Podemos falar dos insultos aos DH, da péssima relação com França que se veio a desenvolver no reinado Sarko, do interesse estratégico ou das excentricidades do senhor Kadafi mas ninguém me tira isto da cabeça.
O Kadhafi era um assassino, um tirano cínico e cruel. Que ele desapareça é uma boa coisa, para o seu povo e para o ocidente. Mas ninguém deixará de pensar, que a precipitação da intervenção militar ( foi a França do Presidente Sarkozy que tomou a iniciativa ), e a aplicaçao do “direito de ingerência” votado no Conselho de Segurança da ONU, correspondeu mais aos interesses vitais do ocidente , que realmente o de vir ao socorro dos rebeldes de Benghazi. Mas a partir do momento em que os dois aspectos coincidem, o lado “moral” da guerra estava salvaguardado.
Tanto mais que o custo desta guerra é puramente financeiro para os ocidentais, o qual será largamente compensado pelo “business” esperado.
No fim ,será o povo libio , que pagou já caro em vidas humanas e na destruição das estruturas do pais, que reembolsará aqueles que o bombardearam.
Só o povo libio poderá fazer o balanço desta operação que, em principio, se a ditadura Khadafi não for substituída por uma ditadura islamista, terá o mérito de lhe trazer a liberdade.
O que me preocupa é o facto que as potências ocidentais , que não agem da mesma maneira contra o tirano da Coreia do Norte, desprovida de petróleo mas potência nuclear, se arrogam o direito de intervir onde lhes apetece, uma espécie de cheque em branco, utilizando a arma da OTAN . O risco de ultrapassar o que é autorizado pelas resoluções da ONU é claro. Mas como demonstrar que as suas intenções são puras, “that’ s the question” !
Porque no fundo, este movimento social, como foi catalogado pelos media desde a partida, como o da Tunísia e o do Egipto, surge espontaneamente do povo e não dos planos do Pentágono para invadir a Líbia denunciados desde 2008 pelo general Wesley Clark.
Gosto sempre de ver o conceito "moral" entre aspas. No fundo, e perigosamente, por mais que o Homem escreva sobre e pela lei é a conveniência desta moral que determina os destinos de muitos de nós. Tristemente. De qualquer forma, e se o povo líbio se sente feliz assim, muito bem, ainda que seja imperioso que conheça e não esqueça a história de Jacob e Isau e de como um prato de lentilhas pode fazer toda a diferença =)
Ah, Cara Tânia, que tema extraordinário esse da moral. Há quem confonda moral e ética, aliás.
Sendo a primeira o imperativo absoluto de tradição idealista, que tem a ambição de determinar o que deve ser, e a segunda o conceito prático relativo e condicional.
Mas as duas são hoje condicionais e proporcionais aos interesses dos poderes. E é o que nos perde.
Sem me querer envolver nessa interessante troca de opiniões sobre "moral" e "ética" não posso deixar de complementar o que os meus amigos Freitas Pereira e Tania disseram sobre a morte do tirano. Todos sabiamos,embora alguns fizessem de conta que não,que a guerra na Libia só podia acabar com a morte de Khadaffi. Não porque fosse necessária. Mas porque os senhores da guerra ( e do pretroleozinho...)não tinham nenhum interesse num julgamento do coronel no TPI. Imaginem que ele contava tudo que sabia. Nomeadamente sobre negócios com a França,Inglaterra,Itália e por aí fora. Ou sobre o financiamento de certas campanhas eleitorais como,diz-se, a do senhor Sarkozy. Não dava jeito nenhum. Afinal já muitos americanos, no século XIX,defendiam que "indio" bom era o "indio" morto.
4 comentários:
O Kadhafi era um assassino, um tirano cínico e cruel. Que ele desapareça é uma boa coisa, para o seu povo e para o ocidente. Mas ninguém deixará de pensar, que a precipitação da intervenção militar ( foi a França do Presidente Sarkozy que tomou a iniciativa ), e a aplicaçao do “direito de ingerência” votado no Conselho de Segurança da ONU, correspondeu mais
aos interesses vitais do ocidente , que realmente o de vir ao socorro dos rebeldes de Benghazi. Mas a partir do momento em que os dois aspectos coincidem, o lado “moral” da guerra estava salvaguardado.
Tanto mais que o custo desta guerra é puramente financeiro para os ocidentais, o qual será largamente compensado pelo “business” esperado.
No fim ,será o povo libio , que pagou já caro em vidas humanas e na destruição das estruturas do pais, que reembolsará aqueles que o bombardearam.
Só o povo libio poderá fazer o balanço desta operação que, em principio, se a ditadura Khadafi não for substituída por uma ditadura islamista, terá o mérito de lhe trazer a liberdade.
O que me preocupa é o facto que as potências ocidentais , que não agem da mesma maneira contra o tirano da Coreia do Norte, desprovida de petróleo mas potência nuclear, se arrogam o direito de intervir onde lhes apetece, uma espécie de cheque em branco, utilizando a arma da OTAN . O risco de ultrapassar o que é autorizado pelas resoluções da ONU é claro. Mas como demonstrar que as suas intenções são puras, “that’ s the question” !
Porque no fundo, este movimento social, como foi catalogado pelos media desde a partida, como o da Tunísia e o do Egipto, surge espontaneamente do povo e não dos planos do Pentágono para invadir a Líbia denunciados desde 2008 pelo general Wesley Clark.
Freitas Pereira
Gosto sempre de ver o conceito "moral" entre aspas. No fundo, e perigosamente, por mais que o Homem escreva sobre e pela lei é a conveniência desta moral que determina os destinos de muitos de nós. Tristemente.
De qualquer forma, e se o povo líbio se sente feliz assim, muito bem, ainda que seja imperioso que conheça e não esqueça a história de Jacob e Isau e de como um prato de lentilhas pode fazer toda a diferença =)
Ah, Cara Tânia, que tema extraordinário esse da moral. Há quem confonda moral e ética, aliás.
Sendo a primeira o imperativo absoluto de tradição idealista, que tem a ambição de determinar o que deve ser, e a segunda o conceito prático relativo e condicional.
Mas as duas são hoje condicionais e proporcionais aos interesses dos poderes. E é o que nos perde.
Sem me querer envolver nessa interessante troca de opiniões sobre "moral" e "ética" não posso deixar de complementar o que os meus amigos Freitas Pereira e Tania disseram sobre a morte do tirano.
Todos sabiamos,embora alguns fizessem de conta que não,que a guerra na Libia só podia acabar com a morte de Khadaffi.
Não porque fosse necessária.
Mas porque os senhores da guerra ( e do pretroleozinho...)não tinham nenhum interesse num julgamento do coronel no TPI.
Imaginem que ele contava tudo que sabia.
Nomeadamente sobre negócios com a França,Inglaterra,Itália e por aí fora.
Ou sobre o financiamento de certas campanhas eleitorais como,diz-se, a do senhor Sarkozy.
Não dava jeito nenhum.
Afinal já muitos americanos, no século XIX,defendiam que "indio" bom era o "indio" morto.
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