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sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Culpa e independência


          Procurando fugir à repetição do que outros fizeram com uma qualidade que não poderia alcançar, sobre as eleições autárquicas procurarei, desde logo, transmitir sensações que me foram percorrendo ao longo de uma jornada feita de RTP Internacional e outras fontes na Internet.

Desde logo, sobretudo do lado do PSD pareceu-me, embora digno individualmente, colectivamente “de faca e alguidar” o afã de muitos derrotados em assumirem a título pessoal as respectivas desfeitas… Não só era evidente o castigo ao Governo (o Primeiro-Ministro reconheceu-o, com a sua honestidade habitual) – assim tornando, no mínimo, os oradores em maus analistas políticos – como o rasgar de vestes faria sentido em muitas outras coisas erradas que há na política hodierna, categoria em que uma derrota democrática, seguramente, não cabe.

Aliás, creio que algumas vitórias independentes também têm a ver com essa decadência ética da vida pública, sobre a qual venho falando. Creio, porém, que o fenómeno de rejeição partidária não explicará tudo sobre o crescimento de listas independentes; entendo que “a coisa” se não faria sem que houvesse uma clara apreciação das propostas e dos candidatos em casos como Matosinhos, Portalegre ou Porto. Já no caso de Oeiras, como o vencedor com a humildade que devem ter os que ganham reconheceu, terá havido um interessante fenómeno de vitória por procuração, o que também diz bastante sobre a apreciação da obra feita e sobre a lealdade do eleitorado aos que sente como seus.

Dentro da latitude de opinião que posso ter, diria sobre a vertente partidária e em primeiro lugar, que houve, mormente no PSD, cuja realidade ainda vou conhecendo, e sobretudo ao nível local, uma caça aos que pensavam por si próprios e que não dependiam de qualquer aparelho para ter uma carreira profissional. Consequentemente, pese embora se tenham partidos mais tranquilos, o debate de ideias está empobrecido, como o está a auscultação fidedigna do que pensam as nossas gentes.

Depois, creio que a tal culpa voltará a ser coisa em estado gasoso que se esfumará em pouco tempo. Sem ponta de comoção assisti a muitos discursos de derrota que sei que vão pertencendo a muitos que lá continuarão a carregar com essa cruz que é estar no Parlamento ou outros lugares políticos, continuando a impedir o rejuvenescimento de protagonistas.

No distrito de Coimbra, a evidência falará por mim, excepto, creio, numa verdade que tenho como tal, mas a que muitos se encarregarão de fazer vista grossa: creio que, daqui a quatro anos, o candidato à capital de distrito já está no terreno de jogo e que é chegada a sua hora (com o meu aplauso frenético); assim o próprio tenha método, paciência e ambição, já que a devoção a Coimbra ninguém pode negar-lhe.

sábado, 28 de setembro de 2013

Câmara, mesa e roupa lavada



Em semana de eleições autárquicas é duplo o meu martírio: não posso votar (estando a viver fora de Portugal) e não posso lançar chamas sobre muito do que tenho lido e visto… Quem se deu ao trabalho de me ler aos tempos em que outra cor governava o município de Coimbra, saberá o muito que eu tinha a dizer sobre um putativo regresso…

Cônscio, porém, das minhas limitações presentes ao nível da opinião política, dei comigo a pensar no que queria para a minha eterna cidade.

Desde logo, emprego qualificado. Um dos grilhões que sempre carreguei – eu e tantos outros da minha geração – foi ter que sair de Coimbra para encontrar um emprego adequado a qualificações superiores ou, por vezes, um emprego em termos puros e simples. Não sendo professor ou médico (e mesmo aqui adivinho já dificuldades crescentes), não resta outra alternativa a um indefectível da Lusa Atenas que não a de respeitar o padrão algo subdesenvolvido de um País que torna a sua capital no único pólo real de emprego.

Depois – já o disse várias vezes – creio que os elos de efectiva e afectiva ligação entre os motores que ainda funcionam há muito foram levadas pela corrente de um rio de indiferença e ensimesmamento. Tenho para mim que se a Universidade e a Câmara falassem mais amiúde e mais informalmente, muitas ideias brilhantes poderiam ser aproveitadas para encontrar uma diferença que torne Coimbra apetecível não apenas como centro de saber académico (a lembrar um pouco a Academia do Sporting que, antes do actual presidente, formava grandes valores para outros clubes), de saúde de excelência ou de património único, mas também como destino de investimentos reprodutivos, já que tem recursos altamente preparados, centralidade e acessibilidade e, diga-se, muita qualidade de vida para quem dela possa usufruir, quedando-se à beira Mondego. Acresce que envolvendo na equação, ainda que em fase ulterior, a A.A.C./O.A.F. se acrescentaria, a mais de um elemento de auto-estima, um poderoso meio de promoção da Cidade.

Entendo, sobretudo e em suma, que importa recuperar para a política uma elite e um pensamento ideológico que já lhe deram credenciais no país de outros anos. Falando do PSD (a realidade que conheço), lembro-me de ainda jovem não perder pitada das discussões travadas nas assembleias concelhias e distritais, tal o gabarito da maioria dos oradores e tal o requintado jaez da quase totalidade das intervenções. Sem qualquer desprimor para os dirigentes de tempos recentes, Coimbra só dará cartas no plano nacional (seja no PSD, no PS ou na política em geral) se apostar na riqueza do pensamento e no carisma de quem o expressa.

É também disto que se fará o próximo acto eleitoral.