segunda-feira, 19 de abril de 2010

Os doze passos de Coelho - parte II

Volto ao tema dos doze passos/trabalhos de Pedro Passos Coelho, já depois do congresso da sua consagração, que, a meu ver, mostrou já sinais bem positivos, designadamente naqueles que baptizei como 5º e 6º passos: o novo líder laranja soube constituir uma equipa equilibrada e rejuvenescida e foi conciliatório.

No meu modesto modo de ver, falta ainda:

7º Definir claramente prioridades políticas que passem por tornar a nação portuguesa instruída, culta e, logo, qualificada. Tal consegue-se com uma afinação de prioridades na Educação, com o fim da sub-orçamentação do ensino superior, com um investimento permanente na Ciência e, sobretudo, com uma aposta muito mais relevante na Cultura e na definição da sua essencialidade para a completa formação dos seres humanos.

8º - Programar com cuidado a aplicação do modelo de Estado defendido. Se é certo que o Estado Providência, que a tudo e a todos procura acudir, está relativamente esgotado, a mudança brusca para um paradigma liberal pode ser desastrosa. Digo-o não apenas por entender que é preciso um relevante lapso de tempo para vencer o costume assistencialista de cuja obrigatoriedade se convenceram as pessoas singulares e colectivas, mas também porque falta ao povo português a cultura cívica que é sine qua non para essa mudança.

9º - Cumpre, de uma vez por todas, estudar o sistema político e tomar decisões. Por exemplo: é ou não conveniente um sistema eleitoral que combine as vertentes maioritárias com as proporcionais (círculos uninominais com uma lista nacional, por outras palavras)? É que se, por um lado, a representatividade era o fito do pós-25 de Abril, por outro lado, a governabilidade (típica dos sistemas maioritários) já foi alcançada por três vezes, sem alterar o sistema. Acrescem os perigos de se entronizarem campeões do populismo, ainda que a possibilidade de responsabilizar os eleitos seja atractiva em teoria.

10º - Passos Coelho deve procurar recuperar a ideia de políticos que dêem exemplos de boas práticas. Prestigiar a política é essencial para desenvolver o País com o envolvimento de todos. O conselho de escrutínio de nomeações que propôs em sede de futura revisão constitucional parece uma boa ideia.

11º - Se as eleições presidenciais parecem ganhas, estancar o recuo autárquico do PSD é urgente, pois esse sempre foi o tabuleiro que proporcionou ao partido a sua mais fidedigna forma de contacto com os eleitores.

12º - Creio, por fim, que Passos Coelho deve almejar a maioria absoluta, não apenas em face do desgaste do Governo actual, mas sobretudo porque as mudanças que propõe dificilmente terão vencimento se o PSD, com ou sem o CDS, não tiver maioria. Ademais, esse é o remédio para a crónica instabilidade política e mediática de Portugal.

1 comentário:

luis cirilo disse...

Como seria de esperar a segunda parte está francamente bem.
Ao nivel da primeira.
E eu que sou devoto do S.Tomé (cada vez mais) e não tenho uma visão tão optimista de algumas opções,concordo que o PPC começou bem o seu mandato.
COm a sensatez e o equilibrio necesários a convencer alguns cépticos e a tranquilizar determinadas áreas sociais.
Agora falta o mais dificil,que é ganhar o país.
E aí uma das discussões que vale a pena fazer tem a ver com os sistemas eleitorais.
Legislativo e autárquico.
Pessoalmente defendo as listas uninominais e a eleição solitária do presidente da câmara.
Para trazer mais verdade ás escolhas politicas dos cidadãos.
E para aumentar a sua capacidade de avaliação do trabalho dos eleitos.