quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Agri-Cultura de Coimbra

Dei comigo a ver a ver o blog coimbrão "Amigos da Cultura", que critica a alegada ausência de política cultural por parte do executivo presidido por Carlos Encarnação.

Sou do PSD e, como nos casamentos, nos partidos há deveres de lealdade (adoro estes silêncios que ferem os ouvidos...).

No entanto, limito-me a sublinhar que, independentemente da inclinação canhota da sua participação cívica, não me parece dispicienda a plêiade de figuras gradas da cidade que subscrevem a "reencarnação" cultural, como, por exemplo, Abílio Hernandez (ex-Comissário de "Coimbra Capital da Cultura"), António Arnaut (que, depois do Serviço Nacional de Saúde, vê o "serviço municipal" de Cultura em apuros), António Marinho Pinto (porque o circo também é arte...), Joana Amaral Dias, Joaquim Gomes Canotilho e Reis Torgal, num total, à data de hoje, de 1.143 subscritores (um número "nacionalista", diria eu).

O que parece ainda menos de deixar passar em claro é a reacção de um partisan do meu partido, de seu nome Marcelo Nuno Pereira, vereador do ora visado Carlos Encarnação, que afirmou (segundo o blog que, por seu turno, cita o jornal "Campeão das Províncias") que "há um conjunto de pessoas que se considera a elite, acha que sabe mais que os outros e consegue ter acesso a mecanismos de pressão, organizando conferências, debates, escrevendo artigos e promovendo abaixo-assinados”.

E nem é que não seja "bonito" ver o dr. Marcelo Pereira a continuar a cumprir diligentemente a sua função de "polícia de choque", mas me parece que talvez fosse de escolher para arauto alguém que, na volta do correio, respondesse com pergaminhos ou ideias de Cultura...

E mais não digo, porque mesmo que não gostemos de um "primo", ele não deixa de ser da "família" (partidária, entenda-se)... Para além disso, o dr. Marcelo Pereira é vereador e eu não, o que faz supor que esteja bem mais habilitado, inclusive na área da Cultura, onde, por certo, um dia fará história (juro que não estou a sorrir!!!).

4 comentários:

JAbreu disse...

Quando a fonte pública seca até o mar potuguês tem sede.
A luta para a Câmara de Coimbra está na rua.
Quem oito anos de marasmo deu à cidade, quatro anos parecem um justo período de nojo para voltar à carga. Nem que seja pela cultura.
Que Cidade!!!

Dulce disse...

É curioso que ainda há dias comentava com um gestor/programador cultural que Coimbra não tem um rumo no que respeita à Cultura.

Mesmo para quem não tem grande ligação à cidade (como era o caso de ambos) a coisa é tão flagrante que nem aos olhos dos forasteiros escapa.

Tal falha torna-se mais grave quando estamos a falar de uma capital de distrito, principal cidade da região Centro do país, símbolo ímpar da cultura portuguesa, outrora Capital da Cultura, cidade de estudantes e berço de tão nobres portugueses (Torga, por exemplo).

PS - gostei do "porque o circo também é arte" ;) lol

luis cirilo disse...

Não tendo nada com isso,não conhecendo a realidade cultural de Coimbra (embora lá vá,a Coimbra,com bastante frequência)e não podendo portanto avaliar de que lado está a razão uma coisa sei:
Sempre me fez muita impressão a forma como a esquerda gosta de se apropriar da cultura.
Na velha dicotomia esquerda=cultura e direita = ignorância , as chamadas élites culturais sempre tiveram uma visão sectária e pouco culta da actuação do poder autárquico ou governos quando não são da sua cor politica.
E por isso,e até porque nunca vi essas elites culturais resolverem problemas de especie nenhuma,olho sempre para essas questões com alguma prudência.
Porque como cidadão contribuinte estou farto de ajudar a pagar filmes que ningûém vê,peças de teatro sem espectadores ou livros que ninguém lê.
Repito;Não sei o que se passa em Coimbra.
Sei que a piada do circo é divina.

Gonçalo Capitão disse...

Pois, Luís...

Então espero que possas mover a influência, pelo menos, consultiva que terás sobre o Primeiro-Ministro Menezes para que o nosso partido deixe de ser alarve nos termos e fuínha no orçamento, quando chegar à parte da Cultura.

Tirando o consulado de Santana Lopes - que é um "protagonista" por excelência - jamais soubemos dotar a Cultura de meios suficientes para que seja democrática.

Acabar com a subsidio-dependência não é sinónimo de asfixiar a Cultura.