quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Jogar Damão

Percorridas várias partes de Goa, convido o Leitor para um passeio por Damão e Diu.

Comecemos pela primeira localidade. A ela se acede por comboio, desde a estação central de Bombaim (Mumbai, nos dias que correm) até Vapi, localidade na qual terá que arranjar um táxi que o leve ao longo dos, pelo menos, dez quilómetros que faltam para pôr os pés em mais uma antiga terra “desse grande país que é Portugal”.


Outra nota preparatória tem a ver com a hotelaria que é genericamente fraca, mas que não compromete, se a estadia não for prolongada.

Na parte de Nani Daman pontifica o forte de São Jerónimo


e, no seu interior, a Igreja de Nossa Senhora do Mar. O primeiro está aberto; a segunda, o que não é raro por lá, abre a pedido, mas sem maçada alguma (se deixar algumas rupias à portadora da chave, o seu conforto não diminui e o agradecimento é sincero).


Já na parte de Moti Daman (a parte grande, portanto)


as atracções são em maior quantidade. Comecemos pela mais desconhecida pela generalidade dos portugueses: por lá encontrará, devidamente assinalada, a casa onde viveu Bocage! Um senão: está degradada por dentro (janelas arrombadas e o que parecem ser restos de trabalhos de construção civil) e pouco conservada por fora. Espera-se um diálogo luso-indiano na área da cultura (eu já tentei alertar quem de direito…).



Ainda no interior da muralha da fortaleza (que li ter trinta quilómetros quadrados!) a Igreja do Bom Jesus


e a Igreja de Nossa Senhora do Rosário encantá-lo-ão pela riqueza da nossa presença na Índia. Se a primeira já prende, a segunda deslumbra, mercê da riqueza do trabalho de madeira esculpida que pode admirar no altar, no tecto e nas paredes.



Uma nota: a igreja está quase sempre fechada e não existe ao redor qualquer curador. Porém, se procurar pelo senhor Colaço, numa das casas do lado, poderá aumentar as suas possibilidades de ter sorte, se falar em português. Este cidadão, que por esta altura já estará reformado da administração local, faz gala em dizer que só abre a igreja (mandou alguém de mota buscar a chave a qualquer outro ponto da cidade) pelos portugueses (perguntar-lhe-á com emoção: “português de Portugal?”) e jamais por qualquer outra nacionalidade. Mais ainda: o nosso amigo Colaço faz questão de falar da saudade que tem dos tempos da presença portuguesa por comparação aos dias que correm… Entretanto, prepare-se para conhecer a família e a casa, para ter uma visita guiada às ruinas do Mosteiro Dominicano (séc. XVI)


e para ser “intimado” a um passeio à esplanada na praia de Jampore. Aí chegado, haja coração… Vendedores ambulantes, camelos, burros e asas deltas… Há de tudo como na farmácia…

Fora das muralhas de Moti Daman (para Sul), a Igreja de Nossa Senhora dos Remédios (1607)


 e o Mercado Municipal Carlos Fernandes (1942) são duas explosões de cor (a primeira no interior e a segunda pela mescla de produtos e de vestes que por ali se avistam).



Mais uma vez, uma família, uma casa, bebidas e aperitivos…

Deixámos Damão com saudade…

Sem comentários: