Faço-o por dois motivos axiais: por um lado, porque, genuinamente, ponderarei, até ao momento de pousar a caneta no boletim de voto, se votarei num dos “Luíses” (só um deles é hipótese) ou em branco.
Por outro lado, porque tenho dificuldade em distinguir entre a escuridão que faz à meia-noite e aquela que se sente às três da manhã…
A meu ver, como tenho dito, não saem isentos de culpas os chamados “barões”, que indicando implicitamente que fazem uma escolha do tipo “do mal, o Mendes”, não se fizerem ao caminho para encontrar uma solução entusiasmante, sussurrando a desculpa táctica de que o não faziam para evitar dividir o eleitorado de Marques Mendes, assim matando esperanças acrescidas a Menezes.
Na hora de balanço e contas, se a favor do actual premier laranja abonam o bom currículo parlamentar e governativo e, apesar da relutância, o apoio do friso de notáveis do partido, sobre ele paira a sombra da continuidade de uma oposição cinzenta e triste, bem como a grilheta da nebulosa a que comummente se chama “aparelho”.
Já Luís Filipe Menezes podemos abonar com o soberbo trabalho na Câmara de Gaia e com um estilo mais “colorido”. Mas é também este último que podemos arrolar como incógnita, dado que o PSD ainda sofre com o “excesso de cor” do estilo de Santana Lopes. Em segundo lugar, causa apreensão, para quem conheça, parte da comitiva que, entre outros, inclui alguns dos estrategas do naufrágio de 2005 e respectiva metodologia.
Juntemos a isto as lamentáveis novelas em torno do pagamento de quotas por Multibanco e vales postais e o episódio do “vota e não vota” dos militantes dos Açores e temos que o PSD, na genial frase de um amigo, está entregue “ao que sobrou do partido” (descontadas as figuras de proa que, evidentemente, têm reconhecidos méritos, quer causem mais ou menos entusiasmo).
E nem custa reconhecer que ambos os candidatos falam com propriedade do peso do Estado na economia e na sociedade, do défice, da saúde, das pequenas e médias empresas e dos grandes investimentos que, por exemplo, são o grande trunfo da governação de Gaia.
Porém, como no ilusionismo, importante é a mão que o mágico esconde… Que sociedade teremos daqui a vinte anos, se cada um deles concretizar o seu ideal social (aceitando como premissa de partida que o têm)? Que medidas têm, a mais daquelas de gestão corrente, para que Portugal cresça mais do que o resto da União Europeia e, assim, mostre que lemos as lições da Irlanda? Que ética propõe para os tempos da novas tecnologias, do consumismo exacerbado, do terrorismo, do relativismo moral e da criação de direitos de propriedade sobre seres humanos?
Sei que este é um daqueles textos que mais valia não escrever, se me norteasse pelo calculismo, já que não agrada a qualquer dos beligerantes. Porém, prometo que até amanhã (dia da votação) estarei atento. E também prometo que estarei atento às soluções que venham a desenhar-se para o PSD, mas sobretudo para Portugal…
4 comentários:
Peço desculpa pela franqueza mas isto já começa a cheirar a laranjas "podres". De facto, a novela que se vem arrastando a propósito destas eleições ganhava audiências em qualquer canal televisivo ao estilo TVI. "Luises", deixem-se de tretas e pensem seriamente no que realmente interessa para o partido e, acima de tudo, para o país (não é isso que está em causa?)É que eu amanhã até quero ir votar, mas cada vez mais me apetece votar em branco (do mal o branco)!
Vou votar daqui a pouco e não levo caneta... Se bem que há sempre uma na mesa de voto presa com um cordel.
Ricardo, como eu te percebo! Só espero que com as últimas do PPD-PSD, alguns militantes não tentem utilizar o “cordel” da caneta na mesa de voto para se enforcarem... A ver vamos!!!
eheheh...
João Pedro, também não é caso para tanto.
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