segunda-feira, 17 de março de 2008

(Ainda) o maldito Acordo Ortográfico

"O governo quis cumprir calendário e assobia para o ar a fingir que não entende a asneira. O prejuízo será para a Economia Nacional. " Vasco Teixeira (in Expresso)

“As implicações que isso tem do ponto de vista económico acabam sempre por sobrar para os países mais pobres.” Mia Couto

“(...) porque, muito embora o PR não seja linguista nem filólogo (eu também não sou), bastaria um simples exercício de bom senso para se ver que o Acordo não assegura nenhuma espécie de unidade, antes vai tornar mais sensíveis as divergências..." Vasco Graça Moura

“Eu acho que se podia dispensar este acordo. Escrevo em português e penso que os portugueses vão continuar a escrever - sobretudo os da minha geração - no código em que foram ensinados. Na minha idade (84 anos), não vou agora mudar para uma ortografia - digamos comum”. Eduardo Lourenço
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Ainda a propósito do Acordo Ortográfico, eis que constato que mais vozes se levantam contra este absurdo que nos impingiram já lá vão dezoito anos... Um bafiento tratado que, como bem dizem Vasco Teixeira e o escritor Mia Couto, vai prejudicar a Economia. À conta destes caprichos, esperam-se elevados custos: desde a adaptação de livros e dicionários à nova grafia, à re-aprendizagem ortográfica por parte de milhões de pessoas, ao desperdício de milhares de livros que o Governo acabou de adquirir para o Plano Nacional de Leitura e às bibliotecas escolares que terão que ser substituídas -porque não é concebível que as crianças aprendam uma grafia e a leiam outra diversa...

Não serve o argumento do aumento do prestígio internacional da língua (alguém me explica isto?) da mesma forma que também não serve argumento já debatido aqui, de que é desejável a unificação desta nossa língua ocidental que tem duas variantes ortográficas.

Se desde sempre isso ocorreu e nunca tal impossibilitou a comunicação entre as gentes da CPLP, por que raio invocam a “compreensão” como argumento?
Há décadas que devoramos as novelas da Globo e nunca ouvi ninguém queixar-se da compreensibilidade da trama.
Os brasileiros lêem - ou deverei escrever ‘leem’? – Saramago* sem qualquer tradução.
Querem melhores provas de que os entendemos bem?
Sem acordos, sem fusões, supressões e demais complicações!!

* Curiosamente, este é partidário do Acordo Ortográfico... - que mais se poderia esperar...?!

1 comentário:

luis cirilo disse...

Cara Dulce:
Numa atitude que admito de egoismo individual estou-me nas tintas para esse famigerado acordo.
Continuarei,até ao fim dos meus dias,a escrever como apreendi na escola primária.
Parágrafo !