segunda-feira, 23 de abril de 2012

Vitor Constâncio no seu melhor

Vitor Constâncio é Português, foi indicado por Portugal para ocupar uma das vice-presidências do BCE e por isso pensava eu, reunia qualidades impares para exercício de um cargo numa instituição, que hoje é considerada das mais importantes da União Europeia e do Mundo.

Então, o que leva Vitor Constâncio a afirmar em finais de Março, que Portugal dificilmente escapará a um novo programa de ajustamento económico e passadas 3 semanas afirma com a mesma convicção o seu contrário, quando as condições económicas hoje, são muito piores do que eram na altura.

Recordo, que a Espanha é o principal parceiro ecónomico de Portugal e que dela dependem quase 50% das nossas exportações, mas nas últimas semanas não se tem falado de outra coisa senão, num programa de ajustamento à “Espanhola”.

Cito aqui estas duas intervenções:

A 31 de Março
Vítor Constâncio, vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE), disse hoje que não se pode pôr de lado a possibilidade de Portugal vir a precisar de um segundo programa de ajustamento económico, lembrando que tal cenário "tem de estar sempre em avaliação".


A 22 de Abril
Washington, 22 abr (Lusa) - O vice-presidente do Banco Central Europeu, Vítor Constâncio, afirma que Portugal vai melhorar o acesso aos mercados financeiros cumprindo o programa de ajuda externa, e que regressará aos mercados na data prevista, se a conjuntura económica se mantiver.

 Afinal em que é que ficamos, Dr. Constâncio?

A mim parece-me, que Vitor Constâncio já aderiu a esta nova técnica de comunicação, que permite mais tarde e independentemente do desfecho, citar uma qualquer afirmação que se ajuste ao momento, do tipo: “Tal como eu tinha previsto há algum tempo....”

O que se exige a um Vice-Presidente do BCE, é tenha uma visão mais dilatada no tempo, que seja coerente e que seja um factor de estabilidade e de esperança. Este ziguezag irracional, que se traduz em mais incerteza e em mais imprevisibilidade, só alimenta especuladores ávidos de razões para intervir nos mercados em sinal contrário, aquele que todos desejaríamos.

Bem esteve Mariano Rajoy quando há umas semanas pediu ao BCE contenção nas palavras. Quando os protagonistas não tem qualidade, o silêncio é sempre a melhor opção. Aprenda Dr. Constâncio...

P.S

Com a provável vitória de François Hollande, assistiremos mais uma vez à esquerda Portuguesa a embandeirar em arco. Ao contrário, não tenho dúvidas de que Hollande, fará o que os mercados financeiros internacionais o deixarem fazer, manterá a “entente” Paris-Berlim e dentro destas limitações, colocará sempre os interesses da França acima de quaisquer outros. “Liberté Égalité, Fraternité”, é coisa do passado.

2 comentários:

Ricardo Jesus Cândido disse...

Excelente início, embora confesse que quando li o primeiro parágrafo comecei a ficar apreensivo!
A naturalidade portuguesa não é requisito habilitacional para o cargo e muito menos a indicação (de Sócrates, lembremo-nos). Foi, é, e será sempre umas das maiores vergonhas nacionais a indigitação do inenarrável Constâncio para o BCE. Foi um péssimo Governador do Bdp e só por milagre poderia ser diferente no BCE.
Mas os camaradas tinham de o colocar em algum lado...

Defreitas disse...

Tendo sido, eu também , um « convidado » desde há alguns meses desta simpática família do Lodo, apraz-me desejar ao nosso novo companheiro as minhas boas vindas.
Penso que é sempre positivo quando os espíritos livres se encontram no seio dum grupo capaz de dialogar sobre os problemas do mundo e não só, sem barreiras partidárias.
Li o seu primeiro “post” e devo dizer que não conheço o Dr. Constâncio. Como não conheço, aliás, os actores da política portuguesa, pois que estou ausente desde há 50 anos do nosso pais.
Mas foi o “post scriptum” do fim que chamou a minha atenção.

Não creio que as três palavras do tríptico revolucionário de 1789 “ Liberté, Egalité, Fraternité “, pertencem realmente ao passado, como escreve, porque nunca houve tantos povos no mundo a reclamar estes direitos fundamentais. Talvez graças aos media e às recentes invenções no campo da comunicação social, o facto é que a informação circula duma ponta à outra do planeta et que os povos até compreendem o significado do termo “dégage”, quando se dirigem às ditaduras ! !

Quem recusaria a “Liberdade”, definida em 1789 como o exercício dos direitos naturais de cada homem, sem que a liberdade dos outros seja afectada, e tendo a lei como único órgão dotada do poder de a determinar ?

Quem recusaria a “Igualdade”, não segundo a utopia comunista, mas antes a que foi definida por Rousseau : Ligada à liberdade, como o facto que nenhum cidadão não pode ser tão opulento para poder comprar um outro, e nenhum tão pobre para ser obrigado a vender-se » ?

Quem recusaria a” Fraternidade” , como uma forma de entre ajuda entre cidadãos com o objectivo de criar um mundo melhor » ?
Se as duas primeiras são direitos, a terceira é um dever moral.

Se no seu PS) deseja frisar que este tríptico revolucionário é cada vez menos respeitado, mesmo nas democracias, então tem razão.


Cumprimentos

Freitas Pereira

(PS) Como sabe o meu Português data de meio século e é pouco utilizado! Peço me desculpe.