quinta-feira, 3 de maio de 2012

A Hora da Democracia

O confronto de ontem à noite na televisão francesa, entre Sarkozy e Hollande, foi dos mais violentos que eu vi em França em 50 anos! Sem dúvida, o momento que vivemos na Europa pode explicar esta violência, porque os Europeus constatam as dificuldades criadas pela aplicação do rigor que vem sendo aplicado na Europa há dois anos, ditado pela Frau Merkel, que, se não for combatida na sua posição actual, só pode levar a outros confrontos violentos, mas desta vez não na televisão mas nas ruas das cidades da Europa. 

A hora de travar os danos chegou. Foi o discurso de Hollande neste confronto, faltando saber se ele vai ter a coragem de levar para a frente este combate.

Claro que a Alemanha vive à sombra do Euro forte que lhe vai bem. Aliás, basta ouvir um dos conselheiros do Banco Central Europeu (BCE), e presidente do Bundesbank, amigo de Merkel, Weidemann, que diz muito simplesmente que “taxas de juro de 6% não são "o fim do mundo!(Ele pensava no problema espanhol!) Ele até nem vê que essas taxas de juro põem em causa a existência da EU. 

Aqui está um tecnocrata para quem nem o crescimento nem o emprego contam. 

E depois admiram-se que através toda a Europa,um forte sentimento germanofobo se desenvolve, e que a Alemanha que tanto sofreu das pesadas condições impostas pelo armistício da guerra de 1914/1918 foram o germe do nazismo. E que hoje, é o populismo da extrema direita que, uma vez mais, ameaça a democracia europeia. 

Se o Euro explodir e a Europa se desagregar por falta de sensibilidade e visão, alguém vai escrever um dia que a origem estava nos erros cometidos pela Frau Merkel e o servilismo da França de Sarkozy.

E pois que o nosso compatriota Durão Barroso, que de actor político passou a ser unicamente um funcionário de Bruxelas , deixou fugir a oportunidade de impor uma política europeia, em nome de todos os Estados, permitindo o restabelecimento dos equilíbrio políticos e institucionais na Europa, só uma França agindo como contrapeso ao poder económico e político da Alemanha pode salvar a Europa do colapso. 

Para isso, é preciso que a iniciativa de Hollande, se for eleito, seja imediatamente apoiada pelo resto da Europa.

Portugal só tem a ganhar numa nova política europeia que favoreça o crescimento e permita renegociar as condições de pagamento da divida soberana. 

Senão, é a asfixia lenta dum povo que já não pode mais. 

Freitas Pereira

1 comentário:

Gonçalo Capitão disse...

E eis que, desta vez, estamos de acordo!
Salve-se a Europa!