domingo, 9 de setembro de 2012

As Palavras em "ISMOS"

As palavras em «ismos» significam frequentemente algo de excessivo! Violento ou poderoso. Desde que o comunismo e o nazismo desapareceram da cena (não direi a mesma coisa do fascismo, que ainda subsiste, mesmo se ainda existem relentos de comunismo), poderia perguntar-se quais são os «ismos» que nos vêm ao espírito, hoje.


Estou convencido que a resposta de alguns poderia ser o nome dum demónio actual, como o Islamismo, fanático e intolerante. Sobretudo quando se confunde Islão e Islamismo.
Eu teria tendência a nomear um outro que, sob um nome mais vendável, porque não existe nenhuma outra ideologia que se pretenda não-ideológica, nem de direita nem de esquerda, a via suprema segundo alguns: é o liberalismo.

Penso, ao escrever estas palavras, em Alexis de Tocqueville, um liberal francês, que escreveu, entre outros, De la Démocratie en Amérique. Um livro que recomendo, e que não é de hoje!


Que escrevia, pois, o nosso aristocrata de Tocqueville ?

Que os meios sangrentos para conquistar o outro podiam justificar-se, e via nisso o triunfo da Cristandade e da Civilização, o que era claramente um destino criado pela Providência. Assim estavam justificados os horrores da colonização das Américas, a destruição das civilizações índias. Um outro liberal, John Stuart Mills escrevia em 1859 ( On Liberty 'Sobre a Liberdade'): Face aos bárbaros, o despotismo é um modo de governo legítimo, com a condição que o objectivo de os transformar e melhorar seja atingido, e os meios utilizados sejam justificados.Os bárbaros designavam grande parte da humanidade.

O imperialismo (mais um ismo) à moda liberal pode ser mais perigoso por causa da natureza aberta que o caracteriza, variável e a convicção que ele constitui uma forma de vida superior, ao mesmo tempo que nega o seu fanatismo moralizador. Estas palavras vêm a respeito da lenta volte-face de Madame Merkel, que começa, enfim, a admitir que, para salvar o Euro e os povos europeus é necessário deixar à BCE a liberdade de levar um pouco de oxigénio aos governos estrangulados pela dívida soberana. Claramente, de deixar o banco europeu fazer o seu trabalho normal, que é o de aliviar a economia europeia comprando as dívidas dos estados, porque a austeridade sem fim, nunca poderá substituir o crescimento económico. Obama fê-lo!

Seria realmente perigoso para todos se os deixasse-mos continuar a sugar as ultimas gotas de sangue dum moribundo, que já não pode mais!

O imperialismo liberal da Frau Merkel, que tende a considerar os países do sul da Europa como os bárbaros de hoje, e pretende organiza-los à volta da Alemanha, das suas leis, e dos seus imperativos económicos, faz-me pensar num discurso famoso dum arauto do liberalismo, com um verniz de social-democrata, Tony Blair, que num discurso pronunciado após os atentados do 11 Setembro 2001, prometia de reorganizar este mundo à nossa volta e dos nossos valores morais! Um milhão de mortos mais tarde, só para o Iraque, este tribuno do liberalismo tem um emprego pago 13 milhões de $ pela tirania do Cazaquistão.


Espero ardentemente que a filosofia «moral» liberal de Frau Merkel não nos vai enviar para o abismo, enquanto que ela encontrará um emprego bem pago «chez» Putine, como o predecessor Shroeder.

Freitas Pereira

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