quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Estimado Paulo Sérgio…


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          Oxalá, na altura em que receba esta missiva aberta, já se tenha acometido de um surto epidémico de bom senso e dado às de Vila Diogo…

Não tenho, todavia, qualquer esperança de que assim seja, vendo a resistência coriácea com que se mantém aferrado ao banco, após lograr o triunfal pecúlio de uma vitória em dezassete encontros.

Em bom rigor havia que assacar responsabilidades a quem o contratou e o mantém. Li uma citação divulgada por um amigo, que creio ser eloquente; a saber; “ ‘depois de ponderarmos todas as variáveis sobre o que pode ser melhor para a Académica dar a volta a este momento menos bom, hoje falámos com o todo o grupo e entendemos que as soluções estão dentro de casa. Queremos fazê-lo, os jogadores estão conscientes disso e o treinador quer fazê-lo. É com esta equipa e com este grupo que vamos até ao fim’, disse o dirigente. - Luís Godinho à LUSA (fonte: Maisfutebol)”.

Ora bem… Para resguardar a boa relação pessoal que mantenho com o seu superior hierárquico (apesar de sempre me ter situado quase nos antípodas da sua visão desportiva e social sobre a Académica), escrevo-lhe a si, “mister”, embora me apoie nas lapidares e quase alienadas palavras ditas.

De que o Sr. Paulo Sérgio quer “fazê-lo” (assumindo que falemos, com uma pinga de realismo que ainda sobeje, da manutenção), sinceramente, não tenho dúvida. Porém, a questão é, isso sim: ainda pode fazê-lo?

Não me atrevo a questionar a sua competência profissional (bem basta a alarvidade de Manuel Damásio para com Manuel José), mas, como adepto, afirmo que tenho seríssimas dúvidas de que consiga inverter a espiral descendente em que a Académica entrou, por muito que o demérito alheio possa, no final das contas, assegurar o objectivo mínimo almejável. Sem que seja necessário comparar currículos, por vezes, a simples troca de timoneiro evita o naufrágio.

E mesmo que não seja pela sua saída que os resultados aparecem, creio que quem tem as rédeas do poder deve tentar de tudo para salvar a honra do convento, sacrificando a abadessa, na impossibilidade de trocar todas as freiras que, em bom rigor, deixam a desejar na sua grande maioria…

Como não vamos por aí (acabam de fazer uma profissão de fé sobre o seu trabalho), não seria digno assumir que talvez não consiga cortar o nó górdio? Ou será fundado o rumor de que o problema tem a ver com a impagável indemnização? Nesse caso, permita-me dizer-lhe, salvo o devido respeito, que o dinheiro não é tudo, mormente quando estão em jogo a história de uma instituição e a sua própria reputação
 profissional.

Poderá dizer que a equipa não é a que queria ou que outros se afundarão ainda mais do que nós, mas, por favor, não me preocupe ainda mais, repetindo que estamos perto do desejável…

Como lhe disse no início, não era a si que deveria dirigir-me, mas se puder fazer o obséquio de, citando-o de cor, “pegar na mala”, creio que ainda poderá deixar (essa) grata recordação.

1 comentário:

luis cirilo disse...

Percebo o teu ponto de vista sobre um treinador que também em Guimarães não deixou qualquer saudade.
A bem dizer não deixou em lado nenhum.
Mas ele tem uma atenuante.
O plantel é muito abaixo do que seria razoável num clube com as tradições da Académica.
É fraco até dizer basta.
E se ele sair o seu substituto deparar-se-á com a mesma realidade.