Talvez a distância seja a causa da maior avidez com que pratico algo que sempre fora um hábito: assistir a noticiários e ler os jornais (embora sem o indizível prazer de folhear os mesmos).
Todavia, da terra onde Vasco da Gama “deu baile” ao resto do Mundo, fica a angústia acrescida de comparar a glória de outrora e a miséria actual, sentimento no qual sou acompanhado pelos membros da comunidade portuguesa, que olham com tristeza e espanto uma Pátria pré-falida.
Chovem as perguntas e escasseiam as respostas: como chegámos até aqui? Por que é que, mesmo com acordo sobre o Orçamento, os juros que Portugal paga pelo dinheiro que pede continuam a subir? Onde vêem os investidores o nosso risco de incumprimento? Por que não assumem os políticos o que o Estado pode ou não pode fazer, de uma vez por todas, em vez de andarem com cortes nos salários, na ADSE e outros paliativos a contado?
Já escrevi por estas páginas que não vale a pena procurar culpados. É uma tradição portuguesa achar que alguém tem a culpa das nossas asneiras… Ora, neste caso, penso que a nossa falta de exigência em relação a nós próprios – na produtividade, no mérito e até nos demais valores sociais – se traduz na incapacidade de exigir mais da classe política, pois a dura verdade é que não entendemos patavina do que é preciso fazer para acabar com a nossa histórica modorra (o pior é que, temo bem, muitos dos políticos também “não vêem boi” dos problemas)!
Embora me obrigue a dar o benefício da dúvida, ainda estou por me render à geração de políticos do Facebook e da folha de Excel (que é como quem diz, listagem de militantes “controlados” e com quotas a pagar)… Somos dos países com mais telemóveis por habitante, o que me faz pensar que temos a noção de cosmética típica do “pato-bravismo”, mas continuo à espera de alguém que não se limite à literacia tecnológica e ao sectarismo intra-partidário, percebendo o papel da emoção e de um desígnio nacional mobilizador.
Que Cavaco Silva representará um seguro de saúde nacional, não tenho dúvidas; os tempos não estão para poesias. Porém, agarro-me à esperança de, chegada a hora, Passos Coelho conseguir duas coisas: emocionar e mobilizar os portugueses e, por outro lado, moderar o apetite dos jovens turcos que se agarraram ao seu manto.
Até esse dia fica ainda o meu cepticismo em relação àqueles que julgam poder culpar o actual Governo por tudo e mais umas botas. O problema é mais fundo e pede respostas que durem várias décadas; de preferência, antes de morrermos à mingua…
1 comentário:
O teu texto,que subscrevo,é a prova de como ás vezes a distância nos permite ver as coisas com outra clareza.
Já Salazar dizia que " ...se querem que governe de outra maneira deêm-me outro povo..." e creio que nesses conceito (sem subscrever outros conceitos do santacombadense) está a realidade de Portugal.
Já os romanos,para não ferir susceptibilidades democráticas,afirmavam que os lusitanos eram um povo que não se governanva nem deixava governar!
Tal como Salazar tinham razão.
Porque os portugueses são uma parte importante do problema de Portugal.
Solução ?
Talvez educar melhor as futuras gerações,incluindo nessa educação uma definição de prioridades que está ausente da gerações presentes.
Com o devido respeito ás excepções existentes e que,apesar de tudo,ainda são bastantes.
Valores como trabalho,disciplina,solidariedade,poupança,profissionalismo,mobilidade,iniciativa,etc deverão fazer parte desse catálogo educacional.
Sob pena de nunca mais sairmos desta vil e apagada tristeza !
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