quinta-feira, 3 de março de 2005

"Wild card" para Pacheco

Na mais recente sessão do programa televisivo "Quadratura do Circulo" (SIC-N), José Pacheco Pereira, após ter reconhecido num "episódio" anterior que dificilmente seria "reciclável" internamente, afirmou que a publicidade das suas críticas se prendia com o facto de não ter sido congressista, em Barcelos, e de não ser membro do Conselho Nacional. Disse ainda que, escrevendo em jornais desde os 14 anos, não abdicará da sua tribuna pública.
Ora bem, sendo os partidos organizações colectivas, há deveres que devem cumprir-se. Desde logo, a nossa liberdade de opinião não deve fazer perigar a vontade maioritária dos militantes, adequada e democraticamente expressa.
Dito isto, algo mais há para reconhecer. Instalou-se nos ogãos colegiais do PSD (só falo do que julgo conhecer) um inominado murmúrio de fragância ligeiramente estalinista, segundo o qual é lesa-pátria discordar da liderança, qualquer que ela seja. Na melhor das hipóteses, se o estatuto pessoal não chegar para criar imunidade, ser-se-á excluído das sinecuras. É como se, por vezes, as pessoas reconhecessem interiormente que "o rei vai nú", mas optassem por chamar "malcriado" a quem o denuncia.
É necessário arranjar um equilíbrio, para que a divergência seja saudada nos orgãos partidários, e para que, em consequência, a tribuna exterior seja mais solidária.
Quanto a Pacheco Pereira, como no ténis, arranjem-lhe um "wild card" para todos os eventos do PSD, pois ao menos acaba-se a justificação maior...

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