral que (ainda) decorre no Zimbabwe assumiu, a partir daqui, contornos preocupantes. Em Dezembro, os holofotes da Cimeira UE/África, cuja vinda de Robert Mugabe foi vagamente turística, mal focaram o desrespeito gritante pelos direitos humanos que se vive naquele país.
A situação que tem marcado estas eleições – de manifesta falta de transparência e de opressão militar antes de uma possível segunda volta das eleições – faz repensar, depois de supostamente reforçadas as relações entre os países, o conteúdo daquele que foi um evento marcante da presidência europeia de José Sócrates. Além das ligeiras considerações tecidas por Durão Barroso, que sublinhou a vontade popular na mudança, o que constatamos é a indiferença e a apatia que a UE assinala perante este momento que, se espera, de transição.
Não é esta falta de coragem na recondução democrática de um país como o Zimbabwe que identificamos com a Europa no exercício do seu soft power, enquanto potência humanitária e, sobretudo, estrutura de influência moral que é ou deverá ser. Penso, porém, que casos como este não colocam em causa a manutenção de relações com África, apesar das teses canhotas de uma Europa saudosa do colonialismo em tempos de Globalização. São inegáveis as oportunidades que aquele continente representa e a Europa deverá potenciá-las sem esquecer o que celebrou, por exemplo, aquando do Acordo de Cottonou. Espero, por isso, que a UE se continue a bater pelo desenvolvimento dos países do sul, não descartando responsabilidades para com um continente parceiro.
A situação que tem marcado estas eleições – de manifesta falta de transparência e de opressão militar antes de uma possível segunda volta das eleições – faz repensar, depois de supostamente reforçadas as relações entre os países, o conteúdo daquele que foi um evento marcante da presidência europeia de José Sócrates. Além das ligeiras considerações tecidas por Durão Barroso, que sublinhou a vontade popular na mudança, o que constatamos é a indiferença e a apatia que a UE assinala perante este momento que, se espera, de transição.
Não é esta falta de coragem na recondução democrática de um país como o Zimbabwe que identificamos com a Europa no exercício do seu soft power, enquanto potência humanitária e, sobretudo, estrutura de influência moral que é ou deverá ser. Penso, porém, que casos como este não colocam em causa a manutenção de relações com África, apesar das teses canhotas de uma Europa saudosa do colonialismo em tempos de Globalização. São inegáveis as oportunidades que aquele continente representa e a Europa deverá potenciá-las sem esquecer o que celebrou, por exemplo, aquando do Acordo de Cottonou. Espero, por isso, que a UE se continue a bater pelo desenvolvimento dos países do sul, não descartando responsabilidades para com um continente parceiro.
3 comentários:
Antes de mais, espero que te sintas em casa, no Lodo!
Quanto ao tema, que também tem entretido a Dulce, é relevante para aferirmos o que a UE e os EUA (já se percebeu que a China está em fase de OPA e a Rússia tem mais com que se entreter) querem fazer da sua relação com África, a mais de discursos e de atirarem para lá uns tostões que, ainda por cima e regra geral, são comidos pelos tiranetes locais e seus esbirros.
Há esperança para o "Continente Negro"?! Creio que sim... Vejam-se, por exemplo, Cabo Verde, a Libéria e o Gana,
Porém, acho que continuamos a fingir que pode ignorar-se um continente e blindar o mesmo até que se consuma em guerras e epidemias...
Diogo,
excelente estreia, a alertar (e bem!) para o desprezo do Ocidente por África e o facto das parcerias de importação de estratégias ( políticas, económicas e tecnológicas, etc...) ocidentais para o continente africano se ter ficado pelos papéis.
É tempo de perguntar onde pára a responsabilidade daqueles parceiros europeus nos processos de democratização...?!
Quanto ao comum cidadão, do nosso cantinho ocidental, fingimos muitas vezes não vislumbrar o que por lá se passa. Fechamos os olhos, ignoramos as notícias que passam mais ou menos entre o desporto e o tempo e vamo-nos mantendo assim, alheios ao que directamente não nos ‘toca’.
Também a mim me repugna a cobardia dos líderes europeus, com a devida excepção de Gordon Brown (que corajosamente se demarcou da Cimeira) e de algumas vozes oriundas da Holanda e Suécia.
Àquela data também foquei e contestei o facto de não haver quem, na sessão plenária daquela cimeira, tenha tido coragem de confrontar Mugabe com a sua tirana governação. ( vidé lodonocais.blogspot.com/2007/12/andamos-brincar.html )
Há dias Durão Barroso mandou o tal (ainda que tu o consideres aligeirado) recado a Mugabe "Uma coisa deve ser muito clara para Mugabe: o povo quer a mudança e a democracia".
Mas o tirano insiste em fazer orelhas moucas, pois claro...
Gonçalo,
e o Botswana? É talvez o país africano que melhor soube gerir o processo democrático, sendo hoje uma das mais estáveis democracias daquele continente...
E a África do Sul?
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