Domingo de Sol. Esplanada de uma padaria em Matosinhos, perto da praia...
Uma mulher de cabelo loiro, claramente pintado, com uma t-shirt verde Islão que lhe acentuava a candura do rosto, aproxima-se e pede para levar uma das cadeiras que estavam desocupadas. Acaba por levar as três cadeiras.
Senta-se à mesa e, de imediato, surge um homem, de trinta e tal anos, calções beges desportivos, com bolsos laterais. Veste uma t-shirt estampada com motivos florais em degradé preto-cinza-rosa velho. Traz calçados uns carapins plásticos azuis-eléctrico (vulgo "azul PP"), com elástico sobre o peito do pé, daqueles que somos obrigados a calçar quando vamos visitar alguém ao hospital - normalmente no serviço de cuidados intensivos.
Ele senta-se à mesa com a mulher loira, e agora uma outra mulher também.
Aprecia a vista. Dobra-se e descalça os carapins, deixando pousados no chão empedrado os dois pés envoltos em ligaduras, que lhe deixam os calcanhares e os dedos expostos.
Pousa os carapins em cima da mesa - relembro que estamos numa esplanada.
Mais tarde, opta por apoiar os tornozelos no corrimão/parapeito da esplanada-
Chega um croissant com creme, que passa a divir o "loft" da mesa com os carapins azuis... lado a lado.
O croissant acaba por não resistir, desaparece. Mas os carapins... esses permanecem imóveis, agora com a carteira da loira por cima, não vá o vento fazer das suas!!!
É nestes instantes que eu tenho pena de não morar numa casa camarária em Lisboa. Moro num T3 em Matosinhos e os meus vizinhos têm ideias peregrinas como pôr os "sapatos" em cima das mesas das esplanadas, enquanto lancham... Se morasse numa habitação camarária em Lisboa, os meus vizinhos seriam pessoas polidas, educadas e com poder de compra para, em vez de usar uns carapins, comprar uns chinelos ortopédicos...
Como é agradável uma tarde de Domingo com Sol!
Uma mulher de cabelo loiro, claramente pintado, com uma t-shirt verde Islão que lhe acentuava a candura do rosto, aproxima-se e pede para levar uma das cadeiras que estavam desocupadas. Acaba por levar as três cadeiras.
Senta-se à mesa e, de imediato, surge um homem, de trinta e tal anos, calções beges desportivos, com bolsos laterais. Veste uma t-shirt estampada com motivos florais em degradé preto-cinza-rosa velho. Traz calçados uns carapins plásticos azuis-eléctrico (vulgo "azul PP"), com elástico sobre o peito do pé, daqueles que somos obrigados a calçar quando vamos visitar alguém ao hospital - normalmente no serviço de cuidados intensivos.
Ele senta-se à mesa com a mulher loira, e agora uma outra mulher também.
Aprecia a vista. Dobra-se e descalça os carapins, deixando pousados no chão empedrado os dois pés envoltos em ligaduras, que lhe deixam os calcanhares e os dedos expostos.
Pousa os carapins em cima da mesa - relembro que estamos numa esplanada.
Mais tarde, opta por apoiar os tornozelos no corrimão/parapeito da esplanada-
Chega um croissant com creme, que passa a divir o "loft" da mesa com os carapins azuis... lado a lado.
O croissant acaba por não resistir, desaparece. Mas os carapins... esses permanecem imóveis, agora com a carteira da loira por cima, não vá o vento fazer das suas!!!
É nestes instantes que eu tenho pena de não morar numa casa camarária em Lisboa. Moro num T3 em Matosinhos e os meus vizinhos têm ideias peregrinas como pôr os "sapatos" em cima das mesas das esplanadas, enquanto lancham... Se morasse numa habitação camarária em Lisboa, os meus vizinhos seriam pessoas polidas, educadas e com poder de compra para, em vez de usar uns carapins, comprar uns chinelos ortopédicos...
Como é agradável uma tarde de Domingo com Sol!
7 comentários:
Sarinha, adorei a tua descrição do cenário, ao melhor estilo "Eça de Queiroz". O pormenor é sempre importante, e tu não deixaste escapar nenhum.
Quanto ao objectivo do texto, não posso deixar de dizer que foi conseguido. De uma forma cínica e engraçada, como só tu sabes ser em certas ocasiões.
PS(D) - A referência ao teu PP também não podia deixar de estar presente... :)
Antes de mais, bem aparecida seja, Drª Sarinha! ;)
Um regresso num tom irónico e divertido :) que já hoje me fez aprender uma palavrinha (carapins?!!)
Tive que ir ao dicionário!
___
Carapins (masculino plural decarapim)
s. m.,
chinelo de liga;
sapatinho de croché para criança;
sapatinho, carpim, crepim, peúga.
___
E para terminar, uma curiosidade: já que não vives numa zona de 'gente polida', ao menos isso abona a teu favor na renda da casa? I.e., anda à volta dos 'avultados' 30 euros das casas camarárias da Capital?...
Dulce Alves gostei do comentário: "aprendi uma palavra... carapins". Ai ai mouraria... :)
Tenho a certeza que no Porto, com o Rui Rio, há muitas casas a 30 €. Mas não é para os vereadores, directores de serviço, nem para gente trabalhadora e bem sucedida como a Sara ;)
No Porto, essas habitações serão com toda a certeza para quem mais precisa. Quem precisa realmente.
30 euros?!?!?!?!? Isso é um roubo... pago 15! ;)
LOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOL
Pagas 15 € mas é de água... Na renda, põe mais 2 zeros e já acredito...
LooooooL
Sarinha,
Embora o tópico do post seja aparentemente sobre as rendas da capital, eu continuo a achar que tu só o escreveste por causa de duas letrinhas: PP!!!
;)
Dra. Sarinha
Tens que reconhecer que, há uns dois anos, quando deglutimos à pressa (ía eu ver a Briosa a Paços de Ferreira)uma salada no Ourigo, fui bem mais asseadinho...
Bem, mas eu sou um amigo... O dos pés é fetiche, já percebi :)
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