sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Uma cidade que se quer única

Penso, em concreto, na Cultura, área em que não basta confiar no repouso que oferece a sombra de glórias passadas. 
Bem sei que ao abordar a temática não nos devemos cingir a grandes eventos, grandes assistências, artistas mediáticos, exposições de artes consagradas ou a peças teatrais aclamadas. Cultura não se limita a isso. 
Porém, o exercício que vos proponho implica centrarmo-nos na cultura mediática, aquela que atrai multidões, preenche páginas de jornais e aparece nos noticiários. Aquela que, para muitos, é a que recebe o que de melhor se faz em cada uma das áreas. 
O que será preciso para ter essa cultura? Vontade política? Seguramente. Investimento público? Naturalmente. Investimento privado? Convém. Mas não chega. É preciso ter capacidade instalada, designadamente estruturas físicas capazes de competir nesse segmento de mercado. 
E nesse domínio, o das infraestruturas culturais com dimensão para acolher eventos internacionais, há uma desigualdade tremenda em Portugal, que se reflete na distribuição de subsídios e consequentemente na oferta cultural. Sentemo-nos à mesa do Orçamento de Estado (via Fundo de Fomento Cultural) e verificamos uma centralização em Lisboa e no Porto dos apoios concedidos à atividade cultural. 
Para efeitos de enquadramento do leitor, em 2011 a Coleção Berardo recebeu 2.670M€; a Casa da Música 2.308.M€; o Centro Cultural de Belém 7.520M€; Serralves 2.384.M€. A estas, acrescentemos Orquestras, Associações, Teatros, Institutos e outras Fundações e percebemos uma realidade muito díspar. 
Não tenhamos ilusões. Coimbra, apesar de cidade que sempre se assumiu como um centro cultural de referência não tem capacidade para competir com Lisboa e Porto nestes segmentos, porque não tem a tal capacidade instalada que acima vos falei. 
Em Coimbra sempre houve carência de um lugar de excelência para a realização de grandes eventos, que ajude a combater a centralização da oferta, aproveitando assim as potencialidades oferecidas pela região, um espaço que possa disputar públicos. 
Por isso é que a obra que está a erguer-se em Santa Clara, o Convento de S. Francisco, é de mérito indiscutível para a cidade. 
Será um Centro Cultural que dará a possibilidade de acolher grandes eventos, espetáculos de teatro, ópera, orquestra, arte moderna, entre outros. Mas será também um Centro de Congressos (que poderá utilizar a matéria prima dos Hospitais ou da Universidade de Coimbra), com um auditório com capacidade para potenciar essa área do Turismo, o de Convenções. 
Apesar deste ser um estádio de fraco desenvolvimento resultado da crise económica que vivemos, Coimbra sairá a ganhar. E claro, quem gosta de Cultura agradece.

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