segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Mobilizar [via Facebook] é o que está a dar

As redes sociais têm tido um papel fulcral nos protestos que grassam pelo Médio Oriente e Norte de África, o que chega a ser um bocadinho assustador. Através do Facebook, Twitter e semelhantes, a capacidade de mobilização da sociedade é tal, que acaba por estar na origem da queda de regimes no Egipto e Tunísia. No caso do Egipto houve quem, para comemorar o feito, baptizasse a filha com o nome Facebook, dado o relevo desta rede social naquele acontecimento. Por cá, e embora estejamos a falar de situações políticas diferentes, a mobilização via redes sociais também vai dando que falar. O Protesto Geração à Rasca, que terá lugar no Porto e em Lisboa a 12 de Março próximo, já conta com quase 19 mil pessoas «confirmadas» na página do Facebook criada para o evento. Resta saber se essas pessoas se mobilizam mesmo e aderem, ou se apenas se contentam em gostar da iniciativa, com a facilidade de um clic.

6 comentários:

Gonçalo Capitão disse...

Grande problema: por vezes, este género de organizações espontâneas perde as rédeas dos acontecimentos. Espero que não resvale para o radicalismo islâmico, no Norte de África e Médio Oriente!

Defreitas disse...

Dulce escreve : « o que chega a ser um bocadinho assustador. Através do Facebook, Twitter e semelhantes, a capacidade de mobilização da sociedade é tal, que acaba por estar na origem da queda de regimes no Egipto e Tunísia.”

O que é que há de assustador no facto que um povo utiliza os meios de comunicação modernos e eficazes para se libertar dos regimes corrompidos, tirânicos, ditatoriais, que os escravizam há dezenas de anos ?

E porque é que os regimes deste género têm o direito de “desinformar” os povos graças à dominação total dos media, que estão à “bota” nesses ^países, como nos tempos da minha juventude em Portugal, e que os povos não tenham o direito a outra informação mais larga e sobretudo mais verdadeira?

Um povo mais bem educado e mais bem informado nunca foi perigoso para a sociedade. Mas para a classe dominante, isso sim.

Cumprimentos

Freitas Pereira

Defreitas disse...

O comentário precedente sobre o temor que a « Primavera Árabe » pode criar no espirito dos ocidentais, leva-me a outro comentário que o caso Khadafi , da Líbia, originou aquando da visita que este satrapa fez a Paris, recebido por Sarkozy com todas as honras de um chefe de estado, mas um déspota que exigiu que a tenda beduína fosse implantada nos magnificas jardins do Palácio de Marigny.

Passei por acaso nessa época em Paris e ao contemplar esse espectáculo insólito e degradante para a França, não pude deixar de pensar no atentado do avião da PANAM , em Lockerby, na Escócia , e no do avião da UTA francesa no deserto do Teneré, claramente organizado por esse assassino.

A quem se perdoava tudo, por causa do gás e do petróleo !

Hoje, que os jovens libios utilizem a Facebook, Twitter e todos os meios modernos de comunicação para lutar contra regimes deste género , toma uma outra dimensão quando se sabe que são os jovens da geração Internet, que morrem às centenas nas ruas de Bengazi e Tripoli, as mãos nuas, contra os soldados de Khedafi, armados mesmo de armas pesadas!

Este exército que na realidade não é nada mais que uma milícia armada criada para o proteger assim como o clã que vive à sua volta.

Quem deve ter medo da queda futura de Khedafi são as teocracias e as monarquias dos outros países, o Irão e a Arábia Saudita, entre outros, que esperam e rezam com certeza, que o homem que eles detestavam ontem, que se considerava o “Guia’ da revolução islâmica,, que financiava os terroristas contra esses mesmos países e os nossos, não vai cair, porque se ele cai os próximos a tremer serão eles.



Freitas Pereira

Gonçalo Capitão disse...

Caro Amigo

Concordando com a sua análise, pergunto: não teme, tanto ou mais do que essas ditaduras, uma inspirada na cegueira religiosa e na ignorância?

Dulce disse...

Caro Freitas Pereira,

entendo esta capacidade de mobilização através das redes sociais «assustadora» no sentido em que pode tomar contornos complicados e pode até servir propósitos menos 'nobres'... mas claro que há que reconhecer que aquelas permitem que certos povos possam ter acesso a informação que de outra forma lhes é vedada e que isso pode significar um grande passo na sua liberdade de informação.

Quanto à Líbia, muito há a dizer... o que aconteceu ontem é inacreditável e estamos a falar de um país que está (imagine-se) na Comissão de Direitos Humanos da ONU... mas se durante anos andámos (o Ocidente) a fingir que por lá nada se passa, não me parece que seja agora que a 'nossa' posição mude... sobretudo estando o universo do petróleo como está....

Anónimo disse...

Dizer que em Portugal as pessoas se mobilizam para alguma coisa faz-me rebolar no chão de tanto rir. A menos que lá esteja o Tony Carreira a cantar, o Ronaldo a dar cabeçadas numa bola. Pode ainda dar-se o caso de aparecer cerveja de borla nas ruas, ou então um avião a lançar notas de 500 euros. De outro modo acho que por cá o facebook para quem o tem vai continuar a ser o suporte do farmville e outros jogos, para quem não tem nem quer ter trata-se de uma pirosisse da miudagem dos nossos dias... ó povo...