Já aqui escrevi sobre o que eu, no lugar da Dra. Manuela Ferreira Leite, não teria dito.
Surge agora outra declaração da líder do meu PSD que, no mínimo, é polémica. Leio no site da RTP que a Dra. Manuela terá dito que “Quando não se está em democracia é outra conversa, eu digo como é que é e faz-se. E até não sei se a certa altura não é bom haver seis meses sem democracia. Mete-se tudo na ordem e depois então venha a democracia”...
Vamos por partes, pois o caso tem pontas soltas:
- As afirmações foram proferidas numa ocasião (um almoço organizado da Câmara de Comércio Luso-Americana) em que a Premier laranja atacava a governação de José Sócrates, sublinhando que não podem fazer-se reformas que contendam com interesses de determinados grupos profissionais, virando a opinião pública contra os mesmos, no intuito de os fragilizar. No caso, acho que falava do sistema judicial.
- Era uma ironia dirigida ao modus operandi socialista tão fácil de entender que, vendo o video, se escutam com facilidade os risos da assistência.
- Alberto Martins (líder parlamentar do PS) sabe-o e foi oportunista; Luís Filipe Meneses queixou-se deste tipo de ataques e, agora, usa-os.
- Ninguém de bom senso acha que a Dra. Manuela defende, realmente, a suspensão da democracia.
- Toda a gente já pensou nisto, dada a sociedade corrupta e sem civismo em que vivemos. Pense-se até que, em contextos diversos, os Generais Garcia Leandro e Loureiro dos Santos já alertaram para o limite em que os nossos péssimos políticos (falo da média) estão a colocar o regime democrático.
- Concordo que uma pessoa com o traquejo político da nº1 social-democrata não pode "pôr-se a jeito" desta forma, mormente quando não tem vocação para dizer graças (a este nível só mesmo o insucesso de Durão Barroso, quando, no congresso de Viseu, comparou Santana Lopes a um misto de "Zandinga e de Gabriel Alves").
Feita a análise política, sublinho que o empolamento que os media estão a dar ao caso só pode trazer maus resultados para os próprios, a médio prazo, já que, ao acossarem uma política de elevado padrão ético e muita densidade política, estão erodir o resto da classe política que ainda preza a política com substância e que ainda estima a pluralidade de opiniões. E o problema ainda se agrava mais se pensarmos nos "consumidores de política" (leia-se, potenciais eleitores) que aí vêm, dada a ignorância mínima garantida que está a sair das nossas escolas...
Valia a pena era todos suspenderem a parvoíce, e não era por 6 meses...
2 comentários:
A Drª Manuela julgava os portugueses suficientemente inteligentes para perceberem o alcance da ironia. Mas na verdade, os portugueses são suficientemente burros para não perceberem que o conceito 'democracia' vêm minguando à medida que este Governo pousa a mão em tudo quanto mexe... De qualquer das formas, considero que MFL deveria dedicar-se, mais do que à ironia, a fazer frente a este Governo...
Reformar a comunicação social
É incrível como os media querem continuar a deturpar o que Manuela Ferreira Leite diz, e com isso tentar descridibiliza-la e até, ridiculariza-la. O que a líder do PSD disse, e bem, foi que "não se pode hostilizar uma classe profissional para de seguida ter a opinião pública contra essa classe profissional e então depois entrar a reformar".
Ora isto é exactamente o que o governo do PS está a fazer. Como sabe que as suas más reformas, vão ser contestadas pelas classes profissionais, Sócrates tenta denegrir a imagem destas na opinião pública, para depois os restantes portugueses ficarem de lado dele.
Para implementar reformas na Justiça, tentou fazer crer que o que estava mal eram os juízes e as suas férias compridas. Nada mais errado e ridículo. A fraca justiça tem a ver com tudo menos com a performance dos juízes.
Para implementar reformas na Educação, tentou fazer crer que o que estava mal eram os professores e a sua avaliação. Nada mais errado e ridículo. A fraca educação tem mais a haver com o facilitismo do que com o desempenho dos professores.
As palavras de MFL foram irónicas, no sentido de criticar a forma como Sócrates tem governado, e a maneira que tem adoptado para implementar as diversas reformas. Mais uma vez, a comunicação socratiana vem tentar arranjar um problema onde ele não existe, aproveitando para fugir á questão central... a forma errónea como este governo reforma.
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