quinta-feira, 21 de abril de 2011

Big Telmo e a escolha democrática

Vá-se lá entender porquê, costumo acompanhar a elaboração das listas de candidatos a deputados pelos partidos em alturas de conclave legislativo, na expectativa de que é desta que tomaram juízo e que os méritos de competência e excelência irão finalmente impor-se.

Isto porque o assunto é sério e o que está em causa é tão só os representantes das comunidades locais (distritos) num palco de excelência e de decisão como é a AR, com implicações directas na vida das pessoas.

Como um tipo até gosta de sonhar, acredita-se no fim das chamadas "folhas de excel", compadrios ou então, como diz Pedro Passos Coelho no seu livro "Mudar", no término das "listas forjadas pelas direcções dos partidos, onde ascendem os mais consonantes com elas, escolhidos muitas vezes em grande dissonância com as comunidades locais e, depois de eleitos, distantes ou mesmo alheios aos seus interesses mais candentes".

Já nos habituámos também aos epítetos típicos da época, ao “"filho de..."; "amigo de..."; "marido ou mulher de..."; "tem os votos de..." e congéneres!

Mas estas eleições ficam marcadas por um novo cognome. Infelizmente não é o de “deputado, o desejado ou o venturoso” mas sim, dado que o mundo efectivamente mudou, o de “ex-concorrente de um reality show”.

A denominação aqui dada é abrangente e não restrita. Digo "reality show" e não "bigbrother”. Isto porque não se admirem que comecemos a assistir à luta partidária pelos “passes” dos "mediáticos": ex-acorrentados; ex-peso pesados; ex-belas e mestres, ex-ídolos ou afins, transformando a nossa AR no circo das celebridades ou num grande casamento de sonho.

Mas uma coisa parece para já ser certa e desenganem-se aqueles que pensam que o candidato Telmo não percebe de política! Já nos tempos de concorrente do famigerado concurso ele demonstrava conhecimentos sólidos sobre ciência política, basta atentar sobre esta frase que o imortalizou mediaticamente: "Uma pessoa vira-se para um lado e se for preciso desvira-se".

Pena que perante tamanha erudição não vá em lugar elegível, senão ainda víamos a TVI em apuros e o Canal Parlamento a liderar audiências.
Como podem ver, nem tudo é assim tão mau...

3 comentários:

Dulce disse...

Sinceramente, não acho esta escolha mais ou menos relevante que as demais... a bem dizer, para mim é totalmente irrelevante, pois uma coisa é certa: não voto PS, independentemente de quem conste das listas.

Ainda assim, quanto à polémica em torno deste candidato, duas ou três coisas:

1. Não é de todo novidade, esta de apostar em gente mediática... Ainda que oriundos de outros 'palcos', quem não se lembra de Manuela Moura Guedes, Maria Elisa, Gonçalo e Nuno da Câmara Pereira, Inês de Medeiros, Hernâni Carvalho, etc. etc.? Aliás, apostar em jornalistas ainda me faz mais confusão, dada a promiscuidade entre funções...

2. Trata-se de alguém que ficámos a conhecer por força de um reality-show, é certo, mas isso significa necessariamente que seja uma má escolha? Isto é, os «anónimos» que povoam as listas partidárias de Norte a Sul são mais capazes pela simples razão de nunca terem posto os pés num programa dessa estirpe?!

Estou a lembrar-me, por exemplo, que na lista do PSD do mesmo distrito vai um senhor cuja formação se desconhece, mas que por ser presidente de uma junta de freguesia e assegurar uns valentes votos nas urnas «laranjas» teve direito a um lugar ao sol. Escusado será dizer que no concelho há milhares de pessoas mais adequadas ao lugar que ele...!

Ou seja, PS e PSD incorrem nos mesmos erros... e por muito que Passos Coelho queira 'Mudar' as coisas, não consegue mudar tudo... nas listas continua a haver quem esteja lá por tudo menos por mérito e capacidade...

Luis Melo disse...

Sobre esta temática... ler o último post do Luís Cirilo no "Depois Falamos"... está lá tudo!

Lara Torres disse...

Entre este Telmo e o F. Nobre não sei bem onde está o maior despudor.
A unica diferença para mim é que nunca me passando pela cabeça votar PS começo a duvidar se vale a pena votar PSD.