sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Alegrias e alergias

Na passada terça-feira, fui torpedeado com duas declarações do “Campeão da Liberdade” e “Primeiro Republicano à face da Terra”, Manuel Alegre: a primeira versava o facto de nunca ter feito parte do salazarismo, sendo desde sempre um resistente.

Ora, a estação televisiva que emitiu estas declarações (não me lembro de qual dos três canais noticiosos se tratava) imediatamente associou o remoque a Cavaco Silva. Duas coisas tenho por certas, todavia: por um lado, sei que o recandidato não enveredará por linguajar soez.

Por outro lado, creio que a declaração, a ser correcta a interpretação que dela fizeram os jornalistas, é desprestigiante para classe política, desqualificando quem a profere (no caso, o Poeta de Águeda). Imaginemos, por um instante, que um dos outros candidatos verbalizava insinuações sobre Manuel Alegre baseadas nas dezenas de mensagens de correio electrónico que ligam o mesmo a condutas alegadamente censuráveis (recebi algumas relativas ao período colonial); seria digno, quando não se junta prova? Contribuiria para o esclarecimento dos eleitores? Não! Aliás, devo dizer que apago de imediato essas mensagens, não as reencaminhando. Sou coerente e creio que as mesmas – repito, porque não provadas – revelam baixeza e cobardia.

Aliás, o candidato do distrito de Aveiro, ao afirmar-se pela ética republicana, está, a meu ver, a depreciar a qualidade da vida democrática e da própria República, quando deixa fantasmas não corporizados a pairar sobre o debate. Isto, mais uma vez o digo, se a emissora contextualizou adequadamente o que disse.

A segunda intervenção que não apreciei, teve a ver com o facto de, na opinião do candidato socialista-bloquista, Cavaco Silva ter sido complacente com a crise. Ora bem, basta lembrar que não foi o actual Presidente que foi deputado socialista durante anos, inclusive durante o primeiro mandato de José Sócrates. É que, na minha opinião, não basta quebrar a solidariedade de forma tribunícia (atitude de “gosto” político discutível, aliás); quando se conserva o lugar e se adere a um programa, parece estranho que, nem dois anos volvidos (o programa actual do PS continua o anterior), se possa demarcar de tudo, atribuindo a quem garantiu a estabilidade democrática (Cavaco) conivência na crise.

Prefiro pensar que este jeito inhenho de fazer política – lançar atoardas sobre o “camisola amarela” – não tem a ver com as franciscanas sondagens que são de modo a deixar Alegre triste… Fico-me por dizer que é um modo que me causa alergia, sabendo-se de antemão quem ficará alegre, já no dia 23 de Janeiro…

2 comentários:

luis cirilo disse...

Destas eleições só espero uma coisa:
Que passem depressa.
Porque,em boa verdade,com excepção de Cavaco Silva que vai ser reeleito á primeira revelam uma falta de qualidade das restantes candidaturas que confrange.
A começar pelo PS.
Onde Alegre é um candidato literalmente suportado (com muita dificuldade aliás) pelo partido mas sem qualquer entusiasmo.
Fácilmente o PS poderia (se quisesse e eles também) ter encontrado outras figuras de muito maior dimensão politica , humana e intelectual.
MAs perder é uma chatice!
DO PC nada de novo.
Um candidato que parece fugido do filme "Good bye Lenin".
Fernando Nobre não é deste filme e ainda se saberá quem foi o "produtor" que o meteu nele.
Desconfia-se...
Sobre Defensor Moura apenas dizer que é o candidato do "queijo da serra" desta eleição.
Por tudo isto digo, e repito,só esperar que as eleições passem depressa.

Gonçalo Capitão disse...

Nem mais...