sexta-feira, 21 de março de 2008

O administrador do "Lodo" em grande forma

Quem acompanha este espaço desde os seus primórdios pode constatar o fervor e a paixão academista do Gonçalo, facto que o leva a integrar uma das listas candidatas ao próximo conclave do OAF/AAC.
Mas como não há bela sem senão, ainda para mais no meio da bola, um tal de Pompeu resolveu rematar tendo como baliza a coerência do nosso administrador.
Gonçalo, não leves a mal, mas a resposta merece subir ao prime-time do Lodo.

Gonçalo Capitão

Pompeu e os frangos

Pedindo desculpa ao insigne comedouro da Malaposta por fazer uma brincadeira com base no seu nome comercial, a verdade é que me parece o mais adequado para, com alegoria futebolística, abordar o artigo em que, na edição de 6ª feira passada do “Diário de Coimbra”, Fernando Pompeu aproveita (com correcção, reconheço, esperando que ele veja o mesmo nestas linhas), reportando-se à última Assembleia-Geral da Briosa, para depreciar a minha tomada de posição em favor da presunção de inocência que deve, à luz da Lei, beneficiar o Presidente, José Eduardo Simões.

A verdade é que o dito texto, espremido, tem pouco que se veja, parecendo que Fernando Pompeu (ex-dirigente da AAC, ao tempo de Campos Coroa, para efeitos de enquadramento do leitor) assegurou mal a sua defesa, dando o que na gíria se chama uma série de “frangos”.

Senão, vejamos: o título, em si, é indiciário da mistificação que o autor pretende criar; ao titular “A Briosa, os políticos e o Código Penal”, Pompeu pretende, como veremos, colar-me à minha intervenção política, procurando ficar com o penhor do academismo puro. É, pelo menos, o que se deduz quando, mais adiante, insinua – pese embora prometendo “dar a mão à palmatória”, em caso de erro – que não me viu defender Valentim Loureiro e Isaltino Morais, quando Marques Mendes, então líder do PSD, os afastou da candidatura pelo meu partido às eleições autárquicas de 2005.

Aqui, antes de mais, revela-se a falta de método e de trabalho do meu ilustre consócio. Bastaria uma busca no meu blog (já que, pelos vistos, não faz fé na minha coerência, de que tanto me orgulho), para ler que, a 6 de Maio daquele ano, escrevia que “o critério no eixo Isaltino – Valentim – Damasceno carece de explicação, uma vez que qualquer arguido beneficia da presunção de inocência, até trânsito em julgado da sentença condenatória, seja qual for o grau de suspeição” ( cfr. http://lodonocais.blogspot.com/2005/05/x-files.html). Ou seja, não só falei do assunto, como até acentuei a discriminação no caso da Edil de Leiria.

Porém, Fernando Pompeu pode ficar descansado pois não há palmatória tão tosca que mereça a desqualificação de lhe causticar as mãos, já que o objectivo era, desde sempre, lançar lama sobre a minha imaginada incoerência, sabendo que ninguém, de entre os que se dão ao suplício de o ler, faria a arqueologia política que ele próprio não quis fazer.
Convém, em segundo lugar, que se diga o que motivou a minha intervenção, se me é permitida a analepse: tudo se precipitou quando um estudante perguntou a José Eduardo Simões como se sentia com as suspeitas que sobre ele impendiam (não tendo dado o destaque que Pompeu, qual maquilhadora profissional, pretende afirmar que foi dado aos eventuais reflexos das ditas sobre a imagem da Académica). O tom e os termos da demanda insinuavam claramente uma opinião negativa sobre a permanência em funções do Presidente, não sendo claro o que o autor diz, quando sublinha que nem ele nem o estudante inquisidor alguma vez haviam posto em causa a presunção de inocência do engº Simões.

Mas ainda que a salvaguarda tivesse sido óbvia, várias aclarações seriam pedidas: como sabe o espírito da pergunta feita, presumindo eu, em abono de ambos, que não foi “encomendada”? E que resultados adviriam para a imagem da Briosa se, fazendo letra morta da sua história cívica impecável, se substituísse ao veredicto judicial, julgando antecipadamente o seu Presidente?

Eu próprio sublinhei que, na altura do conhecimento público dos factos, ponderei o assunto e, havendo concluído (enquanto Presidente do Conselho Fiscal) que nada de anómalo se podia vislumbrar nas contas da Briosa, decidira permanecer no posto. Foi também por isso que sublinhei que não falava como amigo do engº Simões (que não sou no sentido estrito do termo), facto aproveitado por Pompeu para erguer mais uma estaca do seu circo...

Mas, ainda podemos inquirir-nos um pouco mais sobre a fibra ética de Fernando Pompeu... Por que é que não dedica uma linha ao Presidente da Mesa da Assembleia Geral? Efectivamente, o dr. Almeida Santos ainda foi mais longe do que eu, dizendo que não só defendia a presunção legal, como acreditava na inocência do engº Simões. Uns dirão, a este respeito, que Pompeu padece de falta de coragem, mas eu limito-me a registar, com tristeza, a fraca figura que fez...

Nota final (até porque, diga ele o que disser, daqui não há mais atenção, por muito que dela ande carente) para a última linha do famigerado artigo, onde Pompeu escreve “Porque não disse tudo isto na AG de ontem? Simples: o tal clima pré-comício do Engenheiro Simões teria ‘engolido’ as minhas palavras”. Ora, a mais de o ambiente ter sido cordato (nem o dr. Almeida Santos permitiria outra coisa) – mesmo quando a deselegância apareceu na forma da pergunta de que falei – tal demonstra bem a frontalidade de quem o escreve. E já que gosta de analisar, ainda que mal, o meu passado político, relembro que apoiei Santana Lopes, quando tal era “crime” no PSD, e que, no Congresso da Póvoa do Varzim, fui voz quase isolada no ataque à liderança de Marques Mendes. Eu não tenho medo do “clima”, por muito quente que seja, caro Fernando Pompeu...

3 comentários:

Gonçalo Capitão disse...

Ao menos um blog onde não falam mal... :)

Dulce disse...

Ricardo,

E que defesa oportuna, sensata, incisiva e genial, a do Gonçalo.
Pensando bem, que outra coisa se poderia esperar do nosso mui Digno Administrador?!

Gonçalo,

bem sabes que a calúnia e a injúria são as armas dos ignorantes... e nada como responder àquelas (e àqueles) com uma boa dose da tua inteligência e do teu nobre carácter, coisas que tanto escasseiam no mundo do futebol.

Gonçalo Capitão disse...

Diz-me um amigo que, anonimamente (algo que é legítimo por lá), procurou criticar o texto original de Fernando Pompeu, num blog que o albergou. O giro é que nenhum dos comentários foi publicado. Ou seja, sobre democracia, estamos conversados,embora, como digo no texto, jamais volte a responder ao mesmo cidadão (regra que sigo há anos).

Obrigado, Isabelinha (aka Dulce Alves) ;)