Depois da candidatura de Horácio Pina Prata, diz-se que o “império contra-ataca” (espero que o George Lucas me desculpe o plágio), pelo que da “linha dura” da Comissão Política Concelhia de Coimbra do PSD poderá emergir um challanger.
Em si, sem apreciar o conhecido e o desconhecido, a oferta diversificada beneficia sempre o consumidor (entenda-se, o militante). Pina Prata já não alcançará o pote de ouro (lista única) que se encontraria no fim do arco-íris político que se preparava para federar, o que também impedirá as bandeiras de conveniência que têm ondulado no céu do PSD de Coimbra, como se todos fossem amigos, de há muito a esta parte.
A verdade, como sempre disse, é que a reconquista de edilidade unificara, por boas ou más razões (não sou nem psicanalista, nem polícia), pessoas que sempre se haviam defrontado, e que ao menor sinal de perestroika a divisão dos despojos seria possível.
Entre os rumores de que Carlos Encarnação poderia estar “noutra” e o facto de o mayor ter preocupações que cheguem com o belíssimo trabalho que tem feito na cidade (nota do autor: esta afirmação é desprovida de ironia!), seria de esperar que as velhas alianças se recompusessem, e nem a antecipação tacticamente bem pensada por Pina Prata parece ter podido evitar o inevitável: à boa maneira de Richelieu, o poder é, nos grandes partidos, um fim em si, pelo que, nem que seja só por isso, na ausência de tutela, os exércitos perfilam-se.
Escrevo o texto presente sem ponta de pretensão, já que bem sei que, tirando esta tribuna livre do BEIRAS (falo por mim), a livre reflexão, por cá, costuma pagar-se em desterro. Todavia, não desisto de gostar do PSD e ainda mais de Coimbra e de Portugal, pelo que creio que há questões que o candidato assumido e o outro que me dizem que há de ser assumido deviam explicar, se não achassem uma maçada excessiva:
1. Entendendo eu que o PSD pouco pauta o debate político de Coimbra, descansando, a este respeito, à sombra do justo protagonismo do mayor, muito gostaria de saber como tencionam os candidatos revitalizar o debate interno, no partido. Espero que não repitam as banalidades do costume sobre grupos e conselhos de reflexão, que são sempre uma boa maneira de “arquivar” os “arrogantes” que ousam importunar com umas ideias livres quem carrega o fardo de decidir.
2. Também não seria mau sabermos qual o conceito estratégico de cidade defendido pelos eventuais presidentes concelhios. Liderança nacional na ciência? Centros de excelência ou misto de formação e absorção de recursos humanos para uma mais deliberada evolução do tecido industrial que é algo incipiente, olhando o todo do País? Cidade de cultura? Qual cultura: elitista, de massas, ou “subsidio-dependente” (aquela de que gostam o Bloco e os amigos)? Que modelo de evolução urbanística? Tudo isto? Nada disto?
3. E como seleccionarão os candidatos, agora que a democracia directa se instalou, mesmo na eleição do presidente da comissão política nacional? Será que põem a jogo os nomes de vereadores e deputados do nº2 em diante (já que os cabeças de lista me parecem uma escolha a reservar para a liderança nacional)? E o perfil que apresentarão à assembleia concelhia continuará a ser a trivialidade e o albergue espanhol (onde cabe até o falecido urso de relva que foi imolado pelo fogo, à beira-rio) que tem sido?
4. Depois, também daria alvíssaras se me explicassem com coerência e exequibilidade como tencionam fazer com que o PSD de Coimbra recupera a importância nacional que já teve. Se não fosse o esforço persistente de Carlos Encarnação, Fátima Ramos e Jaime Soares, poderíamos mesmo ir a um congresso nacional sem nos lembrarmos do distrito…
5. Por fim, confesso-me curioso para saber como se quebrará – se é que há o menor interesse nisso – o ambiente de “sociedade por quotas” que me parece imperar, com os shares de votos a ditarem a lei do PSD de Coimbra.
Em suma, entendo que com uma presidência de Prata ou outra qualquer, do que o PSD de Coimbra carece é de ideias de ouro…
3 comentários:
“Os ausentes nunca têm razão”
Destouches, Philippe
Para os actuais internos do PSD local, os objectivos gerais foram atingidos: a reconquista da edilidade e a pacificação interna, se bem que neste segundo caso, as coisas não são bem assim, como se sabe.
Não sei se existirão duas listas. A haver Pina VS opponent saído doutra linha local, parece-me altura do partido revitalizar-se no sentido de definir prioridades de futuro, sabendo-se que os anos próximos em nada serão iguais aos anteriores. Duas listas promovem debate, cria-se alternativa, e a democracia, como se sabe, vive de alternativa.
A citação, parece-me que não necessita de comentários, é para Capitão entendedor.
Tens uma grande lata...
Aceito o recado, mas tu sabes bem do tamanho do embaro, tanto que sempre foste o único a tentar quebrar o mesmo.
Quanto aos outros destinatários do lembrete, tens de aceitar que não se pode estar sempre em jogo, muito menos quando se começa aos 15/16 anos. O problema é que há tipos que se colam e não largam, mesmo quando já estão sem chama e só querem mesmo poder.
Quanto à renovação das duas listas, olhando os elencos possíveis, oxalá não estejas (mais uma vez) a ser ingénuo.
As regras do jogo são conhecidas e só anda nesta vida, quem quer e tem gosto pela causa.
A “lata”, como tu a chamas, é apenas um chamamento. E digo isto porque quero que estejam lá os melhores, a bem do partido.
Esta história das duas listas, se bem que concordo em parte relativamente aos elencos, já é uma conquista em termos de debate interno, algo que tem sido arredado do partido, graças ao unanimismo gerado pelo mayor Encarnação.
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