Perante a actual conjuntura da economia mundial a tenda do “alarmismo” está montada e sucedem a um ritmo alucinante cenários apocalípticos descritos por alguns economistas. E aí há aquela máxima da sabedoria popular que diz que temos de “separar o trigo do joio”.
É que os indicadores macroeconómicos estão para os economistas como um texto está para dois advogados, sobre os mesmos dados dizem coisas completamente diferentes, cada um emite o seu parecer (sem desprimor para nenhuma das áreas do saber, até porque passei parte significativa da minha vida numa Faculdade de Economia).
Isto vem a propósito de há alguns dias, na Fnac/Coimbra, ter folheado o livro de um economista espanhol, Santiago Becerra que aborda a crise de 2010. Aparte o sensacionalismo da escrita, diz este autor que a crise é sistémica e que 2010 será o fim do capitalismo tal como a "crise de 1820" terá sido o fim do "mercantilismo", identificando um conjunto de “sistemas” que tiveram um ciclo de vida de aproximadamente 250 anos/cada.
Escreve ainda que os reais impactos da crise só se sentirão a partir de 2010 e que serão profundos e duradouros, atingindo principalmente a classe média (e aqui estamos "nós" outra vez tramados, como sempre!).
Ora, não dando razão nem colocando em causa o parecer deste professor catedrático (até porque nem tenho preparação para tal!) há um conjunto de dados concretos sobre esta crise e para esses não há “Sócrates” que os consiga desmentir.
Vemos países com défices excessivos, o desemprego a galopar, crescimentos económicos pouco significativos ou mesmo negativos, períodos conturbados nos mercados financeiros, enfim, o far west onde se substitui os duelos de pistola por duelos argumentativos que colocam em causa ou o sistema económico pelo qual nos regemos (Karl Marx deve estar a dar voltas no túmulo!), ou a maior/menor incompetência dos nossos políticos. Penso que devemos abrir ambos os flancos do debate.
Pelo nosso sistema económico:
O Capitalismo é mau? – Sim.
Promove injustiças? – Sim.
Há melhor? – Pois, se há que mo digam. Se continuar a defender a propriedade privada dos meios de produção, a existência de mercados livres e a liberdade de iniciativa dos seus cidadãos, é de estudar.
Pelas nossas lideranças:
Será que estão preparadas e têm o carisma e a inspiração necessárias para os desafios de hoje? – Tenho dúvidas.
Têm a sabedoria e a visão para criar, executar e tomar as decisões necessárias? – Não o têm demonstrado.
Temos líderes carismáticos, inspiradores? – Se olharmos para a Europa, Não! Não se encontra uma liderança política de peso e ninguém que se tenha destacado nos últimos tempos. E a razão parece-me simples, todos são líderes nacionais e não europeus. Antes de olharem para a Europa como um “todo” olham primeiro para a sua “quinta”.
Por norma às crises estão sempre associados períodos de mudança. Esperemos que, como dizem os estrategas, por detrás de uma ameaça esteja uma oportunidade latente. Só temos é de nos posicionar por lá! Seja revendo a nossa organização económica – social e/ou melhorando os nossos líderes. Eu começava pela segunda.
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