terça-feira, 24 de outubro de 2006

Aún hay lodo en el muelle *

Não sei se já sentiram o mesmo, mas parece crescer o número de jovens cidadãos portugueses entre os vinte e os quarenta anos que, em conversas de café ou em alocuções mais estruturadas, começam a dizer pérolas do género “quem me dera ser espanhol” ou “estávamos melhor se fossemos uma província de Espanha”.

Evidentemente, digo isto sem esquecer que, embora com versões e correcções para todos os gostos e feitios, um ministro do actual Governo, Mário Lino, se declarou iberista, com a força política que as palavras ganham quando ditas por um governante.

Em boa verdade, nem para outro fenómeno queria eu alertar, quando sublinhei, no último congresso do PSD, que a Espanha está a conseguir por modo pacífico o que nunca conseguiu pela via agressiva, ao longo de uma história vicinal. Basta olhar o sector energético, a moda, e por aí em diante…

Vamos então conservar a bola a meio-campo e tentar perceber se é de atacar ou tempo de jogar à defesa…

Desde logo, arrasa quem começa por comparar os níveis de vida. Os vizinhos do lado ganham (muito) mais e gastam (muitíssimo) menos a atestar o depósito e a encher a despensa. Aliás, não há muito tempo, jantava nas cercanias do museu em que acabara de ver uma soberba exposição denominada “Rusia!” (Rússia) - falo do Guggenheim de Bilbau – e sou interpelado pela constatação de um amigo que me alertava para o quão caros achava os bocadillos, as tapas e todas aquelas comidas às prestações que fazem nuestros hermanos lamber os beiços… Como se tomado por um ataque de clarividência, cerce desmistifiquei o veredicto; bastou chamar a sua atenção para o facto de as mesas povoadas por espanhóis (todas, excepto a nossa, tanto quanto pude aperceber-me) estarem cheias de pratos e pratinhos. Resignados, concluímos que nós é que estamos (comparativamente, pelo menos) bem mais pobres…

Em segundo lugar, não falta que diga que muito do que podemos legislar ou fazer é, já hoje, ditado por Bruxelas, pelo que sermos uma província autónoma do país de Zapatero em nada apoquentaria, já que seremos, cada vez mais, uma província federada da União Europeia. A vantagem, na óptica dos cultores desta linha de raciocínio, era colhermos as prebendas de Madrid, numa espécie de epitalâmio que nos levaria a votar para o inquilino da Moncloa (sede do governo espanhol) - a residência de São Bento seria para o presidente da junta autónoma, calculo.

Por fim, os adeptos do casamento ibérico assestam baterias contra o alegado provincianismo alheio, afirmando que o discurso “patrioteiro” de muitos políticos nacionais tem a ver com o receio de perderem os lugares e sinecuras, dada a mediocridade reinante e a dimensão do “mercado político” numa escala peninsular. Este argumento, em meu entender, é o mais fraco de todos, já que, se é verdade que grande parte da geração que domina a política actual faz tudo para se agarrar o lugar, o receio tem mais a ver, salvo melhor opinião, com o facto de muitos se terem vindo a eternizar sem acautelar um lugar profissional de recuo. De facto, parece-me que a maleita magna da nossa vida pública é geracional e explica-se com as oportunidades de carreira do pós-revolução.

Entrando na contra-argumentação, faz-me confusão pensar que milhares de portugueses morreram em batalhas, navegaram para mundos desconhecidos e criaram pérolas do saber em vão. Não estou preparado para entregar de graça algo por que tantos pereceram e a que outros consagraram uma vida.

Acresce que estou em crer que nem o clássico “mercador de Veneza”, que queria cobrar a onça de carne ao devedor, trocaria a pátria por uma viagem mais barata a Lisboa ou mais sumos no armário.

Sendo algo de idiossincrático confesso que nem sei bem explicar a certeza de que não quero ser algo senão português; mas disso estou bem seguro.

Há, porém, algo em que ambos os lados da barricada estão irmanados: a necessidade de preservar com muito mais vigor a nossa identidade cultural. Até os que vêem bom vento e bom casamento a vir do quintal vizinho vão dizendo que sempre seríamos autónomos na língua e cultura. Eu, na minha insignificância, já venho dizendo que é com cultura que se defendem as fronteiras actuais, de há muito a esta parte.

Correndo o risco de desagradar a todos, sublinho que não vejo que os nossos decisores o saibam, de tão ridículos que continuam a ser os orçamentos para a cultura. Talvez seja assim que, um dia, um destes posts venha a terminar com um “hasta la vista”!...
* Em boa verdade vos digo que o título deste post é uma tradução "selvagem" para espanhol. O título do filme que (também) inspirou o baptismo do blog ("Há lodo no cais) é, na lingua de nuestros hermanos, "La ley del silencio". Em inglês é mesmo "On the waterfront".

7 comentários:

Luis Cirilo disse...

A questão do iberismo,que se porá nesta ou na proxima geração,merece um debate de ideias longo,intenso e profundo.
Porque,embora partilhando da tua opinião sobre o assunto,tenho consciencia que a tua geração é a ultima que tem um pensamento tão claro sobre o assunto.
Os jovens na casa dos 20 anos já nao estão assim tão convictos disso,por força das várias globalizaçoes que por ai andam,é certo,mas também porque o nosso Portugal (aquele que apreendi do Minho a Timor !)lhes oferece cada vez menos perspectivas,menos esperança,menos optimismo.
E um parceiro aqui ao lado,forte,desenvolvido e em crescimento acelarado oferece visões tentadoras.
E é esse o problema para que estes e os proximos governantes deste país terão de olhar,tambem numa perspectiva cultural,de forma muito séria.
Antes que seja tarde.
Agora,numa perspectiva bem humorada que faz parte da nossa amizade,reconheço como tentadora a perspectiva de uma selecção ibérica com o Casillas na baliza,o Puyol ao lado do Ricardo Carvalho,o Xavi ao lado do Maniche e do Deco e na frente o Ronaldo acompanhado pelo Raul e pelo David Villa.
Treinados pelo José Mourinho festejariam o titulo mundial nas ruas de Guimarães,capital indiscutivel da Ibéria !
Sonhos ?
Talvez...

Dulce disse...

Muito pertinente, este post..!!

Estou por terras andaluzas há pouco mais de um mês e este tema “Portugal/Espanha, qual shampoo 2em1” tem-me dado que pensar. Poucos dias depois de ter chegado, conheci uma sevilhana que, detectando a minha nacionalidade, exclamou: “Sabia que um em cada três portugueses quer ser espanhol?” ... ... (Não lê o português ‘Sol’, mas vê as reportagens da ‘Tele5’, vim a descobrir!...)

Mal tive tempo para recuperar do ‘choque’ – não estava a par da sondagem, que saíu dois dias depois de ter chegado aqui.
Mas no meu parco espanhol, lá lhe respondi que ‘não, que não sabia’. E que não partilhava desse “suposto” desejo dos meus conterrâneos. Acrescentei ainda, que se esse matrimónio algum dia, porventura, se viesse a realizar... eu estaria na ‘igreja’ naquele decisivo momento do ‘se há alguém que esteja contra, que se pronuncie agora ou se cale para sempre”. E não me calaria, com certeza...

Fiquei a remoer este dado do ‘um em cada três portugueses’ ainda durante algum tempo, imbuída numa espécie de revolta. Já não bastava isso, um dia destes ao folhear o jornal descubro uma coluna de opinão, cujo artigo se intitulava “Una Autonomía llamada Portugal”...

E que dizia o seu autor?
Bem... para começar falava nos tais “um em cada três portugueses... ...” ... ... Depois acrescentava, ironicamente (ou não...), que os restantes ‘não querem ver os espanhóis nem pintados’ e, concluía com um: “fazem bem!”.

Seguia dizendo que apesar dos séculos de encontros e desencontros, o “repentino aproximar dos nossos vizinhos não é assim tão incompreensível”. Prossegue (e perdoem-me a preguiça em traduzir, mas não é dificil entender e até soa melhor – ou quererei dizer ‘pior’? - no original): “Bien mirado, si se integrasen en España como una realidad nacional más, a sumarse a las 17 actuales, su renta per cápita subíria un pico.”
E remata: “ Y a quién le desagrada llevarse al bolsillo unos euros de más?”... ... ...
O artigo segue citando as vantagens do ‘casamento’ (alguém considera que um casamento traga vantagens?!! Só mesmo no que respeita a beneficios económicos..!!): “(...) No perderían precisamente mucha autonomia respecto a la que ahora gozan”, blá, blá, blá, blá, blá, blá...


Por fim, termina com um surpreendente:
“Si los portugueses, vencidos sus remilgos independentistas, entrasen en esta puja autonomista española, a lo mejor acababan por ser ellos quienes se llevasen el santo y la limosna. Así que anímense ya de una vez.” ... ... ...

Com o passar dos dias, por aqui (e pelo que vejo também aí) muito se escreveu, muito se falou e comentou sobre este novo-iberismo... que no fundo, sejamos sinceros, se trata mais de um interesse meramente económico do que outra coisa.

Tal como a si, Gonçalo, custa-me a crer que os portugueses tenham vontade de sacrificar a sua identidade por meia dúzia de tostões...

Tal como a si, também a mim me faz uma enorme confusão esta leviandade com que alguns (ainda que não acredite que seja os tais “um em cada três”) portugueses encaram a sua pátria, a sua nacionalidade, a sua língua, a sua cultura, os seus costumes... todo um conjunto de coisas de que nos devíamos orgulhar. (E, saliente-se, não temos assim taaaaaaanta coisa do que nos orgulhar...)

Tudo, porque, e citando o Gonçalo, querem “mais sumos no armário”.
Ou vestir Zara da cabeça aos pés por menos uns euros..!
Parece que nesse cantinho luso prossegue a velhinha ideia de que “a galinha da vizinha é sempre melhor que minha”. Será?! ... Já que estou numa de frases feitas, apetece dizer: “nem tudo o que parece é...!” ...

Além do mais, a minha (indomável) curiosidade faz-me pensar no que sucederá no 1º de Dezembro que se aproxima. Na data em que o país comemora precisamente a Restauração da Independência em relação a Espanha, estou mesmo a ver (!!!) os tais “um em cada três portugueses” a abdicarem da sua sexta-feira feriado... ... ...

Enfim, é caso para dizer que os portugueses não tem literalmente “Portugal no Coração”. E não, não falo do programa televisivo, cuja fama se deve essencialmente aos atributos de (ironia das ironias!!) uma espanhola de seu nome Merche. Mas do sentimento patriota que julgava ser inato a todos os portugueses, e que julgava, igualmente, que todos o preservavam com o devido afinco...
Como ando iludida!!!..

Gonçalo Capitão disse...

Bem, bem... Dois comentários de luxo.

Aqui vai a réplica.

Luís:

A questão do gosto pela reflexão é, de facto, premente. Muita gente, dada a parafernália tecnológica muito orientada para o entertenimento, já nem raciocínia sobre a vida.

Na altura em que escrevi a minha tese, conheci melhor a obra de um eminente politólogo, Giovanni Sartori, que fala inclusive na transição do homo sapiens (o que ainda raciociona) para o homo videns (aquele que bombardeado por este "admirado" mundo novo, perde a capacidade de abstracção).

O problema é que hoje, nem que seja com crédito por telefone, tudo se compra. E vivemos na multidão, cada vez mais sozinhos. O conforto pessoal é mais fácil de adquirir do que a ética reflexiva.

Mas como vês, a Dulce é bem mais nova do que eu e faz aqui uma boa análise do tempo que corre. Ou seja, eis uma jovem dirigente que, tendo estado na Universidade de Verão, nos faz pensar que não podemos embarcar no fatalismo que, aqui e além, toma todos nós, os portugueses.

O resto é o nosso fado de gente que olha com inveja o "ter" e não o "ser".

Quanto ao futebol: há alguns desses nomes que, de bom grado, veria na Briosa...



Dulce:

Um abraço. Vimo-nos, mas não nos falámos na Universidade de Verão, por onde tive a mais episódica das passagens.

Eis que o diálogo se estabelece de uma forma que enobrece o "lodo" e que agradeço.

Esse "ollho gordo" dos espanhóis sobre nós é antigo. Há muito que, na academia militar, os cadetes têm como um dos exercícios tácticos mais conhecidos teorizar a invasão de Portugal (o problema é que, hoje, bastariam horas, quando ainda nos tempos do Doutor Salazar eram necessários dias...).

A grande e letal inovação é o canto de sereia constante da forma adocicada como agora nos invadem com "n" marcas e empresas.

E nem vejo que alguma supremacia seja um anátema, se tivermos o dinamismo de lhes "impingir" a Galp, a Renova, a Compal, etc...
Eles sempre terão mais volume de negócios, numa economia aberta.

Tudo se reconduz ao nosso jeito calaceiro do "deixa andar" que, por vezes, nos faz parecer albaneses endinheirados.
Temos de apostar mais nas qualidades que nos tornaram singulares, mas que, desgraçadamente, só avocamos em tempos de aflição ou de extâse, como Timor ou as campanhas da selecção.

Quanto a sermos uma autonomia, talvez se entusiasmassem menos os moços dos caramelos, se lembrassem as palavras do administrador provincial romanos que nos classificou como um povo que não se governa, nem se deixa governar.

Falando mais a sério: em meu entender, é com empenho cívico como o da Dulce que chegaremos a uma progressão geométrica de massa crítica.

Todavia, receio que o ritmo seja demasiado lento para a nossa sociedade mediatizada. Teriamos que ter liderança.

Nem de propósito; Dulce e Luís: qual é a opinião de Marques Mendes, José Sócrates e Ribeiro e Castro (já nem falo da nossa aparvalhada extrema-esquerda) sobre o assunto?

el s (pc) disse...

Caro Gonçalo:

O mais inquietante não é para mim haver um grande número de pessoas a dizer que quer ser parte de Espanha (ou propor D. Sebastião para grande português pela clarividência de morrer para sermos partes de Espanha). Não é inquietante que se esqueçam as guerras e mortos da nossa independência porque no Reino da Aragão passou-se mais ou menos o mesmo. Certo que com a união perderam o domínio sobre o Sul de Itália, mas a Catalunha não deixou de defender a sua língua.

O que me inquieta é mesmo esta ideia de que de facto estaríamos melhor se fôssemos parte de Espanha. Como se da união ibérica nós automaticamente melhorássemos a nossa qualidade de vida sem nos esforçarmos, sem trabalharmos, sem nos sacrificarmos como de facto Espanha o fez(lembram-se dos 21%de desemprego necessários para a restruturação industrial?).
Parece que depois da pimenta da Índia, do ouro do Brasil, do marfim Africano e dos fundos da UE, que enriqueceram sem esforço os que cá ficaram, aí está a nova galinha dos ovos de ouro: sermos parte de Espanha.

Pois bem, a única vantagem de sermos parte de Espanha é ensinar a esses portugueses que teriam de se esforçar, de estudar, de trabalhar arduamente pq é disso que o crescimento Espanhol é feito.

el s

Gonçalo Capitão disse...

Caro Sniper:

Brilhante! É isso mesmo!...

Rui Miguel Ribeiro disse...

Eu NÃO acredito que 1 em cada 4 (a sondagem refere 27%)Portugueses se vendessem por um prato de lentilhas. Excepto num filme de Woody Allen, não me lembro de nenhum país digno desse nome que entregasse as chaves do castelo ao vizinho para ganhar uns cobres extra.
Vou mais longe: acredito mais na desintegração (ou esfarelamento, implosão, desmoronamento, desconstrução) da Espanha do que na União Ibérica).
Já agora, se se trata de abdicar da independência e identidade nacionais, sempre podíamos tentar uma união com um país mais rico, como a Noruega, a Dinamarca, ou a Suécia: não têm bocadillos, mas têm outras coisas bem melhores!

freitas pereira disse...

A Europa não se construirá descontruindo as nações mas federando as nações.

Mas posso compreender a visão futura do Sr.Luís Cirilo, que vê a entidade ibérica , um dia, sobrepôr-se à nação. Para o evitar ou modular, é preciso acabar a construção da Europa, que necessita dum poder político forte.

Mas para chegarmos a um poder central forte, europeu, as nações deverão aceitar de perder certas parcelas de soberania. No caso contrario, se o egoísmo de uns e o nacionalismo exacerbado de outros não permitirem a Federação, a Europa nunca se fará. Ou será aquilo que vemos hoje : um grupo de interesses económicos liderado pelas grandes empresas multinacionais.

Senão, será a lei do mais forte - económica, e não militar - que moldara pouco a pouco as nações mais pequenas ou mais fracas. A Espanha começou a fazê-lo em Portugal, com os seus 40% de investimentos, ( a comparar aos 16 ou 18% da Alemanha e os 15 ou 16% da França).

O intercâmbio cultural, o sistema Erasmus, e outras instituições europeias, permitindo à juventude de hoje uma mistura mais larga das populações europeias, podem muito bem ser o fermento da futura Europa. Não me parece que as particularidades - língua, costumes, religião, historia - corram o risco de desaparecer numa Europa Federal.

Constatei durante muitos anos, por esse mundo fora, que um Português, onde quer que ele esteja, e qualquer que seja o seu nivel social e cultural, fica sempre um Português. A sensaçao vaga de pertencer a um Povo que teve uma tao grande Historia ? Nostalgia desses tempos heroicos grandiosos ?
Orgulhoso, embora humilde? Nao sei.

Quem conhecer um pouco a historia dos EUA, a referência neste tema, sabe que após o desastre da primeira Confederação, foram os federalistas , Washington, Adams, Franklin, Jefferson, que depois de terem combatido pela independência , salvaram a União, apesar das diferença económicas entre o sul agrícola e o norte industrial, diferenças que foram a causa da guerra civil e que foi o preço a pagar.

A Europa não está na mesma situação, porque a sua construção começou ao contrario, o que a torna mais difícil:- Na América a organização da comunidade começou pelo Concelho (County,? ) antes do Estado, e o Estado antes da União. Na Europa, os Estados já existem, com todas as suas particularidades, e a partir daqui queremos fazer a União.

Por isso espero bem que seremos capazes de voltar ao objectivo da Constituição Europeia, que está para o momento empanada devido a conflitos de interesses materiais, egoismos vários e falta de espirito de compromisso.

E na Constituição a noção de nacionalidade está protegida, Sra. Dulce.


(PS) Voltando ao segundo parágrafo acima: O meu Portuguesismo não me pôde ajudar há uns anos atras quando tive de nomear um delegado comercial para a península ibérica. Escolhi Madrid, por ser "geograficamente" e economicamente mais indicado. Muitas multinacionais agiram da mesma maneira, a "península" sendo uma divisão mais racional do ponto de vista marketing. No mundo economico moderno é este aspecto que fara que pouco a pouco ( a economia comanda os Estados)seremos mais Ibéricos mas podemos continuar Portugueses.