terça-feira, 10 de maio de 2005

O Zé, segundo Francisco

O Bloco de Esquerda, decididamente, já não engana quem quer que seja, sendo magnífica a leitura de José Estaline, pelos olhos de Francisco Louçã.
Antes, era ver a roupinha de marca nas reuniões, e o trapo estratégico na Assembleia.
Agora, deixam-se, progressivamente, da basófia trotskista, e assumem o estalinismo que lhes corre nas veias. Basta ver, a este respeito, que da inicial forma quase inorgânica com que conceberam o BE, já passaram à sovietização, fazendo eleger um coordenador da comissão política (um premier para o politburo bloquista, que só podia ser o camarada Louçã, pois claro), um líder parlamentar (Luís Fazenda) e um (ir)responsável pelas relações internacionais (Portas - o que não é amigo do Rumsfeld, como é óbvio).
Finalmente, a nomenklatura assume-se, e ficamos a saber que manda quem pode, e obedece quem deve, num remake estalinista do "se soubesseis o que custa governar, obedeceríeis toda a vossa vida".
Para quem tenha dúvidas, basta ver que se consagrou nos estatutos a inédita (no BE) pena de exclusão.
Não é que não tenham direito de se organizar a seu bel-prazer, mas irrita o cinismo com que ainda tentam dar lições de moral ao centro e à direita.
Venha de lá o PCP que, pelo menos, é genuíno e politicamente honesto.

1 comentário:

Anónimo disse...

Deste conclave bloquista, surge uma ideia: perderam a timidez e começam a assumir-se como um partido igual aos outros, isto apesar de se esforçarem para não o parecerem. Mais que não seja por causa do "status-quo".

Compreendo que tal não seja fácil, pois como o "povão" costuma dizer: uma mentira repetida mil vezes, acaba tornando-se verdade. E no caso do BE, esta é a verdade. Senão vejamos, começou por ser um movimento composto pelos partidos da esquerda radical, insatisfeitos pelo método de Hont, não lhes conferir um assento parlamentar e pelo PCP, não quer o seu inefável contributo, hoje é o verdadeiro "partido-monovolume" em termos parlamentares e já pensa em chegar nas próximas eleições ao poder.

Tudo isto assente numa postura arrogante, de "bastão na mão", pensando que são os justiceiros da política nacional (só falta o Kit) levantando só as questões sensíveis à opinião pública (e tendencialmente secundárias) fugindo sempre àquilo que é essêncial.

E nunca querendo assumir-se como um partido, mas sempre como algo híbrido, sem aparelho (na lógica deles, logo sem clientela), e sendo sempre os defensores dos fracos e dos oprimidos.

Funcionou bem até aqui, mas será que depois deste conclave, que deu ao mundo (deles) uma coisa nova, a oposição e onde por vezes tive a sensação de estar perante ou um "requiem" de Max ou uma sessão espírita para o camarada Lenine ou ainda uma representação da célebre reunião da II Internacional; tudo continuará como dantes? Ou algo irá mudar?

Deus nos livre se este momento simbolizar um reforço do espaço político do BE.

Termino como tu, antes prefiro o PCP, são como são. (só espero que o Presidente da minha Câmara não leía isto...)

Uma última ideia, porque será que até no conclave bloquista, alguns foram apelidados de santanistas do Bloco??

Um abraço deste teu amigo.

Márcio Lopes.

PPD/PSD: Parabéns pela briosa..