terça-feira, 19 de abril de 2011

Transiberiano VI – Yekaterinburg

Chegou hoje a altura de partilhar algumas notas de viagem sobre Yekaterinburgo, terra mais conhecida, nos dias que correm, por ter sido aquela que assistiu ao encarceramento e assassinato do último Czar, Nicolau II, e sua família.


Antes de irmos ao tema, comecemos, porém, por dizer que falamos da capital da região dos Urais que, dada a indústria ligada à Defesa aí situada, foi considerada “cidade fechada” pelos dirigentes soviéticos, até 1991. Aliás, os mesmos camaradas, mudaram o seu nome, de 1924 até 1991, para Sverdlovsk (de Yakov Sverdlov, homem de confiança de Lenine).


A partir de 1970, com a ascenção de Boris Ieltsin a chefe regional do Partido Comunista, muito do que era a cidade foi arrasado, incluindo a Casa Ipatyeva (onde os Romanov estiveram detidos e em cuja cave foram fuzilados, incluindo a Princesa Anastasia, ao contrário de mitos que circularam), por receio de que se tornasse local de culto. Acrescente-se, no entanto, que as teses mais benignas dizem que a ordem para a demolição veio, directamente, de Moscovo…


Como distracções, para além de, por exemplo, um excelente Museu de Artes (onde pontifica o magnífico pavilhão oriental em aço produzido pela industria local, e que foi galardoado na Exposição Universal de Paris, em 1900),




a Ópera da cidade providencia excelentes espectáculos de ópera, música clássica e ballet (foi a um destes que pudémos assistir).








Todavia, como seria de esperar, a cidade, que, no seu todo, é desfigurada por muitas chaminés de fábricas



e por excessos próprios do construtivismo, gira em torno da família imperial. Assim, no local onde se situava a famigerada casa, ergue-se um imponente igreja (Igreja do Sangue),





que a mais de uma estátua e duas cruzes evocativas do assassinato,




presta tributo aos novos santos da Rússia com aquele que se diz ser o mais caro ícone do País.




De relevo é também o Mosteiro dos Mártires Sagrados, em Ganina Yama, erigido pela Igreja Ortodoxa, no sítio para onde os corpos dos Romanov foram transportados.




O poço de mina onde os mesmos foram depositados e incinerados é hoje um lugar sagrado, assinalado com uma cruz, à volta da qual se circula (tal qual como no mausoléu de Lenine, numa estranha coincidência…).





Mas há mais!... Vários obeliscos assinalam a fronteira entre a Europa e a Ásia. O mais recente (e mais turístico) fica a 17 km da cidade, junto à auto-estrada,



e o mais antigo (século XIX) a cerca de 40km.




A visita combinada tem a sua graça, havendo agências turísticas que providenciam diplomas certificadores da sua presença.



A própria estação ferroviária tem duas enormes salas de espera, que vale a pena visitar pelos murais que ilustram a história da cidade e redondezas,




com destaque para o que mostra o piloto americano Gary Powers a descer de pára-quedas, depois de o seu avião ter sido abatido por um míssil soviético, em 1960. Se me não engano, são pedaços deste avião que pode ver no Museu Militar local e no de Moscovo...



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