segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

O Mundo a Alta Velocidade

Como muitos dos meus congéneres, dou uma volta frequentemente na Internet, pelos principais jornais mundiais de língua inglesa, alemã, francesa, italiana e portuguesa, esta ultima por ter sido a minha primeira língua, a da minha Pátria, e as outras por terem sido as que aprendi e utilizei na minha profissão comercial.

Quando viajava, lia logo de manha, no hotel , durante o pequeno almoço, as noticias vindas de longe, uma maneira de me aproximar, em pensamento, da minha casa e dos meus. Em Tokyo, foi no Asahi Shimbun,de língua inglesa, que soube da mini revolução francesa de Maio 1968, e da fuga de De Gaulle para a Alemanha. No meu regresso, a minha firma estava "ocupada" pelo pessoal!

Hoje, não sei se teria tempo para ler tudo o que o mundo proporciona como informação! 

Depois do homo erectos, o homo sapiens e o homo sapiens sapiens, veio a era do homo numericus!

Talvez pareça de mais, mas o salto para a frente da humanidade inteira, foi extraordinário.

Basta olhar como as crianças de 5 anos se servem duma tablete numérica, ou dum iPhone...

Quem não se sentiu envelhecer ao ver os miúdos manipular esta técnica com agilidade e percorrer o ecrã táctil a toda a velocidade!

A maneira como trabalhamos, nos deslocámos, nos encontramos, comunicamos, analisada vinte anos atrás , ter-nos-ia parecido pura ciência ficção! Para o melhor ou para o pior, segundo o carácter de cada um.

Há quem considere, de facto, que a humanidade vive hoje sob a ditadura da tecnologia, escrava dos robots. Quantas vezes se consulta o telefone por dia? 150 vezes segundo um estudo recente! Melhor: Um estudo da universidade de Chicago, Booth Business School, diz-nos que os jovens de 18-25 anos estão mais interessados pelo Facebook ou Twitter que pelo álcool  o sexo ou mesmo o tabaco. E ainda melhor (ou pior !): 3% dos Australianos consultariam o Facebook durante uma relação sexual! Surpreendente!

Estar conectado em permanência, responder imediatamente, estar aqui e ...além .. ao mesmo tempo, tudo isto faz parte dos representantes da nova família dos "e-hominidios".

O cérebro do homo numericus é assim submetido a um fluxo constante de informação que acaba por modificar a sua maneira de pensar. Ele faz zapping sobre as informações, funciona por associação, sintetiza os dados, difunde-os, classifica-os e, o mais das vezes... esquece-os!

Como não tem tempo para esperar, dá o sentimento que não tem tempo para compreender.

Agora, tudo deve ser instantâneo, resumido, mastigado. Os jornais televisivos resumem excessivamente as situações e privilegiam a informação bruta com prejuízo da análise. Uma ideia, um pensamento é transmitido instantaneamente em SMS, deve comportar um máximo de 140 linhas (Twitter), deve fazer "mouche" e deve" buzzar". Senão, ela não existe! 

Os campeões da comunicação politica compreenderam muito bem o sistema. Eles contam sobre o reflexo, mais que sobre a reflexão.

Como nos jogos de vídeo: a rapidez é mais importante que a reflexão! O problema, é que toda esta rapidez, toda esta azáfama que impede a reflexão, é o tempo livre que se vai! Ora o tempo livre, como cada um sabe, é também o da reflexão, da contemplação, da introspecção. Este é um tempo útil para se conhecer e conhecer o mundo que nos envolve.

Tendo dito isto, mesmo se o perigo existe do desenvolvimento dum certo autismo social, de desconexão da realidade, também não há duvida nenhuma que aumentamos a nossa capacidade a tratar a informação. Por isso, vamos lá adaptar-nos, custe o que custar. Não vale a pena, portanto, arrancar-nos os cabelos ( aqueles que os têm !), pensando que as novas tecnologias vão matar o homem!

Não era Sócrates que dizia "O que faz o homem, é a sua grande faculdade de adaptação"? Aproveitando, pois, Internet no seu aspecto mais prático e porque no Natal o nosso espírito se abre à esperança, gostaria de deixar aqui , a todos os meus leitores e amigos, assim como à direcção e aos colaboradores do "LODO" e respectivas famílias, os meus votos dum Bom Natal, a festa da família por excelência, afastando assim por algum tempo, sem os esquecer, os problemas numerosos e preocupantes do momento e o espectro negro do mundo que nos prometem para 2013. 

E que o solstício de Inverno, que começa no próximo dia 21 de Dezembro, não nos traga o fim do mundo, que o Grande Ciclo Temporal Maya teria anunciado! Pela minha parte, como astrónomo amador, vou pegar no meu telescópio para observar, ao pôr do sol, a queda do planeta Vénus no horizonte ocidental e assistir, no leste, à nascença da constelação das Plêiades! 

 J. Freitas Pereira

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