quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Carta a Marta

Marta:

Antes de mais, não imaginas a alegria de te ver de volta.

Depois, não tens ideia da preocupação que o teu texto causa e aproveito (em nome de todos, creio) para desejar que o teu pai se ponha em forma, rapidamente.

Para pormos as coisas en su sitio, no ano passado, também eu tive um problema de saúde que pediu uma semana de hospital e devo dizer que a minha experiência nos Hospitais da Universidade de Coimbra terá sido oposta à que viveu a tua família. O atendimento, os exames e o permanente cuidado de uma equipa liderada pelo Prof. Pedro Monteiro e assistida pelo Dr. Rui Martins, entre muitos outros médicos, enfermeiros e auxiliares dedicados, pôs-me, para desgosto de alguns (poucos, felizmente), em forma para os próximos anos...

Ou seja, a mais de sorte, há que introduzir mecanismos que premeiem e avaliem a qualidade dos desempenhos, mas sem quotas estúpidas, sem compadrios e assédios imbecis e sem a mediocridade bem portuguesa que leva os de cima a temer a sombra de baixo (passo o paradoxo).

Acredita porém que a solução não é a privatização pura ou, simplesmente, o "quem pode paga". Claro que têm que ser revistos os custos! Eu podia ter pago dez vezes mais aquilo que o Serviço Nacional de Saúde me cobrou! E, para evitar justificar da maneira tradicional os "milhares de assessores" do Ministérios das Finanças, podia até ser simples: três escalões de preços, que os hospitais afeririam por mero acesso a um portal daquele Ministério, onde um filtro impediria o funcionário hospitalar de ver mais do que necessitaria.

Quanto às ideias do PSD... Seriam óptimas (não adiro ao acordo ortográfico e pronto!!!) se não se traduzissem num desinvestimento na Saúde e antes resultassem numa canalização do mesmo bolo para melhorias; isto é, acresceria ao Orçamento do Estado os montantes que os menos carenciados pagassem. Porém, sendo Portugal e tendo a (falta de) classe política que temos, não acredito, antes temendo que se verificasse o mesmo que se passou com as propinas, que passaram a maquilhar o desinvestimento no ensino superior.

Como exemplo, dou-te a África do Sul, onde o sistema público era óptimo, mas onde uma mera mudança de gestão levou a que as pessoas tenham medo de acabar num hospital público e onde quem pode paga colossais seguros de saúde, que mais não seja, para pôr um autocolante no vidro do carro, para os socorristas saberem, em caso de sinistro, que pode ir para uma clínica privada...

Aceita um abraço do teu amigo
GC

1 comentário:

Marta Rocha disse...

Obrigada meu querido! :) Fiquei sem palavras. Beijinhos para todos