quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Transiberiano VIII – Ulan Ude

Retomo um relato há muito iniciado e, agora, quase no fim.

Falo da viagem no Transiberiano que, na edição de hoje, pára onde os turistas começam a escassear. De facto, a maioria dos viajantes opta por não cumprir o verdadeiro trajecto do mítico comboio, preferindo desviar a rota para a Mongólia e para a China, logo após a visita ao Lago Baikal.



A “divergência” ganha corpo em Ulan Ude que vale bem a visita pelo seu exotismo, pela sensação de estar longe de tudo e mais alguma coisa, e por ser uma paragem pouco visitada por turistas (se bem que, em Janeiro, quando por lá passámos, o problema do excesso de visitantes é nulo, mesmo em Moscovo).

Uma das vantagens de escolher a rota menos “batida” é mesmo o facto de poder pagar um bilhete de 2ª classe (também e sempre com camas) e de beneficiar da privacidade da 1ª.

Chegando de madrugada, o primeiro contacto foi com o Hotel Gesser, que deixa ainda entrever por que era o preferido da nomenklatura soviética: não sendo grande, ainda mostra alguma da grandiosidade que tanto apreciavam os proletários defensores do povo…



A cidade, capital da Buryatia, é claramente asiática, a começar pelas feições de grande parte dos seus habitantes. Mas se tal não bastasse, a 40 km fica o Ivoginsky Datsan, mosteiro que é a sede do budismo siberiano, consistindo num complexo de coloridos e interessantes templos, que devem ser visitados no sentido dos ponteiros do relógio.




Na cidade propriamente dita ganha destaque a proclamada maior cabeça de Lenine do Mundo, no centro da Praça Sovetov.


 Nem sei por onde comece a descrever a monstruosidade da mesma, que quase ofusca os edifícios tipicamente soviéticos que a rodeiam, como a Ópera local.


 Aliás, do camarada em causa não há maneira de ter saudades, pois ao pé da estação ferroviária, logo após uma interessante e velha locomotiva soviética,



 está uma curiosa estátua de Vladimir Ilyitch Uliánov, sendo que desta vez e para não quebrar a originalidade de Ulan Ude na homenagem ao dito, a figura de Lenine é dourada!...


O restante da cidade é elegante (muita arquitectura do séc. XIX)




 e pacato, podendo passar o seu tempo visitando a Catedral Odigitria (séc. XVIII)


 e o Arco do Triunfo (réplica de 2006 de um original de 1891 construído para homenagear o herdeiro do trono, que viria a ser Nicolau II, o último czar… Pelo menos, antes de Putin, bem lidas as entrelinhas…).


O Museu de Arte (onde as funcionárias fechavam a luz assim que abandonávamos uma sala, dada a ausência de visitantes)


 e o Museu de História (onde alguns pisos eram abertos a pedido e após insistência, pelo mesmíssimo motivo)


 são também boas opções para passar o tempo, antes de escolher um dos bons restaurantes locais e de retemperar forças para o “assalto” a Vladivostoque.

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