segunda-feira, 12 de outubro de 2009

O lato conceito de «vitória»

A julgar pelas manchetes da imprensa de hoje e pelo que leio pela blogosfera fora, devo ser das poucas que considera que o PSD perdeu as eleições de ontem. Sei bem que arrecadou mais Câmaras que o PS, que conquistou Faro e que "arrumou" com Fátima Felgueiras, mas que dizer das derrotas em bastiões como Barcelos, Leiria e Figueira? Já para não falar da derrota na Capital, ainda que renhida, reconheça-se. No total, o PS 'roubou' 27 (sim, vinte sete) Câmaras ao PSD. E chamam a isto "vitória"?

E que dizer dos resultados a nu? Sozinho, o PS arrecadou 131 Câmaras, contra 117 do PSD nas mesmas condições (sem coligações). Quanto a Juntas de Freguesia, o partido do Governo venceu em1580 contra 1525 do PSD.

Um partido como o PSD, que tinha nas eleições autárquicas uma espécie de bálsamo quando as demais batalhas eleitorais não corriam pelo melhor (como sucedeu nas últimas legislativas) viu-se ontem fragilizado e logrou números sintomáticos do estado de desacreditação em que se encontra. Não estou em crer que isso se deva única e exclusivamente à sua líder. Bem pelo contrário, tenho para mim que o problema do PSD é centrípeto. Parte das células concelhias e distritais e vai atacando, paulatinamente, em direcção ao centro. Temo-nos concentrado em "lavar a cara", mas isto não se resolve com a eleição de um novo líder, desenganem-se os mais ingénuos.

1 comentário:

luis cirilo disse...

E se a isso acrescentarmos a perda de câmaras como Leiria e Oliveira do Hospital (já para não falar de Viana do Castelo ou Olhão que não eram nossas mas onde o processo foi idêntico)em que a direcção nacional impôs os candidatos contra a vontade das estruturas locais temos bem a dimensão da tragédia que grassa do PSD.
Com uma direcção completamente alheada do mundo real.
Agora tem a Dulce toda a razão quando refere que o problema não está só na direcção nacional.
A inexistência politica da maioria das distritais e o estado anémico de muitas concelhias ajudam,e muito,aquela que considero ser a mais grave crise do PSD nos ultimos 32 anos.
Desde as "Opções Inadiáveis"