terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Transiberiano – etapa moscovita (III)

Como o PSD optou pela sensatez face à moção/número de circo do Bloco de esquerda e a Académica me deixa amuado, posso continuar com o relato da viagem recente entre Moscovo e Vladivostok.


E retomo o relato, precisamente, pela capital russa, que é, hoje, uma cidade onde de tudo se encontra, desde que se tenha uma bolsa (muito) bem recheada. Bem dizem os russos que, face ao custo de vida, Moscovo e São Petersburgo “não são Rússia”, diferença que pude constatar, dado o imediato estancar da hemorragia de rublos, assim que se alcançou a segunda etapa e seguintes.



Tirando isso, lá se alcançaram as vistas obrigatórias (Kremlin e seus obrigatórios museus,




mausoléu de Lenine,



Igreja de S. Basílio,


Museu Pushkin,



algumas da monumentais estações de Metro,




Catedral de Cristo Salvador, etc…),


depois de algo que jamais pensava suceder-me, por muito que visse na televisão: dormir pelos cantos e chão de um aeroporto, depois de sucessivos (creio que quatro) adiamentos da hora do voo da Aeroflot, dado que o aeroporto Sheremetyevo não possuía provisão de produto para descongelar a pista (algo que motivou a ira de Putin e Medvedev).


Felizmente, o aeroporto Schipol (Amesterdão) é exemplar, possuindo mesmo um pólo do Museu Rijks, e os bravos pilotos russos lá chegaram com o dito avião, 17 horas depois, para êxtase dos seus desesperados compatriotas que pulavam de alegria frente à janela da qual se avistava a aeronave (alguns esperavam há 2 dias).

Porque o primeiro desejo era um belo banho, calhou bem a pequena extravagância (devida a oportuna promoção) de repousar os ossos no Hotel Metropol (experiência recomendada). É colado à Praça Vermelha e ao Bolshoi (infelizmente ainda encerrado à data) e é um edifício clássico de exteriores e interiores de se lhes tirar o chapéu.


Como retratos rápidos, destaca-se a segurança rigorosíssima no acesso à Praça Vermelha, para as celebrações da passagem de ano, como se houvesse já noção do atentado de 24 de Janeiro, num dos aeroportos moscovitas. Naquela noite havia detectores de metais, centenas de polícias, proibição de bebidas alcoólicas e palco arredado na direcção do rio. Muitos cidadãos (presume-se que ébrios ou sem papéis um ordem) foram convidados para as dezenas de “city tours” organizados pela polícia russa, presume-se, com visita a uma cela incluída.


Já no mausoléu de Lenine, assaltou-me a ideia de que, apesar da permanente guarda de honra a cada mudança de direcção no seu interior, a solenidade dos militares é cada vez menor (foi a quarta vez que visitei o “camarada”), dando corpo aos rumores antigos de que, um destes dias, fecham as portas, como fizeram com o imenso Museu Lenine, encerrado em 1993. Não sei, por isso, que teria sucedido se o telemóvel (que me esqueci de entregar à entrada) tivesse tocado... Talvez já não fosse a crise de outrora, mormente porque a melodia de toque que tinha era o hino da URSS...

Quanto ao resto, os moscovitas estão mais cosmopolitas e dados a cada ano que passa (um funcionário que me vendia um cachecol da Selecção do País dos Czares, inclusive, “arranhava” o idioma de Camões, galhardete a que respondi, como pude, com a língua de Dostoiévski). Porém, não se engane: simpatia eslava jamais terá o calor latino!...

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