Se quisermos consolar-nos, podemos buscar torpe conforto no facto de as selecções de Inglaterra, França e Itália (as duas finalistas de 2006) também terem recolhido cedo. Podemos até pensar que o facto de nos qualificarmos consecutivamente para os torneios europeus e mundiais é uma novidade no nosso historial futebolístico.
Porém, não só podemos bem com o mal dos outros, como o facto de termo tido uma década consecutiva no galarim do futebol não justifica retrocessos; ninguém gosta de andar de cavalo para burro, como sói dizer-se…
Importa afirmar que não jogámos bem. Aquando do massacre dos norte-coreanos por épicos sete a zero disse que assim como o empate com a Costa do Marfim não era justa causa de depressão, a rechonchuda vitória contra os rapazes de Kim Jong-il também não deveria alavancar orgulhos desmesurados. A Coreia do Norte tinha uma selecção muito fraca e, naquela tarde, tudo correra bem aos nossos embaixadores do “pontapé na bola”.
O jogo com o Brasil, por seu turno, foi ditado por um Brasil que assegurara previamente a qualificação e que, como veio a constatar-se, também já conheceu melhores dias.
Chegámos, assim, algo anestesiados ao embate com os espanhóis (o jogo que mais detesto perder, nem que seja num campeonato de caricas!!!) no qual, apesar de termos coleccionado algumas oportunidades no primeiro tempo, soçobrámos ao meio campo adversário, muito apoiado no tremendo Barcelona. Para tal contribuíram, em não parca medida, os equívocos de Carlos Queiroz, desde a escolha dos jogadores que seleccionou até à escandalosa e idiota substituição de Hugo Almeida, que fora, até aí, o único jogador que assustara e fixara os defesas espanhóis. Elucidativas são as palavras de Cristiano Ronaldo (também ele em “recessão técnica”), captadas por um canal televisivo do país vizinho, no qual prognostica que “assim não ganhamos, Carlos!”.
Não sendo uma autoridade na matéria, creio que Carlos Queiroz é um excelente teórico do futebol – veja-se os esquemas integrados que giza para os escalões de formação – mas tem falta de carisma e de perfil de liderança. As novas gerações – sejam ou não jogadores de futebol – cresceram num mundo mediático em que a emoção e a ambição mandam mais do que a razão, mormente em ambientes de alto índice de exposição pública e de competitividade, pelo que, mais do que professores, importa descobrir lideres. Mesmo não percebendo, digo eu, patavina de táctica, quando comparado com o “mister” português, Diego Armando Maradona empolgou a sua equipa e arrastou a sua nação, oferecendo ao Mundo futebol bem jogado e apenas tombando ante uma “Mannschaft” que fez Ângela Merkel e os adeptos de futebol saltar da cadeira, em quase todos os jogos (a Espanha tem andado longe de tamanha força de demolição).
Não explicando tudo, o sucesso passaria por uma remodelação governamental na nossa selecção (confesso que estou a imaginar os acrescentos que farão alguns leitores…). Para já, “Líder” só o atum…
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