sexta-feira, 11 de março de 2011

Transiberiano: Nizhny Novgorod

Depois de Moscovo, haveriam as linhas de caminho-de-ferro russas de levar-nos até Nizhny Novgorod, cidade sem o bulício moscovita, que se espraia rua acima, rua abaixo, à beira Volga.


A experiência começa pelas 6h00 da manhã, com o guia (livro) a dizer que são apenas 400 metro até ao Hotel Central… Arrastando malas pela neve e ante russos pouco dados a conversas madrugadoras, demos com a “estalagem” bem mais de 1 quilómetro depois e com a ironia de uma ajuda especial: uma monumental estátua de um Lenine que aponta o gigantesco hotel, bem ao gosto dos tempos soviéticos.


Na cidade, que é muito bem servida de transportes (ainda a regra em todo o país), pontifica o Kremlin (sim, não existe apenas o de Moscovo…)


com as suas reminiscências de guerra (um avião, um tanque, etc…),

a chama eterna que homenageiam os heróis da II Grande Guerra,

uma pequena catedral do século XVII


e, se procurar com afinco, o Museu de Arte. Eu explico: o Museu é enorme e excelente; todavia, dentro das muralhas do Kremlin, onde fica o dito, não houve uma só pessoa (incluindo dois militares de uma reduzida guarnição aí localizada) que soubesse dizer onde ficava o imponente edifício e asseguro-vos que perceberam, em russo, que era um museu que procurávamos. Mistério…

A mais da usual miríade de igrejas, catedrais e mosteiros que pintalgam os cenários do país dos czares,



um destaque para uma casa onde viveu Máximo Gorki (era um filho da terra que, na era soviética, foi baptizada com o seu nome) e onde trabalhou, entre outras, na sua obra de construção de uma nova sociedade, “A Mãe” (que se lê bem, nesse contexto e não como obra literária de excepção). O museu aí instalado é interessante e servido por gente simpática.



Pela cidade casas tradicionais de madeira



vão sendo entremeadas com construções monolíticas mas imponentes, bem ao jeito soviético,


e com restaurantes e cafés aprazíveis. Num deles (“Capuccino”), a suprema ironia: sendo o tema o cinema, avista-se um retrato de Sylvester Stallone!...



Precisamente o protagonista de “Rocky IV” e “Rambo III”, filmes da chamada Guerra Fria, onde os “bons” (americanos, claro) ganham aos “maus” (os russos, evidentemente). Eis como se esbate a memória nas marés da globalização… Se calhar o mesmo esbatimento que faz com que na encantadora ulitsa (rua) Bolshaya Pokrovskaya, rua pedonal repleta de magnífica arquitectura do século XIX e do início do século XX,




se situe, orgulhosamente, o restaurante de comida rápida “Texas Chicken”… Pensar no Texas com vinte e tal graus negativos…

Sem esquecer o tradicional parque com esculturas de gelo iluminadas (outra constante sazonal russa),

assim ficou uma nota positiva à cidade a que haveria de suceder a orgulhosa Kazan, na nossa rota.

Sem comentários: