Numa altura em que, justificadamente, andamos cabisbaixos enquanto Nação, olho para cada noticiário e apenas vejo mais razões de tristeza.
Por todo o lado se vê milhares de pessoas a perderem o emprego. E a pergunta (que nem sequer chega a tocar as margens do problema realmente vivido pelas vítimas desse flagelo) roça o retórico: como vão essas pessoas pagar a casa e a escola dos filhos?! Mais importante ainda: como vão comer e vestir-se?!
Por outro lado, vemos os Estados, mormente os que ainda se dizem herdeiros do modelo social europeu, a cortarem função social após função social. À segunda vai-se a esperança da reforma e reduzem-se as que ainda são pagas, à terça corta-se no orçamento dos hospitais e fecham-se centros de saúde, à quarta encerram-se escolas e deixam-se as universidades à mingua, à quinta fecha-se a porta à modernização das forças armadas e aniquila-se a motivação das forças de segurança civis, à sexta destrói-se qualquer possibilidade e qualquer incentivo à poupança, ao sábado acabam as obras públicas e ao domingo esperamos que o nosso clube ganhe, para ver se o ácido estomacal se acalma…
E com isto – tirem o sorrisinho da cara os mais propensos à intriga – não estou a insinuar que o actual Governo não esteja a trabalhar bem e a fazer o que não pode deixar de ser feito. Vou mesmo mais longe: não chego sequer a remeter as responsabilidades para o Governo anterior; separam-me dele opções de cunho ideológico, mas acredito que tenham tentado ao máximo preservar o cunho social do Estado.
O problema é, por isso, muito mais global e quiçá ideológico (quem disse que as ideologias estavam mortas???), sendo irónico e surreal que seja a China a propor-se salvar o Velho Continente e, ainda por cima, exigindo para tal que os países europeus adoptem determinadas políticas ditas de rigor.
Concluo o mesmo que venho concluindo nos últimos anos: deixámos o mercado à solta e a criatura virou-se contra o criador. Não conheço melhor mecanismo de regulação do que a economia de mercado, mas o que me fez militar no PSD foi acreditar que – descartadas as patranhas da extrema-esquerda sobre a sociedade sem classes e sobre a economia socialista – há um papel moderador e regulador que dá sentido ao Estado. Todavia, foi aqui que Estados Unidos da América e Europa falharam, permitindo a criação de uma temperatura social em ponto de ebulição que, quando o pão faltar mesmo, pode levar à anarquia, para presumido gáudio da referida extrema-esquerda.
Até quando deixaremos os especuladores brincarem ao “Monopólio” com os nossos países? Quando pararemos os mecanismos financeiros incorpóreos que inscrevem as respostas sobre o nosso futuro em cartões de “Trivial Pursuit”? Por enquanto, ainda vivemos na ilusão de responder à pergunta que nos levou ao abismo: “quem quer ser milionário”?
Por todo o lado se vê milhares de pessoas a perderem o emprego. E a pergunta (que nem sequer chega a tocar as margens do problema realmente vivido pelas vítimas desse flagelo) roça o retórico: como vão essas pessoas pagar a casa e a escola dos filhos?! Mais importante ainda: como vão comer e vestir-se?!
Por outro lado, vemos os Estados, mormente os que ainda se dizem herdeiros do modelo social europeu, a cortarem função social após função social. À segunda vai-se a esperança da reforma e reduzem-se as que ainda são pagas, à terça corta-se no orçamento dos hospitais e fecham-se centros de saúde, à quarta encerram-se escolas e deixam-se as universidades à mingua, à quinta fecha-se a porta à modernização das forças armadas e aniquila-se a motivação das forças de segurança civis, à sexta destrói-se qualquer possibilidade e qualquer incentivo à poupança, ao sábado acabam as obras públicas e ao domingo esperamos que o nosso clube ganhe, para ver se o ácido estomacal se acalma…
E com isto – tirem o sorrisinho da cara os mais propensos à intriga – não estou a insinuar que o actual Governo não esteja a trabalhar bem e a fazer o que não pode deixar de ser feito. Vou mesmo mais longe: não chego sequer a remeter as responsabilidades para o Governo anterior; separam-me dele opções de cunho ideológico, mas acredito que tenham tentado ao máximo preservar o cunho social do Estado.
O problema é, por isso, muito mais global e quiçá ideológico (quem disse que as ideologias estavam mortas???), sendo irónico e surreal que seja a China a propor-se salvar o Velho Continente e, ainda por cima, exigindo para tal que os países europeus adoptem determinadas políticas ditas de rigor.
Concluo o mesmo que venho concluindo nos últimos anos: deixámos o mercado à solta e a criatura virou-se contra o criador. Não conheço melhor mecanismo de regulação do que a economia de mercado, mas o que me fez militar no PSD foi acreditar que – descartadas as patranhas da extrema-esquerda sobre a sociedade sem classes e sobre a economia socialista – há um papel moderador e regulador que dá sentido ao Estado. Todavia, foi aqui que Estados Unidos da América e Europa falharam, permitindo a criação de uma temperatura social em ponto de ebulição que, quando o pão faltar mesmo, pode levar à anarquia, para presumido gáudio da referida extrema-esquerda.
Até quando deixaremos os especuladores brincarem ao “Monopólio” com os nossos países? Quando pararemos os mecanismos financeiros incorpóreos que inscrevem as respostas sobre o nosso futuro em cartões de “Trivial Pursuit”? Por enquanto, ainda vivemos na ilusão de responder à pergunta que nos levou ao abismo: “quem quer ser milionário”?
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