Recordo de ter lido o meu primeiro livro de Stefan Zweig, era eu ainda muito jovem, à sombra do “meu” velho castelo de Guimarães! Aliás, nasci ali muito perto : a minha casa tinha as costas voltadas para o castelo.
Foi aí também que ouvi, num dia de sol, em 1940, sobre os ombros do meu Pai, um velho senhor dizer “Portugal pode ser se nós quisermos, uma grande e próspera Nação” !
Esse senhor tinha um aspecto muito respeitável e para o miúdo que eu era parecia-me muito inteligente.
Mais tarde, apercebi-me que o senhor que discursou junto ao “meu” Castelo, parecia-se muito com Stefan Zweig!
Mas se havia uma semelhança entre eles, não havia , porém, nenhuma afinidade.
Quando os Nazis queimaram num verdadeiro “auto da fé”, os seus livros em 1933 em Berlim, Zweig é o autor mais lido no mundo, o mais traduzido, mais ainda que Thomas Mann, que também li ,e aprecio, que ele considerava como o seu modelo inultrapassável.
Na altura em que li Stefan Zweig,dizia-se no meu círculo de amigos, que era tão perigoso ler esse autor, como ler Máximo Gorki! “Big Brother” já existia nesse tempo!
Por isso o liamos às escondidas! Debaixo do capote!
Vários intelectuais e criadores judeus alemães suicidaram-se momentos antes da GESTAPO bater à porta.
Zweig suicidou-se no Brasil, com a segunda esposa. Esta imensa inteligência, esta consciência universal, levou tempo a compreender a vontade assassina e implacável do nazismo.
Infelizmente, ele tinha-se assimilado tanto a esse mundo de Viena, essa burguesia cultivada, esses artistas e homens de cultura brilhantes, esses Judeus plenamente “germanizados”, numa palavra a defunta Mittel Europa, que, ao destruir tudo isso, os nazis tinham-no destruído também.
Esta sociedade na qual Zweig evoluiu , desmoronou-se quando a liberdade foi estrangulada pela ideologia nazi. Nessa época, poucos foram os intelectuais que se levantaram contra essa serpente venenosa. E quando alguns se aperceberam já era tarde demais. Como Zweig.
A opinião publica não existia ainda, ou pelos menos não estava estruturada. E o medo imperava.
Hoje, a opinião publica é um dos meios de defesa contra a tentação de totalitarismo dos regimes políticos, quaisquer que eles sejam.
O exemplo dos países árabes, onde Facebook e Tweeter, perfeitamente utilizados pela juventude instruída, levou à queda dos ditadores, obriga à reflexão.
Por isso, uma informação recente chamou a minha atenção: Os Estados Unidos vão consagrar perto de 3 milhões de dólares para desenvolver programas que lhes permitirão manipular centenas de contas falsas dedicadas à luta contra as ideologias radicais e à difusão de propaganda anti-americana nos círculos sociais, como Tweeter e Facebok.
Assim, o exército americano terá um programa que lhe permitirá criar 500 falsos perfis, geridos por 50 pessoas (espiões) a partir de servidores localizados fora do território americano.
Felizmente, os USA não são as ditaduras árabes, mas outros podem estar interessados.
Freitas Pereira
1 comentário:
Nem mais... Conclusões sombrias, mas bem possíveis...
Enviar um comentário