sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Argo: um filme dentro de outro filme


O mais recente filme de Ben Affleck está nomeado para sete Óscares, mas já arrecadou - até ao momento - quarenta e sete prémios. Argo retrata uma questão diplomática ocorrida em 1979 no Irão pós-revolucionário, quando funcionários da Embaixada norte-americana foram feitos reféns por 444 dias. Excepção feita a um pequeno grupo que, graças à conivência de diplomatas canadianos e a um arriscado (e caricato) plano levado a cabo por um agente da CIA, conseguiu sair do país antes disso.

A missão bem sucedida deixou de estar sujeita a segredo em 1997 e Affleck aproveitou, e bem, para levá-la até ao grande ecrã. Tudo ali me parece exemplar, desde o trabalho cénico e de figurinos usado para nos transportar até ao final dos anos setenta, passando pelo cuidado na abordagem política, pelo intercalar de imagens de época e até no contrabalançar das questões sensíveis com laivos de humor.

De destacar que ali se faz um certo «ajuste de contas» pouco diplomático, pois dá-se a entender que se alguns diplomatas não hesitaram em cooperar, outros a isso se furtaram - ingleses e neozelandeses. Mal o filme estreou, a reacção desses diplomatas (de serviço em Teerão, à época) não se fez esperar. O diplomata britânico, hoje com 86 anos, considera injusta a forma como o filme leva o espectador a essa conclusão, até porque - segundo o próprio - ainda antes da colaboração canadiana, foi junto dele que os americanos encontraram abrigo. Do lado neozelandês, e pese embora o assumido receio de que uma ajuda pusesse em causa as relações económicas entre Irão e Nova Zelândia, Chris Beeby afirma que visitou com frequência o grupo escondido e arrendou uma casa perto daquela para onde pudessem fugir caso necessário...

Acertos à parte, o filme ilustra bem a dimensão do problema e a forma caricata e surpreendente como ele se solucionou e é, digamos, completo do ponto de vista das variadas emoções a que somos sujeitos. A ver vamos se a Academia concorda e premeia, ainda mais, esta obra de Ben Affleck, que além de realizador brilha também como actor. Quanto ao título acima, para o entender... é ver o filme!

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