terça-feira, 25 de setembro de 2012

O NAUFRAGIO IMINENTE

De semana em semana, a crise portuguesa , económica e politica, toma proporções alarmantes. O barco mete água por todos os lados, o comandante  , completamente louco, perde o controlo não só do barco mas da tripulação também. Por vezes é o segundo que dá ordens, mas na realidade todos acatam ordens do exterior, daqueles a quem pouco importa que o barco dê à costa e se espatife contra os rochedos. Assim foi com a Grécia, assim pode ser com Portugal.
O povo português, consciente do perigo, reagiu em massa. Mas isso não chega. A necessidade premente duma outra navegação impõe a mudança  da tripulaçao.

O capital financeiro, cuja ganância não tem limites, depois de lançar o mundo numa crise sem precedente, vigarizando Estados e milhões de cidadãos a quem vendeu produtos financeiros fraudulentos, tem a pouca vergonha de pedir aos governos, isto é aos contribuintes, de pagar a factura dos seus actos criminosos.

Não completamente satisfeito, tendo criado a instabilidade financeira da qual retira imensos proveitos, especula agora sobre a dívida publica. Nunca os especuladores internacionais ganharam tanto dinheiro que durante esta crise. As taxas de juro usurárias arrancadas aos governos são fontes de enriquecimento muito mais rápido e elevado que na economia real. E a regra imposta pela Alemanha de Merkel ao Banco Europeu, que empresta aos bancos a 1% para que estes emprestem aos governos a 7 ou 8%, é um dos maiores escândalos nesta Europa dividida que falhou  às esperanças dos povos.

O ultimo ataque do governo contra os Portugueses, visando a liquidação do Estado Social, inscreve-se perfeitamente nas intenções da finança internacional , que quer pôr os europeus ao nível dos asiáticos, retirando-lhes todos os frutos de dezenas de anos de progresso social, para que os investidores internacionais, os mesmos que especulam na dívida dos Estados, possam auferir dividendos cada vez mais remuneradores..

Perante esta crise, os partidos políticos ditos de governo,  que aprenderam na mesma escola da social democracia a gerir o capitalismo,  apresentam-se em ordem dispersada e não demonstram capacidade para combater eficazmente a interferência estrangeira.. Não podem continuar a colocar os seus interesses eleitorais e partidários acima dos interesses dos portugueses.

Para todos os que agora estão a empobrecer só haverá esperança se os partidos e organizações tiverem finalmente a lucidez de ultrapassar as suas divergências, para construir uma alternativa sustentável que seja capaz de enfrentar a ditadura da Troïka.

Ao  procurar conciliar interesses divergentes, ao obedecer cegamente às ordens da Troika, indo mesmo mais longe na aplicação da austeridade que o que esta lhe impõe, este governo  esquece que renegar o seu próprio programa eleitoral lhe retira toda e qualquer legitimidade para governar.

Não é possível de continuar a  ver empresas a fechar, centenas de milhares de desempregados sem qualquer apoio social, jovens que abandonam o país, no qual perderam toda esperança, o roubo aos pensionistas, a pobreza envergonhada, o desespero e a amargura enchendo as praças.

O guião desta gente é o mesmo que levou à desgraça que se vive na Grécia.

É falso que não existam alternativas que permitam restaurar as finanças públicas sem destroçar o país.

É falso que esta política tenha tido algum sucesso, nem mesmo sequer no seu apregoado objectivo de resolver o problema do défice.

É falso que só depois de destroçar as empresas e reduzir à miséria os que vivem do seu trabalho, será possível fazer nascer dos escombros uma nova economia saudável.

Que as forças vivas da Nação acordem antes que seja tarde demais.

 
Freitas Pereira

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