E pronto, instalou-se a depressão colectiva e voltámos a pensar na crise, depois do trapalhão tropeção de ontem contra os “Elefantes”…
Todavia, como é recomendável para todos os que desejam comunicar e não são ilegíveis o suficiente para ganhar o Nobel da literatura, comecemos pelo início: o jogo com a Costa do Marfim foi, de facto, mal jogado, faltando criatividade e inteligência para romper a teia bem urdida por Eriksson (sem curarmos sequer de adjectivar o consulado de Queiroz, sublinho). Para quem foi ao estádio, ainda por cima, houve a novidade que terá destruído o mito africano de muitos: um frio de rachar!
Vendo bem as coisas, Itália, França e Inglaterra também começaram aos solavancos e no nosso grupo tudo continua em aberto, com a familiaridade aconchegante para nossa idiossincrasia nacional de, mais uma vez, estarmos aflitos…
Entrando nos bastidores da epopeia, todavia, a história não é tão convencional, já que ao invés do que aconteceu com outras selecções nacionais (México e Grécia, ao que se diz, e África do Sul, com toda a certeza), a nossa esquadra decidiu não se misturar livremente com a comunidade portuguesa, limitando-se a uma aparição relâmpago num jantar, em que cada degustação ficou por um pouco mais de quinhentos euros por pessoa. Soubessem os dirigentes federativos (ilibo os jogadores que, com exemplo de cima, fariam diferentemente, estou certo) o quanto os portugueses emigrados se emocionam com qualquer “aroma” do seu Portugal (houve quem se comovesse com o simples contacto com um agente da PSP…) e corariam de repúdio pela sobranceria exibida. Mas nós, a espaços e quando temos lugares proeminentes, somos assim: pequenos, narcisistas e insensíveis…
Por fim, uma palavra para os que, mesmo menos alegres, ainda se desloquem para assistir aos embates com a Coreia do Norte (a democracia preferida do jovem-idoso comunista Bernardino Soares) e, sobretudo, com o Brasil: venham, porque a África do Sul está longe do retrato pintado em Portugal e na Europa, em geral.
Um país encantador, de gente simpática (quer os locais, quer a comunidade portuguesa, que o ajudará em tudo, mesmo que o não conheça de parte alguma) e com todas as comodidades e mais algumas (das estradas aos hotéis, dos centros comerciais às telecomunicações, e por aí fora…).
Quanto ao crime – o assunto mais debatido – se é certo que, por exemplo e principalmente, Joanesburgo tem áreas pouco recomendáveis, não é menos certo que não há nada nessas zonas que recomende a sua presença (excepto a Art Gallery que, mesmo assim pode visitar-se, embora com um arrepio na espinha) e que a polícia sul-africana está a fazer um trabalho meritório, patrulhando incessantemente todas as áreas (assim o façam depois do Mundial, digo eu). Acresce que Portugal, nesta fase, joga em cidades bem mais tranquilas.
Em suma, venha sem medo e, acima de tudo, com muita fé, pois é algo de que a nossa Selecção necessita…
2 comentários:
Epá. Depois de ler o teu texto deixei de ter dúvidas, tens um futuro promissor à tua frente na área "comercial";)))
No verão (daí!) tiro a prova dos nove.
De facto, é indecente que a seleccção não aproveite o apoio dos milhares de portugueses na África do Sul e, já que não lhes deu (até à data) alegrias em campo, pelo menos dê fora dele.
Mas não, ainda ontem quando chegaram ao Cabo, em vez de agradecerem o apoio às centenas de adeptos que ali os esperavam, chegaram de cortinas corridas no autocarro e entraram pelas traseiras... ...
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