O Primeiro-Ministro, à saída do debate da moção de censura apresentada pelo CDS, reconheceu que um dos erros que cometera havia sido a fraca aposta na Cultura.
Fora o gesto consequente e asinha me soergueria para um retumbante aplauso ao nosso Premier (do fracasso da abertura de um pólo português do Museu Hermitage ao lento agonizar dos teatros nacionais). Ainda lhe daria o bónus de acrescentar que do mesmo erro padeceram os governos PSD (algo raro na última década, todavia…).
Não sei se o “nosso” Engenheiro teve o gesto para estrear o “novo Sócrates” (algo que o próprio já garantiu ser uma fantasia), se o fez para cativar os agentes culturais, perdidos que parecem estar os votos da maioria dos professores (dois sectores que os mitos urbanos, regra geral, associam à esquerda) ou se acredita mesmo que é necessário investir mais num sector estratégico.
Respeitando a presunção de boa fé devida a um político democraticamente eleito, sugiro, desde já, o primeiro investimento sério na Cultura: escolher um Ministro que “exista”, que tenha uma visão que se conheça para a dita e que seja capaz de mobilizar mais do que meia dúzia de elegantes e engravatados juristas.
Depois, acalento a esperança de que, efectivamente, a promessa não derive de intenções eleitoralistas. Espero que o Primeiro-Ministro esteja realmente cônscio da importância da aposta prometida, pois trata-se, a par com a Educação, da mais segura (e, quiçá, única) via para defender a identidade de um país pequeno como Portugal.
Não tendo nós uma força económica privada forte e sensibilizada para o investimento na Cultura que nos permita sermos exportadores bem sucedidos de produtos culturais que se identifiquem, de imediato, com a nossa língua e o modo de ser português (tirando alguns casos bem sucedidos, como Paula Rego, Manoel de Oliveira e José Saramago), só uma forte aposta estatal poderá, com critérios que a não desliguem do mérito e da democratização da fruição cultural, impor a nossa presença no mundo da criação cultural (algo que o Brasil já começou a fazer com alguns resultados).
Esta aposta é tanto mais crucial quanto mais se aprofundam a integração europeia e a globalização, com o que isso traz de avanço da cultura anglo-saxónica e de esbatimento das formas tradicionais de defesa da independência e da identidade nacionais (designadamente, as opções militares; já não é sequer em Vilar Formoso que se defende militarmente a identidade portuguesa, que este em jogo em Timor-Leste e no Afeganistão).
Sendo o reconhecimento do socrático lapso como o código postal – “é meio caminho andado” – resta desejar que dele seja tomada boa nota pelo autor da contrição ou pela Presidente do PSD, caso venha a suceder-lhe. Portugal não aguenta muitos mais anos com erros destes…
Fora o gesto consequente e asinha me soergueria para um retumbante aplauso ao nosso Premier (do fracasso da abertura de um pólo português do Museu Hermitage ao lento agonizar dos teatros nacionais). Ainda lhe daria o bónus de acrescentar que do mesmo erro padeceram os governos PSD (algo raro na última década, todavia…).
Não sei se o “nosso” Engenheiro teve o gesto para estrear o “novo Sócrates” (algo que o próprio já garantiu ser uma fantasia), se o fez para cativar os agentes culturais, perdidos que parecem estar os votos da maioria dos professores (dois sectores que os mitos urbanos, regra geral, associam à esquerda) ou se acredita mesmo que é necessário investir mais num sector estratégico.
Respeitando a presunção de boa fé devida a um político democraticamente eleito, sugiro, desde já, o primeiro investimento sério na Cultura: escolher um Ministro que “exista”, que tenha uma visão que se conheça para a dita e que seja capaz de mobilizar mais do que meia dúzia de elegantes e engravatados juristas.
Depois, acalento a esperança de que, efectivamente, a promessa não derive de intenções eleitoralistas. Espero que o Primeiro-Ministro esteja realmente cônscio da importância da aposta prometida, pois trata-se, a par com a Educação, da mais segura (e, quiçá, única) via para defender a identidade de um país pequeno como Portugal.
Não tendo nós uma força económica privada forte e sensibilizada para o investimento na Cultura que nos permita sermos exportadores bem sucedidos de produtos culturais que se identifiquem, de imediato, com a nossa língua e o modo de ser português (tirando alguns casos bem sucedidos, como Paula Rego, Manoel de Oliveira e José Saramago), só uma forte aposta estatal poderá, com critérios que a não desliguem do mérito e da democratização da fruição cultural, impor a nossa presença no mundo da criação cultural (algo que o Brasil já começou a fazer com alguns resultados).
Esta aposta é tanto mais crucial quanto mais se aprofundam a integração europeia e a globalização, com o que isso traz de avanço da cultura anglo-saxónica e de esbatimento das formas tradicionais de defesa da independência e da identidade nacionais (designadamente, as opções militares; já não é sequer em Vilar Formoso que se defende militarmente a identidade portuguesa, que este em jogo em Timor-Leste e no Afeganistão).
Sendo o reconhecimento do socrático lapso como o código postal – “é meio caminho andado” – resta desejar que dele seja tomada boa nota pelo autor da contrição ou pela Presidente do PSD, caso venha a suceder-lhe. Portugal não aguenta muitos mais anos com erros destes…
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