sábado, 7 de outubro de 2006

Who cares?


Cada vez mais nos deparamos com constantes apelos à consciência ambiental de cada um. Já é mais que sabido (ou deveria ser) que a protecção do ambiente está nas nossas mãos, e que todos nós devemos contribuir para um mundo melhor. Para tal não é preciso muito esforço. Basta começar com gestos simples como separar o lixo e colocá-lo em ecopontos, reutilizar os sacos das compras, poupar energia (ex: não deixar a TV em stand-by nem deixar as luzes ligadas desnecessariamente), enfim…pequenos gestos que muitas vezes só não fazemos por preguiça ou falta de atenção. De facto nem todos têm em conta estas pequenas atitudes pró-ambientais, mas creio que grande parte das pessoas reconhece a sua importância e admite que o deveria fazer, principalmente os jovens.

Qual não foi o meu espanto hoje, quando ao falar sobre o ambiente com os meus alunos de 16 anos me deparei com as mais absurdas reacções. “Eu? Reciclar? Dá muito trabalho!”; “Não há ecopontos à porta de casa, acha que vou andar com os sacos na mão até ao próximo ecoponto?”; “É «stôra», já viu o que era eu levantar-me da cama para tirar a TV do stand-by? Não faltava mais nada!” De facto fiquei estupefacta com as declarações da turma que nem depois de um empenhado discurso de sensibilização para as questões ambientais mudaram de opinião. Dizia uma aluna: “Proteger o ambiente para quê? Posso morrer amanhã, não vale a pena o trabalho.” Pergunto-me: são estes os jovens do futuro?
Apesar de existirem várias turmas como esta, decerto não representarão a maioria das turmas de adolescentes deste país. Assim espero, pois se os jovens não se preocuparem com o mundo em que vivem o que será do seu futuro?

4 comentários:

Sara Gonçalves Brito disse...

Rosa, para mim o núcleo desse problema reside no seio da família. De facto, como premiar a educação escolar se não houver uma educação familiar nesse sentido? Penso que não é de desistir, que no final sejam esses adolescentes uma excepção muito feia de se ver.

Gonçalo Capitão disse...

Stôra,

Algumas notas sobre o teu interessante e indignado texto:

1º Falava com um ex-vereador de uma das maiores câmaras municipais do País, homem dos seus sábios sessenta e tal anos, que me dizia a propósito do tema (e do filme com o Al Gore, que já comentei aqui no "lodo") que não vale a pena a maçada, pois "a Terra adapta-se".
De pouco valeu dizer que o ritmo de devastação hodierno é inédito e coisas afins...

2º Daqui passo à segunda ideia que tem a ver com o facto de os proprios políticos saberem "népia" sobre o assunto. Numa atitude já de si light, gostava, ainda assim, de saber quantos viram o tal filme com o ex-vice-presidente americano.
O facto de termos dois ou três nomes do PSD conhecidos na área do ambiente pode ser uma ilusão de conscencialização do partido; a verdade é que são quase só eles (e ainda bem que o fazem) que se dedicam a um tema que, garanto-te, é ainda um tema menor no "laranjal", à semelhança de temas estratégicos noutras vertentes, como a cultura.
Por oposição, seria delicioso que visses, no Parlamento, como as pessoas se esgadanham, por exemplo, por um lugar na comissão que tutela as obras públicas ou mesmo naquela que reúne o poder local e o ambiente, mas dedicando-se, em seguida, apenas à primeira vertente...

3º Seguindo a lição de Cícero, o remédio é não desanimarmos e não deixarmos que a apatia e a estupidez vençam.

Ricardo Jesus Cândido disse...

Cara companheira de “lodo”.

Permite-me, antes de mais, dar-te um incentivo nessa tua luta diária que é a de transmitir conhecimentos a públicos difíceis. Acredita que sei do que falo, porque também tenho actualmente essa experiência, aliada ao meu mestrado.
O problema não está só na consciência e valores cívicos que infelizmente os ambientes familiares não estão a conseguir (porque não querem, digo eu!) transmitir, mas também na falta de exigência que, cada vez mais, tem pautado a escola.
As burocracias que um professor tem de tratar para chumbar um aluno e a falta de autoridade que, diariamente lhe é retirada são disso exemplo.
A verdade é que os alunos estão cada vez menos bem preparados e menos conscientes dos seus deveres e valores cívicos.

Remato, primeiro com um cumprimento “lodista”, seguido da renovação do incentivo inicialmente dado.

Bia disse...

O ecoponto faz eco?!?!?


ECOPONTO DOMÉSTICOOOOOOOOOOOOO!!!