sexta-feira, 4 de março de 2005

Borges e o processo

António Borges, em entrevista teledifundida ontem, colocou a questão actual no ponto certo: é preciso liderança (para coordenar bons desempenhos sectoriais), arrojo (as nossas leis laborais ainda são rígidas e a estrutura produtiva de Portugal tem de passar pelo surgimento de novas empresas, e não pela manutenção do estado de coma das actuais), tem de premiar-se o desempenho político a ponto de atraír os mais qualificados e é imperioso que haja coragem e sentido de Estado para que, por exemplo, no caso da segurança social se possam vender activos estatais inúteis e assim assegurar a sua sustentabilidade.
António Borges é um homem de altíssima craveira, não tenhamos dúvidas. Porém, falta a resposta a uma pergunta processual: como se reformam os partidos a ponto de se não tornarem sociedades anónimas políticas, onde os lugares de direcção passam pelo "share" de votos em carteira?
Sem isto, pagar mais é vender mais do mesmo, só que mais caro, sôtor...

1 comentário:

Anónimo disse...

Efectivamente o PPD/PSD, torna-se cada vez mais numa sociedade privada, onde os titulares das "cadeiras do poder", são atribuidas em função do volume do cacique de cada um. Ou seja, se se tem muitos votos, tens direito a uns lugares, se se tem poucos votos, se possivel, não vagas para niguém.

Eu gosto de ler e ver entrevistas do António Borges, até porque ele fala bem, pensa razoavelmente bem, mas age maravilhosamente mal. Por vezez, a memória dos homens é fraca e de curta duração, e o sr. Borges, ainda há pouco tempo, dizia-se disponivel para integrar uma equipa que renovasse o PPD/PSD, mas pouco disponivel para a liderar, isto porque reconhecia que não tinha muita experiência politica. Isto vindo de alguém que é sempre apontado para qualquer governo que o PPD/PSD forme, mas que nunca está disponivel para o integrar. Assim, é natural que nunca tenha experiência politica.

É a altura de acabar com o mito do Sebastianismo, até porque o D. Sebastião, ficou por África a fazer sabe-se lá o quê, com sabe-se lá quem, e Portugal continua calmamente à espera de alguém que morreu há quase 500 anos. Será que já não é altura de andar para a frente e não continuar há espera de um fantasma que irá surgir numa manhã de novoeiro a cavalo de um árabe?

Que povo este, que é capaz de perder séculos a fio, esperando um defunto. Porque será que não esperam pela próxima re-encarnação do Prof. António Oliveira Salazar?

E o PPD/PSD, será que vai esperar uma vida inteira pela vinda do próximo Sá Carneiro?

O tal povo, que El-rei D. Carlos defeniu como uma corja que não se deixa governar, disse no passado dia 20 ao PPD/PSD, parem, pensem e reflitam sobre o vosso futuro.

Fomos castigados, pelos erros do passado. Por lideranças que lideravam e falavam para os amigos, e por sermos tão politicamente correctos.

E é aqui, caro amigo e companheiro Gonçalo, que devemos juntar esforços e lutar, não por este ou aquele candidato a lider, mas por um novo PPD/PSD. Um que seja mais PPD e menos PSD.

Kanimambo, camaradas

Irmão Santanico.