sábado, 28 de setembro de 2013

Câmara, mesa e roupa lavada



Em semana de eleições autárquicas é duplo o meu martírio: não posso votar (estando a viver fora de Portugal) e não posso lançar chamas sobre muito do que tenho lido e visto… Quem se deu ao trabalho de me ler aos tempos em que outra cor governava o município de Coimbra, saberá o muito que eu tinha a dizer sobre um putativo regresso…

Cônscio, porém, das minhas limitações presentes ao nível da opinião política, dei comigo a pensar no que queria para a minha eterna cidade.

Desde logo, emprego qualificado. Um dos grilhões que sempre carreguei – eu e tantos outros da minha geração – foi ter que sair de Coimbra para encontrar um emprego adequado a qualificações superiores ou, por vezes, um emprego em termos puros e simples. Não sendo professor ou médico (e mesmo aqui adivinho já dificuldades crescentes), não resta outra alternativa a um indefectível da Lusa Atenas que não a de respeitar o padrão algo subdesenvolvido de um País que torna a sua capital no único pólo real de emprego.

Depois – já o disse várias vezes – creio que os elos de efectiva e afectiva ligação entre os motores que ainda funcionam há muito foram levadas pela corrente de um rio de indiferença e ensimesmamento. Tenho para mim que se a Universidade e a Câmara falassem mais amiúde e mais informalmente, muitas ideias brilhantes poderiam ser aproveitadas para encontrar uma diferença que torne Coimbra apetecível não apenas como centro de saber académico (a lembrar um pouco a Academia do Sporting que, antes do actual presidente, formava grandes valores para outros clubes), de saúde de excelência ou de património único, mas também como destino de investimentos reprodutivos, já que tem recursos altamente preparados, centralidade e acessibilidade e, diga-se, muita qualidade de vida para quem dela possa usufruir, quedando-se à beira Mondego. Acresce que envolvendo na equação, ainda que em fase ulterior, a A.A.C./O.A.F. se acrescentaria, a mais de um elemento de auto-estima, um poderoso meio de promoção da Cidade.

Entendo, sobretudo e em suma, que importa recuperar para a política uma elite e um pensamento ideológico que já lhe deram credenciais no país de outros anos. Falando do PSD (a realidade que conheço), lembro-me de ainda jovem não perder pitada das discussões travadas nas assembleias concelhias e distritais, tal o gabarito da maioria dos oradores e tal o requintado jaez da quase totalidade das intervenções. Sem qualquer desprimor para os dirigentes de tempos recentes, Coimbra só dará cartas no plano nacional (seja no PSD, no PS ou na política em geral) se apostar na riqueza do pensamento e no carisma de quem o expressa.

É também disto que se fará o próximo acto eleitoral.

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