Ultimamente temos sido assaltados por episódios que têm vindo a colocar a nossa educação e as nossas escolas num estado de descrédito profundo, tendo atingido o apogeu com as infelizes e brutais imagens da aluna do Porto.
Sendo certo que o acesso às novas tecnologias tem ajudado imenso, o problema reside, ao contrário do que alguns possam pensar e escrever, não nos telemóveis e muito menos na professora, mas sim em questões sociais e políticas profundas que se têm vindo a acentuar há já algum tempo.
Tem-se assistido, nos últimos anos, ao tirar do tapete debaixo dos pés dos professores por parte do poder político. A obtenção de um diploma de ensino secundário tornou-se uma banalidade por força de um sistema que só se preocupa com indicadores, em que as políticas que visam o crescimento económico são centradas no aumento de qualificações sem ser feito o trabalho prévio de preparar o terreno ao nível social.
Temos governantes que se limitam a afirmar que a vida de professor é difícil mas que pouco ou nada fazem para atenuar as dificuldades. Que se preocupam, por um lado em apertar o cinto aos docentes e pelo outro em flexibilizar o comportamento dos alunos. Ou seja, não lhes importa controlar comportamentos, mas sim resultados.
Mas voltando ao caso do Porto, deixa-me fulo e revoltado que venham dizer que a professora falhou, que não sabe gerir conflitos, que não se adaptou à mudança. Se considerarmos que se deverá pedir “por favor” a uma aluna para guardar o telemóvel até ao terminus da aula visto estar a perturbar o seu normal funcionamento, então aí sim, a professora falhou porque faltou com a devida vénia.
Falar na gestão de conflitos é claramente uma questão importante de se abordar, sendo uma temática que tem feito furor no prisma organizacional. Mas então e a formação? Os professores são formados nessa área? Tudo bem que há que flexibilizar comportamentos, no sentido de atenuar conflitos, mas então o controlo e as regras? Será só flexibilidade? Esquece-se tudo isto em nome das constantes evoluções do meio?
Há que ter a noção que o controlo (devidamente moderado, como é óbvio) é positivo porque confere ordem e estabilidade. Ao invés, a flexibilidade em demasia cria confusão, como é o caso.
Não estamos a falar de uma professora com incapacidade para controlar a sala de aula, nem perante alguém com falta de vocação ou preparação para cumprir as suas funções. Quando esse for o juízo perante as imagens que vimos então mais vale reconhecer que o nosso sistema de ensino falhou e que é preciso colocar o exército a dar aulas nas nossas escolas porque não há lugar para pessoas com diplomacia.
Nota: devido ao mediatismo da cena, vai uma aposta que o Governo virá nos próximos dias com medidas que visem o reforço da disciplina nas escolas? Marketing Político com o intuito de apaziguar o relacionamento com os professores, dirão uns, inevitável devido ao estado a que se chegou, dirão outros. Cá para mim será uma mistura de ambos.
Sendo certo que o acesso às novas tecnologias tem ajudado imenso, o problema reside, ao contrário do que alguns possam pensar e escrever, não nos telemóveis e muito menos na professora, mas sim em questões sociais e políticas profundas que se têm vindo a acentuar há já algum tempo.
Tem-se assistido, nos últimos anos, ao tirar do tapete debaixo dos pés dos professores por parte do poder político. A obtenção de um diploma de ensino secundário tornou-se uma banalidade por força de um sistema que só se preocupa com indicadores, em que as políticas que visam o crescimento económico são centradas no aumento de qualificações sem ser feito o trabalho prévio de preparar o terreno ao nível social.
Temos governantes que se limitam a afirmar que a vida de professor é difícil mas que pouco ou nada fazem para atenuar as dificuldades. Que se preocupam, por um lado em apertar o cinto aos docentes e pelo outro em flexibilizar o comportamento dos alunos. Ou seja, não lhes importa controlar comportamentos, mas sim resultados.
Mas voltando ao caso do Porto, deixa-me fulo e revoltado que venham dizer que a professora falhou, que não sabe gerir conflitos, que não se adaptou à mudança. Se considerarmos que se deverá pedir “por favor” a uma aluna para guardar o telemóvel até ao terminus da aula visto estar a perturbar o seu normal funcionamento, então aí sim, a professora falhou porque faltou com a devida vénia.
Falar na gestão de conflitos é claramente uma questão importante de se abordar, sendo uma temática que tem feito furor no prisma organizacional. Mas então e a formação? Os professores são formados nessa área? Tudo bem que há que flexibilizar comportamentos, no sentido de atenuar conflitos, mas então o controlo e as regras? Será só flexibilidade? Esquece-se tudo isto em nome das constantes evoluções do meio?
Há que ter a noção que o controlo (devidamente moderado, como é óbvio) é positivo porque confere ordem e estabilidade. Ao invés, a flexibilidade em demasia cria confusão, como é o caso.
Não estamos a falar de uma professora com incapacidade para controlar a sala de aula, nem perante alguém com falta de vocação ou preparação para cumprir as suas funções. Quando esse for o juízo perante as imagens que vimos então mais vale reconhecer que o nosso sistema de ensino falhou e que é preciso colocar o exército a dar aulas nas nossas escolas porque não há lugar para pessoas com diplomacia.
Nota: devido ao mediatismo da cena, vai uma aposta que o Governo virá nos próximos dias com medidas que visem o reforço da disciplina nas escolas? Marketing Político com o intuito de apaziguar o relacionamento com os professores, dirão uns, inevitável devido ao estado a que se chegou, dirão outros. Cá para mim será uma mistura de ambos.
1 comentário:
Excelente texto!
Concordo em absoluto com o teu diagóstico, saudando também a oportunidade da Dulce (texto anterior), que valeu ao "Lodo" uma citação no suplemento "P2" da edição de ontem do "Público". Parabéns a ambos.
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