segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Palpites II

Decididamente, os partidos portugueses são pouco mais que lixo, na opinião dos 27 amigos que quiseram participar na segunda sondagem do Lodo.

De facto, é curioso ver as respostas às hipóteses que facultámos para definir a missão actual dos partidos portugueses:

Mudar Portugal - 3% (1 voto)

Carreira - 18% (5 votos)

Fortuna - 7% (2 votos)

Fama - 3% (1 voto)

Nada - 25% (7 votos)

Todas - 40% (11 votos)

Vendo bem, apenas um votante achou que os nossos partidos fazem o que devia ser a sua essência: transformar o País à luz de um ideal social.

Bem sei que se não trata de uma sondagem rigorosa. Contudo, também sei que não andará muito longe do que pensam os portugueses sobre o actual sistema partidário.

Existindo, de facto, os que se acham extremamente atraentes, pelos simples facto de terem sido eleitos (mesmo que ninguém os conheça e que continuem a ser as mesmas abantesmas de sempre), os que conseguem (ou não) dissimular estranhos enriquecimentos (por cá ou por lá...) e os que levam uma vida de xadrez partidário para serem reeleitos, sem fazerem algo de útil, entendo que a mais equilibrada visão do nosso espectro partidário é a que vê um pouco de tudo isto nos nossos partidos.

Se, em tempos, defendi as eleições directas para escolha dos líderes partidários, pelo princípio subjacente, é altura de um sentido mea culpa... Efectivamente, o resultado prático (falo pelo que observo no PSD) foi o de, retirado o cariz decisivo aos congressos, liquidar os tribunos e os que têm uma vida profissional fora da política. Com excepção dos que se "consagraram" a tempo, mandam hoje os caciques e os chefes de facção, a quem devem prestar vassalagem os que desejam ser escolhidos. Nem mesmo o mais carismático ou prezado dos presidentes pode deixar de celebrar acordos com estes "senhores tribais", quando há eleições internas.

O dano advém da rara coincidência entre quem comanda batalhões de filiados e quem entende fulcral para o desenvolvimento de uma pátria o pensamento sistemático e a formulação de um ideal. É possível ganhar sem um verdadeiro programa e governar ao sabor da impreparação doutrinal, algo que mais se agrava quando se observa que mesmo os mais preparados têm medo de fazer promessas de percurso, dada a incerteza hodierna do mundo globalizado.

Sendo que quando se avança na estrada da democracia directa raramente há passo atrás, julgo urgente que os partidos optem pela auto-crítica e voltem (?!) a premiar o mérito. Caso contrário, creio que esta tendência vexatória alastrará até à ruptura.

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