terça-feira, 1 de março de 2011

Antes tarde que nunca

Foi preciso que o regime da Líbia levasse um abanão e que o seu líder respondesse ao seu jeito tirano, para que o Ocidente finalmente se curasse da cegueira selectiva com que sempre olhou para aquele país e para Kadhafi.

Depois dos ministros dos negócios estrangeiros, como Luís Amado e o italiano Franco Fratinni, que outrora o receberam com pompa e circunstância e não pouparam palmadinhas nas costas, terem vindo a público condenar o uso da força contra os manifestantes, seguiram-se os discursos de Nicolas Sarkozy, Hillary Clinton, Barack Obama, David Cameron e de Angela Merkel, a pedir que o líder da Líbia abandonasse o lugar e fosse sancionado. Também Ban Ki Moon veio condenar a violência de Kadhafi, bem assim como a de Laurent Gbagbo, na Costa do Marfim. E até alguns dos que participaram na vida de Kadhafi, como a cantora Nelly Furtado que em 2007 actuou para o ditador e a sua família com mais artistas de renome (como Mariah Carey e Beyoncé), já veio dizer-se de consciência pesada, declarando que vai doar o cachet do espectáculo (um milhão de dólares) a uma associação de caridade.

Depois de décadas como mero espectador do regime de Khadaffi, o Ocidente precisou que o sangue fosse jorrado pelas ruas de Tripoli (sem que desta vez desse para ocultar o que por lá acontece), para finalmente se aperceber da tirania do homem que há mais de quatro décadas governa o país.

Mas já diz o povo que «antes tarde que nunca». A ver vamos se a comunidade internacional se mantém firme nesta batalha de direitos humanos e se leva a cabo as prometidas e devidas sanções a Kadhafi. A ver vamos se a tal cegueira colectiva está definitivamente curada ou se daqui uns tempos voltamos todos à lógica das palmadinhas nas costas e das vendas nos olhos...

1 comentário:

Diogo N. Gaspar disse...

Quase se poderia acrescentar, também, que vamos ficar a ver que ditadura se substituirá a esta! (sem querer ser pessimista)