Fenómenos como a Globalização e o consequente crescimento das economias emergentes ajudaram ao aparecimento de um vasto conjunto de novos-ricos, emergindo uma nova elite endinheirada que está a dar cartas no mercado global.
Um desses exemplos é o multimilionário indiano Ratan Tata, dono do Grupo Tata, considerado por muitos como o principal símbolo destes novos magnatas que estão a conquistar o mundo, sendo responsável pela empregabilidade de largas dezenas de milhares de pessoas.
Numa Índia em crescendo onde o meio de transporte mais comum de uma considerável franja da sociedade é a moto, o lançamento do Nano, um carro tipo Low Cost, apresentado este mês no salão automóvel de Délhi pelo Grupo de Tata, promete vir a alterar a face das ruas indianas, onde relatam as histórias que é perfeitamente normal ver-se o pai a guiar a mota, o filho a segurar no volante e a mulher com um bebé ao colo.
Com um mercado alvo bem definido e com um conceito de “ carro para as massas”, este Low Cost automobilístico tem um custo de aquisição na ordem dos 1660€, não tem rádio, airbags, direcção assistida, ABS nem ar condicionado e o motor é de apenas dois cilindros. Outros pormenores que, parece-me, a maioria de “nós por cá” não dispensaria, também foram eliminados.
Caso o Nano pegue entre "as massas" indianas, um país a que quase sempre associámos a sinónimo de miséria extrema com elevadas assimetrias económicas, poderá ter, pelo menos, um meio de transporte mais seguro e familiar para as classes mais desfavorecidas. Numa economia concorrencial onde existe variedade de escolha, o foco no consumidor é cada vez mais uma necessidade.
Um desses exemplos é o multimilionário indiano Ratan Tata, dono do Grupo Tata, considerado por muitos como o principal símbolo destes novos magnatas que estão a conquistar o mundo, sendo responsável pela empregabilidade de largas dezenas de milhares de pessoas.
Numa Índia em crescendo onde o meio de transporte mais comum de uma considerável franja da sociedade é a moto, o lançamento do Nano, um carro tipo Low Cost, apresentado este mês no salão automóvel de Délhi pelo Grupo de Tata, promete vir a alterar a face das ruas indianas, onde relatam as histórias que é perfeitamente normal ver-se o pai a guiar a mota, o filho a segurar no volante e a mulher com um bebé ao colo.
Com um mercado alvo bem definido e com um conceito de “ carro para as massas”, este Low Cost automobilístico tem um custo de aquisição na ordem dos 1660€, não tem rádio, airbags, direcção assistida, ABS nem ar condicionado e o motor é de apenas dois cilindros. Outros pormenores que, parece-me, a maioria de “nós por cá” não dispensaria, também foram eliminados.
Caso o Nano pegue entre "as massas" indianas, um país a que quase sempre associámos a sinónimo de miséria extrema com elevadas assimetrias económicas, poderá ter, pelo menos, um meio de transporte mais seguro e familiar para as classes mais desfavorecidas. Numa economia concorrencial onde existe variedade de escolha, o foco no consumidor é cada vez mais uma necessidade.
8 comentários:
Boas
Vamos a um pouco de hipocrisia ocidental.
O carro aqui apresentado e ao preço proposto, para além de não possuir um conjunto de opcionais banais, não possui como é obvio, as necessárias condições que o habilitam às normas comunitárias e ocidentais de emissão de gases.
Tal impacto ambiental, num mundo já de si demasiado poluido, agravasse exponencialmente quando essa emissão for devidamente multiplicada por 500 mil´hões de indianos e 600 milhões de chineses (fazendo as contas por baixo) que anteriormente emitiam CO2 associado à transpiração e respiração ao pedalatem a bicicleta.
Se na India, até poderá levar a um impacto substâncialmente menor, pois a bicicleta já tinha sido em parte substituida pela motorizada na China o problema poderá ser menor.
Certo que esta preocupação ocidental tem muito de hipocrita, especialmente nós que temos 2 carros por familia, que atingimos um grau de desenvolvimento e dependência que nos tornou em animais derivados de consumos superfluos.
Para além da crise energética, da crise da água, da crise dos cereais, em suma a crise dis recursos, a forma como não vamos conseguindo gerir o ambiente, ao ponto de quase termos atingido o ponto de não retorno, levanta-me imensa inquietação e interrogação.
Refens do aparelho produtivo, este refem do consumo, dependemos do crescimento economico para mantermos o nosso status. Afinal o crescimento mundial a menos de 3% é sinonimo de recessão. Se não consuminos não se produz, se não se produz, não crescemos, se não crescemos não temos forma de consumir, e como tal não se produz e não se cresce.
Como para isto tudo consumimos energia, essa mesmo que em largos sectores economicos está por completo dependente dos hidro-carbonetos, por sinal a escassear, poluimos para produzir, só crescemos se produzir-mos, logo para não entrar-mos em recessão temos que tornar o planeta insustentável.
Faltaram-nos durante 5 decadas politicis isentos e com visão de futuro.
Fica por aqui este devaneio mental elaborado sem rede.
Miguel Sousa
Mas tem razão no exposto. Só que as forças económicas e políticas que gerem este planeta importam-se pouco com o problema evocado. Se a China já é o maior poluente do planeta, os USA compram as cotas daqueles que poluem pouco para poderem poluir mais, no lugar deles. Mas o problema da Ásia é enorme e o seu comentário é justo.
Segundo um relatório recente do Programa para o Ambiente das Nações Unidas, uma “nuvem cinzenta”, que se estende sobre uma zona equivalente a sete vezes a Índia, prejudica a agricultura, modifica o ciclo das chuvas e ameaça a população.
Trata-se de uma nuvem de poluição com 3 quilómetros de espessura compreendendo partículas em suspensão, escorias, aerossóis e produtos químicos que persistem por causa das actividades humanas .
Afim de medir a importância e a gravidade da situação, o relatório indica que a nuvem reduz de 10 a 15% a luminosidade na superfície da terra. Isto causa a redução da evaporação da humidade ligada directamente às chuvas do verão e diminui o rendimento do arroz na Índia.
Enfim, esta nuvem já provocou a morte prematura de 100.000 pessoas e poderia afectar 3 milhões de pessoas.
Modificações perceptíveis do clima foram verificadas no país, as regiões do oeste e do noroeste sendo agora mais secas, as do leste e do sul mais húmidas, e uma seca generalizada considerada como sendo a mais grave destes últimos 15 anos, ao mesmo tempo que inundações catastróficas assolam o nordeste do pais.
Quanto ao Tata , ele vai ter um certo interesse para a classe média inferior, mas não eliminará os “rickswaw” das ruas de Bombaim e Calcutá, porque mesmo a 1600 euros ainda é o dobro do preço de um “rickshaw” novo. E muito mais poluente, sem duvida.
Meus caros:
Reconheço que não tenho a qualificação nem os conhecimentos necessários para saber se este carro é ou não um cavalo de tróia para o aumento de CO2.
Claro que a questão ambiental é sempre preocupante, no entanto, no que concerne ao Nano, as opiniões não são unânimes. Aconselho a leitura deste artigo:
http://economictimes.indiatimes.com/articleshow/2691421.cms
By the way
O Objectivo do Nano é conseguir tirar a família da moto, dando-lhes um teto, e por conseguinte diminuir a taxa de mortalidade nas estradas indianas.
Claro que, além de salvar as famílias e de lhes proporcionar um meio de transporte mais digno, o dono da Tata está interessado em fazer dinheiro. Mas contra isso nada tenho, desde que cumpram as normas ambientais.
Convém não esquecer que o modelo apresentado visa apenas o mercado indiano. Aliás, o facto de ter que se adaptar às normas comunitárias e ocidentais, caso queira penetrar nestes mercados, (prevê-se que numa fase posterior), fará com que o preço não seja os tais 1600€, mas sim superior.
Sem contar com o facto que "por cá", o sucesso não é garantido, porque a malta gosta de carros mais robustos.
Caro Miguel Sousa, como disse e muito bem, quem "não produz não cresce", e eles estão a produzir para caramba, e o ocidente, em vez de dar o exemplo, prefere apontar o dedo a esses grandes poluidores.
Mas não tenhamos dúvidas, a China e a Índia são um sério problema.
Faltam alguns caracteres ao link para o artigo que acima aconselhei.
Assim sendo, aqui vai o completo.
http://economictimes.indiatimes.
com/articleshow/2691421.cms
Nota: o copy paste já não é o que era:)
Caro Ricardo Candido
O problema coloca-se sobre 2 vertentes:
- A necessidade de consumir, para se produzir;
- A necessidade de recursos energéticos para se produzir, colocar o produto acessível e fazer com que o consumidor usufrua do produto.
Em ambos os casos dias negros virão. Sem me querer advogar em cavaleiro do apocalipse, para mim tenho que estamos prestes a entrar no ponto de não retorno.
A dependência dos hidro-carbonetos, a incapacidade de os substituir-mos sem criar disrupções em todo o aparelho produtivo, quer na vertente de que esse tipo de combustível é finito, quer pela questão de que a utilização desmensurada desse tipo de combustível se tornou insustentável.
Se na óptica da energia estática, aquela que não gera movimento externo, a questão das energias alternativas pode ser a prazo uma solução viável, na energia dinâmica, a de movimento e ligada aos transportes, a solução não se afigura fácil.
A quebra quer pelo lado do finito, quer pela necesssidade emergente e urgente de alterar os padrões vigentes, trará, como é óbvio, alterações significativas na lógica e resultados dos processos de mercado vigentes, na condução de políticas económicas, onde os indicadores macro-economicos que regulam a economia mundial dependem do crescimento.
Havendo alteração destas lógicas de crescimento, o mais provável é a sociedade, tal como a conhecemos hoje, afundar-se.
Um exemplo simples, como conseguir alimentar 6 biliões de almas sem recursos a meios tecnologicamente avançados dependente de maquinaria pesada e dependente de energia?
Como transportar as biliões de toneladas diárias de bens que advem de transações comerciais sem recurso a fontes de energia dinâmicas?
Peço desculpa pela poss~ivel falta de lógica destes textos mas estou sem tempo para me sentar e discorrer sobre estes assuntos.
Miguel Sousa
Também estou longe de ser um especialista, mas seria altamente irresponsável de ignorar as conclusões de muitos especialistas que provam facilmente que um crescimento exponencial da população e da industria não pode durar indefinidamente, não se pode prolongar mais tempo, em um mundo finito. Pode-se dobrar uma produção industrial em 10 anos, o Japão fé-lo e mesmo melhor . Mas dobrar em cada década, durante um século, multiplica a produção por 1024. Durante dois séculos... (calculem !) Sobre quais bases materiais ?
Basta pensar que o inicio do aumento fulgurante do numero de habitantes do planeta arrancou mais ou menos no meio do século 19 até ao século 20, de 1,7 bilião a 6 biliões, isto é, coincide com o capitalismo industrial.
Todas as políticas actuais, da direita como da esquerda, têm um objectivo comum e prioritário: Manter o crescimento. O sacrossanto crescimento que, quando ele não é suficiente induz crises económicas com todos os problemas sociais e a miséria de largos sectores da população.
Boas
Batemos todos no mesmo, e aqui o problema reside em fazer entender o ocidente que o 'way of life' se tornou insustentável e que o mundo tal como o conhece corre o risco de acabar.
A juntar a isto, um conjunto de paises em vias de desenvolvimento com cada vez mais perspectivas (legitimas) de uma vida melhor.
Mas afinal o que é que nos trouxe o crescimento económico associado à evolução tec´nológica?
Deveria ter trazido qualidade de vida, capacidade de gerrar emprego atraves da melhoria da qualidade de vida individual.
A realidade é afinal contrária aos fundamentos do desenvolvimento. Cada vez trabalhamos mais, cada vez nos pedem mais sacrificios, cada vez temos menos tempo para a familia e para a sociedade em geral.
Tudo isto a bem de um suposto crescimento e de uma suposta sustentabilidade. Mas afinal o crescimento tem dado sempre para o mesmo lado. Basta ver o apertar do cinto de quem através da produtividade gera lucros milionários acima dos 40% ao grande capital.
Estamos cada vez mais escravos do consumismo, afinal criaram-nos necessidades paqra termos de consumir. O ritmo de vida em prol do crescimento económico obrigou-nos a deslocalizarmo-nos e assim ter 2 carros por familia, ao comprarmos ,mais um carro cria-mos riquesa ao produtor do carro e à entidade financeira, cria alguns empregos e assim mais uns potenciais consumidores.
Afinal, hoje em dia compremos o que necessitamos e o que também não.
Será que conseguimos dar volta a isto?
É isso que me assusta imenso, o ponto de não retorno, a falencia do sistema e a herança que vamos deixar aos nossos filhos.
Gonçalo, desculpa lá estas verborreias mentais sentimentalistas :)
Miguel Sousa
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